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- Foto: Igo Estrela/Metrópoles
Brumadinho (MG) – Quase duas semanas após o rompimento da Barragem I da Mina do Córrego do Feijão, moradores de Brumadinho (MG) que ainda vivem no entorno da região afetada convivem diariamente com o medo e a incerteza. Dois dias após o desastre, sirenes foram acionadas e houve risco de rompimento de uma nova estrutura da mineradora Vale: desta vez, em vez de rejeitos de mineração, a barragem continha água.
Algumas famílias chegaram a ser evacuadas, mas outras insistem em ficar no local. Não têm para onde ir. Aqueles que permanecem no município-sede da tragédia dizem ter medo dia e noite, e perder o sono, mas alegam não terem condições de deixar suas casas.
A vizinhança foi totalmente alterada. O que era um pacato vilarejo, hoje mais parece um cenário de guerra. Há militares, helicópteros e bombeiros por todos os lados, e a lama agora margeia o que restou do lugar. “Eu espero que o risco tenha passado mesmo, porque vou correr para onde? Tenho muito medo. Aconteceu uma vez, né?”, pontua Vicente Antunes de Oliveira, de 54 anos. Ele e a mulher vivem a poucos metros da zona afetada pelo “mar de lama”. “Tem gente que perdeu a família. Temos que ter medo. Quem não tem medo de morrer? Ainda mais debaixo de água e lama”, ressalta.
Vicente conta que chegou a ser orientado a sair de casa, mas que não tem para onde ir. Ele mora ali há muitos anos e decidiu permanecer, assim como vários vizinhos e o seu filho, que mora em casa ao lado. Ele denuncia a falta de apoio à comunidade: segundo diz, apenas os bombeiros foram até o local para informar a situação, falar sobre riscos e oferecer alguma ajuda.
A Vale é a culpada e não temos apoio. Eu não posso sair daqui, a maioria dos meus vizinhos nem carro tem, não tem nada, sabe
Vicente Antunes de Oliveira, 54 anos, morador da comunidade do Córrego do Feijão
Vicente afirma que, antes mesmo do rompimento da barragem, ele já se sentia inseguro por ter uma área de mineração nas cercanias de sua casa. O medo se dava, principalmente, porque a própria Vale já havia alertado os moradores sobre providências a serem adotadas em caso de um “acidente”.
“Eu sempre tive medo. Às vezes penso que, já que isso sempre foi uma possibilidade real, eles tinham que ter retirado a gente daqui antes de a barragem estourar. Aqui é cheio de gente. Será que não deveriam ter desativado aqui, comprado outro lote para a gente?”, destaca Vicente.
Apesar do medo, por gostar muito do lugar onde vive, ele nunca teve vontade de mudar de endereço. Contudo, afirma: se imaginasse tudo o que viria após a represa estourar, teria preferido uma outra casa, e construído outra história.
Veja imagens da tragédia:
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Bombeiros contam com o apoio de cajados para vasculharem a lama tóxica em busca de sobreviventes e corpos
Igo Estrela/Metrópoles
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Bombeiros trabalham na busca das vítimas
CADU ROLIM/FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚDO
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A lama arrastou árvores e tomou conta da região
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Equipe de resgate voluntária tenta salvar uma vaca presa no lamaçal de rejeitos de ferro desde a sexta-feira (25/1), quando a barragem da mineradora Vale se rompeu, devastando e destruindo tudo por onde passou. Pela dificuldade da remoção, o animal teve de ser sacrificado
WILTON JUNIOR/ESTADÃO CONTEÚDO
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Bombeiros fazem busca na área da Pousada Nova Estância, soterrada pela avalanche de lama
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Além de socorristas do município e de todo o estado de Minas Gerais, o Rio de Janeiro e outros estados mandaram reforços. Tragédia mobilizou o país e entidades em todo o mundo, como OIT e OEA
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7 de 105Igo Estrela/Metrópoles
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Israelenses levaram equipamentos para a região e contribuíram no resgate de sobreviventes e dos corpos das vítimas
FDI/Divulgação
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Equipes de resgate tiveram reforço nos últimos dias
ALEX DE JESUS/O TEMPO/ESTADÃO CONTEÚDO
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Peritos trabalham na identificação dos mortos
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Antônio Carlos tentou entrar em Brumadinho (MG), mas foi impedido pela PM
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No domingo (27/1), houve uma ordem de evacuação do município, revogada depois: medo de rompimento de uma outra barragem
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Meio ambiente foi afetado
CADU ROLIM/FOTO ARENA/ESTADÃO CONTEÚDO
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Os bombeiros militares utilizaram helicópteros para auxiliar no resgate
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Helicópteros sobrevoam a área atingida, em busca de vítimas
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Carro foi arrastado pela lama
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Trabalho de resgate é detalhado: quanto mais demora, menores as chances de sobreviventes serem encontrados
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Jair caminha há três dias em busca do irmão
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Corpo é levado para centro de triagem e identificação
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Bombeiros do município e do estado estão concentrados na busca de sobreviventes e no resgate de corpos
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Gado tem sido encontrado nas áreas de buscas. Veterinários tentam dar suporte
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Quando possível, equipes de resgate também salvam animais
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Prioridade é achar sobreviventes, o que fica mais difícil com o passar das horas
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Além de retirar galhos, é preciso serrar latarias de veículos encontrados
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Trabalho de resgate é feito na lama
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Bombeiros trabalham na lama, em busca de sobreviventes e corpos
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Bombeiros retiram grandes pedaços de madeira e serragem para chegar a corpos
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Trabalho na tarde de segunda (28/1) se concentrou em área onde foi encontrado outro ônibus da Vale soterrado
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Bombeiros tentam içar da lama corpos de vítimas em Brumadinho
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Centenas de bombeiros atuam na região
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Central de comando montada pelos bombeiros na Igreja Nossa Senhora das Dores
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Balanço da segunda (28/1) à noite foi de 81 mortos e 271 desaparecidos. Número de resgatados com vida permanece estável desde a noite de sábado (26): são 192
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33 de 105Wilson Junior/Estadão Conteúdo
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Bombeiros em sala de monitoramento montada em Brumadinho: equipes dos governos municipal, estadual e federal integradas no trabalho de resgate
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Segundo bombeiros, demora em resgate diminui chances de encontrar sobreviventes
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Bombeiro trabalha no resgate de corpo em Brumadinho
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Helicóptero sobrevoa área da tragédia: pressa em encontrar sobreviventes
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Peritos tentam identificar corpos resgatados: 19 de 81 mortos tiveram as identidades confirmadas entre sexta (25/1) e segunda-feira (28)
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Corpo é resgatado em Brumadinho
Igo Estrela/Metrópoles
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Corpo é transportado por helicóptero dos bombeiros em Brumadinho
Igo Estrela/Metrópoles
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Policiais civis e peritos trabalham na identificação dos corpos em Brumadinho
Igo Estrela/Metrópoles
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Segundo bombeiros, demora em resgate diminui a chance de encontrar sobreviventes em Brumadinho
Igo Estrela/Metrópoles
43 de 105Divulgação/Corpo de Bombeiros
44 de 105Igo Estrela/Metrópoles
45 de 105WILTON JUNIOR/ESTADÃO CONTEÚDO/Foto Ilustrativa
46 de 105Reprodução/TV Globo
47 de 105Isac Nóbrega/PR
48 de 105Divulgação/Corpo de Bombeiros
49 de 105MOISéS SILVA/O TEMPO/ESTADÃO CONTEÚDO
50 de 105REPDOUÇÃO/CORPO DE BOMBEIROS
51 de 105MOISÉS SILVA/O TEMPO/ESTADÃO CONTEÚDO
53 de 105UARLEN VALéRIO/O TEMPO/ESTADÃO CONTEÚDO
54 de 105UARLEN VALéRIO/O TEMPO/ESTADÃO CONTEÚDO
55 de 105MOISéS SILVA/O TEMPO/ESTADÃO CONTEÚDO
56 de 105FERNANDO MORENO/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO
57 de 105CHRISTYAM DE LIMA/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO
58 de 105RODNEY COSTA/ELEVEN/ESTADÃO CONTEÚDO
59 de 105UARLEN VALéRIO/O TEMPO/ESTADÃO CONTEÚDO
60 de 105UARLEN VALÉRIO/O TEMPO/ESTADÃO CONTEÚDO
61 de 105FERNANDO MORENO/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO
62 de 105MOISéS SILVA/O TEMPO/ESTADÃO CONTEÚDO
63 de 105UARLEN VALéRIO/O TEMPO/ESTADÃO CONTEÚDO
64 de 105Igo Estrela/Metrópoles
65 de 105Igo Estrela/Metrópoles
66 de 105Igo Estrela/Metrópoles
67 de 105Isac Nóbrega/PR
68 de 105MOISéS SILVA/O TEMPO/ESTADÃO CONTEÚDO
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71 de 105Divulgação/Corpo de Bombeiros
72 de 105WILTON JUNIOR/ESTADÃO CONTEÚDO
73 de 105WILTON JUNIOR/ESTADÃO CONTEÚDO
74 de 105WILTON JUNIOR/ESTADÃO CONTEÚDO
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Equipes da Defesa Civil e do Corpo de Bombeiros trabalham no resgate. Peritos do Instituto Médico Legal (IML) atuam na identificação das vítimas: 19 dos 81 mortos foram identificados até segunda-feira (28/1)
MOURÃO PANDA/O FOTOGRÁFICO/ESTADÃO CONTEÚDO
76 de 105Reprodução/TV Globo
77 de 105WILTON JUNIOR/ESTADÃO CONTEÚDO
78 de 105Mirelle Pinheiro/Metrópoles
79 de 105Igo Estrela/Metrópoles
80 de 105Igo Estrela/Metrópoles
81 de 105Material cedido ao Metrópoles
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83 de 105Divulgação/Ministério do Interior de Israel
84 de 105ALEX DE JESUS/O TEMPO/ESTADÃO CONTEÚDO
85 de 105Igo Estrela/Metrópoles
86 de 105FELIPE CORREIA/AGÊNCIA O DIA/ESTADÃO CONTEÚDO
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Rompimento barragem de Brumadinho(2019)
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Desde que a Vale começou a pagar as indenizações, a PCMG identificou 10 estelionatos consumados e três tentativas
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Rompimento da barragem da Mina Córrego do Feijão
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Os rejeitos atingiram a área administrativa da Vale, uma pousada e comunidades que moravam perto da estrutura
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Escavadeira trabalha no lamaçal
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Passados mais de três meses desde a tragédia, os trabalhos das equipes do Corpo de Bombeiros continuam na região
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Equipes do DF também foram para Minas Gerais
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Bombeiros e voluntários em Brumadinho
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O número de vítimas passou de 220
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Helicóptero sobrevoa local da tragédia
Bárbara Ferreira/Especial para o Metrópoles
Auxílio A Vale já iniciou o cadastramento dos atingidos e suas contas bancárias para realizar o pagamento de doação. Terão direito tanto os familiares dos mortos e de desaparecidos quanto quem perdeu a casa ou o emprego.
Aos poucos, as pessoas estão conseguindo se cadastrar e reivindicar o apoio que Vicente tanto clama, mas até essa quinta-feira (7/2) não houve pagamento efetivo para os atingidos. Negociações com a Vale para acelerar as indenizações também estão em andamento, intermediadas por órgãos do governo, como os ministérios públicos estadual e federal, além das defensorias públicas do estado e da União.