Moraes sobre explosões no STF: “O que ocorreu não é um fato isolado”
O ministro do STF Alexandre de Moraes, nesta quinta-feira (14/11), se pronunciou sobre os ataques na Praça dos Três Poderes
atualizado
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O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes comentou, nesta quinta-feira (14/11), sobre as explosões ocorridas na Praça dos Três Poderes, em Brasília. Um homem e um carro explodiram nas proximidades do prédio do STF e no estacionamento do Anexo IV da Câmara dos Deputados, respectivamente.
Moraes afirmou que “o que ocorreu ontem não é um fato isolado, pois faz parte de um contexto que se mistura lá atrás com o gabinete do ódio”.
Como adiantou o Metrópoles, na coluna de Paulo Cappelli, delegados da cúpula da Polícia Federal informaram que Moraes será o relator do processo que investigará as circunstâncias dos explosivos detonados nas cercanias do Supremo e da Câmara dos Deputados. Isso porque, na avaliação desses integrantes da PF, o caso tem relação direta com o chamado “inquérito dos Atos Antidemocráticos”.
“Isso é crime, isso não é liberdade de expressão. Isso em nenhum lugar do mundo é liberdade de expressão, é crime. O Ministério Público já ofereceu mais de 600 mil denúncias. É necessário que as autoridades se unam na defesa constante da democracia e na responsabilização total de todos que atentam contra a democracia”, destacou o ministro.
Alexandre de Moraes ressaltou que esse é o maior atentado da história do STF desde o 8 de janeiro de 2023, quando as sedes dos Três Poderes foram invadidas e depredadas por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) que não aceitaram o resultado da eleição de 2022.
“As pessoas foram instigadas por muitos com altos cargos na República, instigadas a agredir e atacar a tal ponto que hoje utilizam bombas. Seria impossível ignorar o que aconteceu ontem, pois, tirando o 8/1, esse foi o atentado mais grave contra o STF”, reforçou o ministro do STF.
Ele lembrou que a Polícia Federal investiga o caso como atentado terrorista e que os autos estão com o presidente da Corte, Luís Roberto Barroso.
“A PF vai analisar. Os autos estão com o presidente do Supremo Tribunal Federal. Mas queira Deus que seja um ato isolado. É necessário que nós todos, do Poder Judiciário, Ministério Público, autoridades policiais e políticas, se unam na defesa da democracia”, ressaltou Moraes.
Segundo o ministro, esse evento ressalta a necessidade de regulamentar as redes sociais.
“O mundo todo está regulamentando as redes sociais e, também, precisamos para que, com isso, possamos pacificar o país, voltar à normalidade, sem criminosos que atentem contra a democracia. Desculpe essa introdução, mas é impossível ignorar o que aconteceu ontem. É o atentado mais grave que aconteceu no Supremo Tribunal Federal”, concluiu Moraes.
O que se sabe até o momento
A Praça dos Três Poderes foi alvo de ataques na noite dessa quarta, quando um homem e um carro explodiram nas proximidades do prédio do STF e no estacionamento do Anexo IV da Câmara dos Deputados, respectivamente.
Os ministros do Supremo foram retirados às pressas do prédio da Corte, e a Praça dos Três Poderes precisou ser isolada por risco de novas explosões. Os palácios do Planalto, Alvorada e Jaburu tiveram reforço na segurança.
A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) fez perícia no local. Em nota, a Polícia Federal informou que um inquérito policial será instaurado para investigar os ataques como atentado terrorista.
Nesta quinta, forças de segurança farão uma varredura no Congresso. Não haverá expediente no Senado Federal e na Câmara dos Deputados.
Após o episódio, o Supremo anunciou que vai retomar o uso de grades ao redor da Corte. Os prédios do STF também passarão por uma varredura completa para verificação de eventuais artefatos.
Quem era o dono do carro
O carro que explodiu, de modelo Kia Shuma, estava carregado com fogos de artifício. O proprietário do automóvel é Francisco Wanderley Luiz, de 59 anos. Chaveiro de profissão, foi candidato a vereador pelo Partido Liberal (PL), em 2020, por Rio do Sul (SC). Ele é o homem que se explodiu e morreu diante do STF.
Francisco é conhecido na cidade, entre amigos e familiares, como Tiü França. Nas redes sociais, ele fez publicações em referência às explosões que ocorreram nesta quarta.
Com prints de mensagens enviadas para ele mesmo, via WhatsApp, Francisco publicou, no início da noite, o que parecia ser um anúncio do que estava por vir. “Vamos jogar??? Polícia Federal, vocês têm 72 horas para desarmar a bomba que está na casa dos comunistas de merda”, revelou um dos textos.
Em tom de ameaça, outro print diz: “Cuidado ao abrir gavetas, armários, estantes, depósito de materiais etc.”. E prosseguiu, indicando o suposto horário de início das explosões: “Início: 17h48 do dia 13/11/2024. O jogo acaba dia 16/11/2024. Boa sorte!”.
Também nas redes sociais, Francisco explicou o porquê de a data escolhida para o ataque: “Eu não gosto do número 13”.