Moro desafia Bolsonaro e Lula com hashtag “#AbreAsContasBolsolula”
Em live, o ex-juiz da Lava Jato provocou o presidente a revelar valor das “rachadinhas” e petista a falar sobre palestras e sítio de Atibaia
atualizado
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Após divulgar o salário que recebeu por um ano de trabalho na consultoria Alvarez & Marsal, nos Estados Unidos, de R$ 241,65 mil mensais, o ex-juiz Sergio Moro (Podemos) cobrou de seus adversários políticos, Jair Bolsonaro (PL) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a também “abrir suas contas”. Durante live, realizada nesta sexta-feira (28/1), com o deputado federal Kim Kataguiri (DEM-SP), Moro lançou a campanha #abreascontasbolsolula.
Veja desafio lançado também no Twitter:
Está lançado o desafio. Uma nova forma de fazer política está na mesa. Vai abrir as contas dos gabinetes e da rachadinha, Bolsonaro? E você, Lula? Vai abrir as contas das suas palestras e do sítio de Atibaia? #AbreAsContasBolsolula pic.twitter.com/sNYhPUqM1k
— Sergio Moro (@SF_Moro) January 28, 2022
Após revelar o quanto ganhou na consultoria norte-americana, o que é investigados pelo Tribunal de Contas da União (TCU), Moro provocou os adversários: “O Lula podia esclarecer as palestras, reformas nos sítios. O Bolsonaro podia abrir as contas do gabinete parlamentar dele, do filho dele, do Queiroz. Falar sobre as rachadinhas”, disse durante a live.
“Eu vim aqui abrir minhas contas. Vamos ver se o Bolsonaro abre as contas dele. Sobre aqueles cheques, que não são da esposa dele. Saber quem rachou dinheiro da família Bolsonaro. Vamos ter contas abertas para todo mundo”, ressaltou o ex-juiz.
Na live, o ex-juiz bolsonarista ainda procurou explicar porque deixou os EUA: “A gente não pode deixar esse país na mão de Lula e Bolsonaro. A gente tem que fazer algo diferente. Resolvi voltar para o Brasil para encarar essa luta”.
Recebimentos
Segundo disse na entrevista, Moro recebia mensalmente da empresa, entre 2020 e 2021, US$ 45 mil, o equivalente a R$ 241,65 mil. Com o desconto dos impostos, ele alegou que recebia U$S 24 mil por mês – ou R$ 128,8 mil.
Ou seja, em um ano, pelo serviço prestado, Moro recebeu R$ 2,8 milhões brutos, além de bônus equivalente a R$ 805,5 mil. Isso significa que Moro recebeu R$ 3,7 milhões da empresa.
Segundo ele, sua atuação foi em uma área da consultoria que não cuidava de recuperações judiciais, onde estão os clientes que foram alvo da Lava Jato. Esse segmento da consultoria triam outro CNPJ, mas pertence aos mesmos donos de toda a empresa.
“Eu nunca trabalhei para a Odebrechet. Ao contrário, eu desmantelei um esquema de corrupção na empresa. Depois que eu sai do Ministério da Justiça, trabalhei na empresa prestando serviço de compliance. Jamais recebi um tostão da Odebrecht. A Alvarez & Marsal tem unidades diferentes, fui para a área de disputas e investigações”, disse na live, realizada nesta sexta-feira (28/1).
Investigação
Devido aos serviços prestados, Sergio Moro está na mira do Tribunal de Contas da União (TCU). A Corte Contas investiga se Moro cometeu irregularidades durante o período. A consultoria recebeu 78% de seus honorários de empresas que foram alvo da Lava Jato, operação que Moro comandava quando era juiz.
Dos R$ 83,5 milhões auferidos pela Alvarez em processos de recuperação judicial e falência, R$ 65,1 milhões vieram de firmas investigadas na operação. Moro alegou, no entanto, que atuou na área de disputas e investigações da Alvarez, um braço distinto da consultoria, com outro CNPJ e sem relação com o de recuperação judicial.
“Quando eu entrei na Alvarez e Marçal, pedi uma cláusula no contrato que não prestaria nenhum serviço para cliente que pudesse criar conflito com minha atuação como juiz. Eu pedi e a empresa colocou a cláusula. Está no meu contrato. Meu foco não era trabalhar no Brasil. Não enriqueci. Fui trabalhar lá e recebi um bom salário”, disse.
A Alvarez ainda não informou ao TCU quanto pagou de salário a Moro. Na última terça-feira (25/1), o subprocurador-geral Rocha Furtado reforçou o pedido à empresa.