Morador relata ação da PM no RJ: “Gente degolada. Vieram para matar”
Parente de morto em confronto do Complexo do Salgueiro, em São Gonçalo, relata sinais de execução nos corpos localizados em mangue da região
atualizado
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Rio de Janeiro. Os moradores do Complexo do Salgueiro, em São Gonçalo, que contabilizam os mortos decorrentes de uma ação policial na região, relataram ao Metrópoles os sinais de execução nos corpos já localizados. Até 11h da manhã desta segunda-feira (22/11), moradores localizaram ao menos oito corpos em uma área de mangue, por onde passaram os agentes do Bope (Batalhão de Operações Especiais).
Um morador ouvido pelo Metrópoles descreveu os sinais de violência constatados nos corpos encontrados até agora: “Tem gente torturada, gente esfaqueada, sem dedo. Tem gente degolada. Não vieram pra prender ninguém, vieram pra matar. E foi isso que eles fizeram. Eles mataram”.
O morador estima haver outros desaparecidos nas últimas horas. “Tem mais uns 15 desaparecidos. Tem muitos desaparecidos.”
“Eles (os policiais) pegaram o meu primo dentro de casa. Levaram ele. E aí foi encontrado hoje dentro do mangue. O corpo dele foi retirado pelos moradores”, diz o parente de um dos mortos ao Metrópoles, na área da comunidade onde os corpos estão reunidos, cobertos por lençóis.
Operação do Bope
No último sábado (20/11), um policial foi morto na região do Salgueiro durante um patrulhamento. Na sequência, o Batalhão de Operações Especiais (Bope) da PM do Rio foi chamado ao local para fazer uma busca pelos responsáveis pelo assassinato.
A Polícia Militar do Rio confirmou que, após a morte do policial, uma equipe do Bope seguiu para um trecho do Morro do Salgueiro, onde, segundo informações recebidas pela PM, estaria um dos responsáveis pela ação.
Segundo a PM, os agentes do Bope foram recebidos a tiros e houve confronto em uma área de mangue da região. A corporação divulgou a apreensão de duas pistolas, 14 munições calibre 9 mm, 56 munições de fuzil calibre 762, cinco carregadores (02 para fuzil e 03 para pistola), um uniforme camuflado, 813 tabletes de maconha, 3.734 sacolés de pó branco e 3.760 sacolés de material semelhante a crack.
A corporação ainda não se pronunciou sobre os sinais de violência relatados pelos moradores da região.