Modelo de SP fatura até R$ 100 mil por mês com fotos para comércio do Brás
Paloma Sanchez, 29, diz que chega a embolsar “seis dígitos por mês” e tem casas nos bairros dos Jardins e na Mooca como cenário dos cliques
atualizado
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São Paulo – A modelo Paloma Sanchez, 29 anos, é bastante requisitada por lojistas do Brás, região tradicional de comércio de vestuário no centro de São Paulo. Eles confiam à moça a responsabilidade de produzir looks e fotos para atrair os consumidores ao local, conhecido pelos preços populares.
A profissional conta já ter posado com peças de mais de 300 marcas do pedaço, sendo 100 delas parceiras frequentes. As principais contratantes são as etiquetas Mulher Glamourosa, Xeiro de Xiclete Shoes e Loja Gata Bella.
Paloma calcula posar diariamente, em média, para 10 a 15 marcas. O clique de uma combinação de roupas na moça custa na faixa de R$ 50, dependendo da negociação.
Um dia de trabalho da morena pode render de R$ 2 a R$ 5 mil, seja com cliques de peças individuais, campanhas maiores (sua diária para um marca só parte de R$ 2.500), vídeos, posts para o Instagram como influenciadora (um Story vale R$ 200 reais e uma foto no Feed, R$ 300) ou mesmo fotos mais elaboradas com cenários de outras cidades, caso do Rio de Janeiro. “Ainda estou em ascensão. Os valores mudam constantemente”, afirma ela, que ganha muito devido à quantidade de trabalhos.
Os comerciantes do bairro do Brás são especialistas em lançar, com rapidez e preços em conta, o que está na moda. Desse bairro repleto de espaços de rua, shoppings e barraquinhas informais de roupas e acessórios, saem peças para todo o Brasil – lojistas de diversas cidades de São Paulo e de outros estados madrugam por lá para construírem seus estoques. Ali, ocorre a chamada Feirinha da Madrugada, que começa às 2h e fica lotada de pessoas que chegam em ônibus de excursão.
“Quem vê close não vê corre”
Paloma usa muito a frase “quem vê close não vê corre”. Nas fotos do feed do Instagram, rede na qual conta com 110 mil seguidores, aparece posando com visual arrumado, maquiada e em cenários caprichados. Nos vídeos dos Stories, mostra os bastidores pouco glamorosos dos ensaios fotográficos que ocorrem nas ruas de bairros de São Paulo, como Jardins e Mooca.
“Não trabalho sozinha. Tenho minha assessoria que faz atendimento e retira e passa os looks. Eu levo a produção no carro junto com meus acessórios, brincos e sapatos e vou para a luta na rua”, relata.
Modelo e empresária
O fotógrafo da moça é Dênis Carvalho, 37, também seu marido e sócio. A equipe de Paloma inclui seis profissionais dedicados à assessoria, às mídias sociais, ao administrativo e aos serviços gerais.
Quando o assunto é “close financeiro”, a modelo prefere não ficar muito em destaque. “Eu dou uma estimativa, porque ainda não temos muito controle, mas ganho em torno de seis dígitos por mês. Como eu moro no próprio Brás, prefiro não expor essa parte”, diz.
Nascida em Diadema, a empresária chegou ao bairro central como lojista, mas o trabalho para as redes sociais de seu comércio fez com que outros colegas a contratassem como modelo. Assim, há cinco anos, atua apenas posando, produzindo e divulgando os cliques. Os ganhos já lhe permitem investir em outras áreas, como o ramo imobiliário e em confecções.
Ensaios nas ruas
A maioria dos ensaios fotográficos de Paloma não rolam na correria do Brás (a moça pouco circula por lá, na verdade), mas nas ruas de bairros como Jardins e Mooca. “São regiões mais nobres de São Paulo que oferecem paisagens bonitas, cenários e liberdade, porque passam poucos carros e conseguimos nos locomover mais facilmente e ter mais segurança“, afirma.
“Procuramos fachadas modernas e claras, que tragam um ambiente ‘clean’ para destacar o look do cliente”, explica. A troca de roupas acontece de maneira improvisada, em uma barraca de camping. Nos dias mais corridos, não dá para contar nem com a “cabaninha”, como ela relata: uma roupa é colocada por cima da outra, com a ajuda de um assistente.
“São muitas, muitas dificuldades. Já chamaram a polícia, morador já veio para cima brigar, já jogaram água”, conta. “Quando os vizinhos pedem, a gente se retira. Explicamos que não existe lei contra fotografar na calçada, tanto é que os policiais aparecem e acabam indo embora porque não há o que fazer. A arte é livre e não pode ser barrada.”
Outro apuro das calçadas é o assédio masculino. “O desrespeito das pessoas na rua mesmo, dos homens que mexem a todo instante, ficam tentando fotografar, incomoda bastante. Mas quem é mulher entende bem isso e consegue mentalmente sair desse perrengue”, relata.
“Fashion trips” e clientes
Em janeiro deste ano, a empresária começou a oferecer um diferencial para a sua clientela, as chamadas “fashion trips”. Até agora, foram 12 ensaios fotográficos no Rio de Janeiro.
“A gente faz uma junção de peças de várias marcas e leva para a viagem. Isso permite que etiquetas menores do Brás consigam notoriedade nas fotos e no Instagram deles, com um preço acessível, já que fechamos um grupo de clientes com menos peças, indo para um lugar mais luxuoso. Estamos com expectativa de ano que vem ir para outro país”, adianta.
Aline Ortiz, 31 anos, dona da Xeiro de Xiclete, que tem três lojas de roupas, calçados e moda praia, conta que recentemente contratou Paloma para fotografar 70 pares de sapatos para a inauguração de uma nova unidade no Brás. A empresária divulga as fotos e os vídeos no Instagram, TikTok e WhatsApp, em uma lista de distribuição que reúne clientes que também são lojistas.
“Tem que saber colocar a peça, dar uma arrumadinha e, se precisar, fazer uma dobradinha para o lado, segurar com a mão. Tudo tem um truque, porque não é só bater a foto. Eles são bem profissionais com isso, sai tudo perfeito”, elogia Aline.