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Ministros vão visitar área indígena onde Bruno e Dom foram mortos

Segundo maior território indígena do país, no Amazonas, também sofre com atividades ilícitas como garimpo, pesca e caça ilegais

atualizado

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Divulgação/Polícia Federal
Imagem colorida mostra busca dos corpos de Dom Phillips e Bruno Pereira em terra indígena do Vale do Javari - Metrópoles
1 de 1 Imagem colorida mostra busca dos corpos de Dom Phillips e Bruno Pereira em terra indígena do Vale do Javari - Metrópoles - Foto: Divulgação/Polícia Federal

Representantes da União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja) informaram, nesta quinta-feira (16/2), que ministros do primeiro escalão do governo Lula (PT) aceitaram o convite para uma visita, ainda neste mês, ao território indígena no Amazonas. Lá, o indigenista Bruno Pereira e o jornalista Dom Phillips foram assassinados há oito meses.

De acordo com a organização, a visita ocorrerá em 27 de fevereiro, data marcada para uma megaoperação das forças de segurança com o objetivo de coibir atividades criminosas no território.

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Contudo, nesse percurso, os dois desapareceram. As equipes de vigilância indígena da União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja) fizeram as primeiras buscas, sem resultados
No dia seguinte, a Univaja emitiu comunicado informando, oficialmente, o sumiço dos homens. Em seguida, equipes da Marinha, Polícia Federal, Ministério Público Federal e do Exército foram mobilizadas e deram início a uma operação de busca
Em 8 de maio, a força-tarefa efetuou a prisão do primeiro suspeito pelo desaparecimento: Amarildo da Costa de Oliveira, conhecido como Pelado. Vestígios de sangue foram encontrados na lancha de Amarildo após perícia da Polícia Federal 
Em 12 de junho, uma semana depois, mochilas com os pertences pessoais de Dom e Bruno foram encontradas. Não muito tempo depois, Oseney da Costa de Oliveira, conhecido como “Dos Santos”, irmão de Pelado, foi preso sob suspeita de envolvimento no crime
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Em 5 de junho de 2022, o jornalista Dom Phillips e o indigenista Bruno Pereira viajavam juntos para que Dom realizasse entrevistas para o livro que escrevia sobre a preservação da Amazônia

Photo by Victoria Jones/PA Images via Getty Images
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Arquivo pessoal
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Contudo, nesse percurso, os dois desapareceram. As equipes de vigilância indígena da União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja) fizeram as primeiras buscas, sem resultados

Divulgação
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No dia seguinte, a Univaja emitiu comunicado informando, oficialmente, o sumiço dos homens. Em seguida, equipes da Marinha, Polícia Federal, Ministério Público Federal e do Exército foram mobilizadas e deram início a uma operação de busca

Reprodução/Redes sociais
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Em 8 de maio, a força-tarefa efetuou a prisão do primeiro suspeito pelo desaparecimento: Amarildo da Costa de Oliveira, conhecido como Pelado. Vestígios de sangue foram encontrados na lancha de Amarildo após perícia da Polícia Federal 

Arquivo pessoal
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Em 12 de junho, uma semana depois, mochilas com os pertences pessoais de Dom e Bruno foram encontradas. Não muito tempo depois, Oseney da Costa de Oliveira, conhecido como “Dos Santos”, irmão de Pelado, foi preso sob suspeita de envolvimento no crime

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Mulheres realizam manifestação após morte de Bruno e Dom na Amazônia

Photo by Victoria Jones/PA Images via Getty Images
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Bruno e Dom foram interceptados em rio e executados

Material cedido ao Metrópoles
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Os suspeitos, então, teriam retirado os pertences pessoais das vítimas do barco em que estavam e o afundaram. Em seguida, queimaram os corpos de Dom e Bruno

Redes sociais/reprodução
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A tentativa de ocultação, porém, não teria dado certo. Jeferson e Amarildo retornaram no dia seguinte, esquartejaram os corpos e os enterraram em um buraco escavado. A distância entre o local em que os pertences foram escondidos e onde os corpos foram enterrados é de 3,1 km

Divulgação/Polícia Federal
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Depois de fazer uma reconstituição do caso junto a Amarildo, a força-tarefa anuncia ter encontrado “remanescentes humanos” que, mais tarde, se confirmariam como os corpos de Dom e Bruno

Reprodução/Redes sociais
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Em 16 de junho, os corpos de Dom e Bruno chegaram a Brasília para realização de perícia e confirmação de identidade

Igo Estrela/Metrópoles
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Em 19 de junho, a polícia informou ter identificado outros cinco suspeitos que teriam atuado na ocultação dos cadáveres. Segundo a PF, “os executores agiram sozinhos, não havendo mandante nem organização criminosa por trás do delito”

Reprodução/Twitter/@andersongtorres
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Exame médico-legal indicou que morte de Dom Phillips foi causada por disparo de arma de fogo

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A morte de Bruno Pereira foi causada, segundo os peritos, por traumatismo toracoabdominal e craniano por disparos de arma de fogo com munição típica de caça, “que ocasionaram lesões no tórax/abdômen (2 tiros) e face/crânio (1 tiro)”

Funai/Divulgação
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Bruno era considerado um dos indigenistas mais experientes da Funai. Ele dedicou a carreira à proteção dos povos indígenas. Nascido no Recife, tinha 41 anos. Ele deixa esposa e três filhos

Reprodução
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Dom Phillips, 57 anos, era colaborador do jornal britânico The Guardian. Ele se mudou para o Brasil em 2007 e morava em Salvador, com a esposa

Twitter/Reprodução

A região, que abriga a maior quantidade de indígenas isolados do mundo, é rota de tráfico de drogas, roubo de madeira e garimpo ilegal.

“Nosso objetivo é pedir ao Estado para retomar o seu papel de fazer a proteção dos povos indígenas que habitam o Vale do Javari, para não acontecer como aconteceu com o povo indígena Yanomami“, explicou o coordenador da Univaja, Paulo Dollis, durante coletiva de imprensa.

Beto Marubo, assessor político da Univaja, informou que o convite foi aceito durante reuniões com os ministros Flávio Dino, do Ministério de Justiça e Segurança Pública (MJSP); Sonia Guajajara, dos Povos Indígenas; e Silvio Almeida, dos Direitos Humanos e Cidadania.

Todos confirmaram ou disseram que iriam designar um representante.

Além deles, o chefe nacional da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), Ricardo Weibe Tapeba, e a presidente da Funai, Joenia Wapichana, também desemabarcarão no local.

Tráfico e garimpo marcam região onde jornalista e indigenista sumiram

Megaoperação

A ação, prevista para o próximo dia 27, dá  continuidade ao plano do governo com foco na desintrusão de invasores nas terras indígenas, iniciada com a operação chamada Libertação para retirada do garimpo da Terra Indígena Yanomami, deflagrada em na última sexta-feira (10/2). As informações são do jornal O Globo.

Na ocasião, representantes da Univaja pretendem apresentar um relatório às autoridades, com quatro objetivos e 23 atividades emergenciais para a segurança da região.

Entre eles, reforço na Fiscalização do Ibama, aprofundamento das investigações sobre os crimes que aconteceram no ano passado, que ainda estariam “inconclusas”, e fortalecimento das instituições na região, com participação da Força Nacional e do Exército.

Questionados sobre a megaoperação na data, representantes da Univaja questionaram a efetividade dela.

“Nós não acreditamos nesse tipo de operação. Precisamos levar as autoridades para lá, para que elas saibam que isso não funciona no Javari”, explicou Marubo.

Na visão dele, é necessária uma “mudança de estratégias de atuação do governo na terra indígena”, com um plano de estratégias e operações extensivo.

Proteção judicial

Em novembro do ano passado, a Justiça determinou que a União adote medidas para proteger indígenas do Vale do Javari. A decisão liminar atendeu a um pedido da Defensoria Pública da União (DPU), que apontou ameaças aos indígenas.

Pescadores teriam dito que “as mortes no Vale do Javari não vão findar até que as principais lideranças sejam assassinadas”.

Na decisão, a juíza esclareceu que não constavam nos autos “quaisquer medidas que o governo brasileiro tenha tomado para proteger as vidas e o território dos povos indígenas afetados com o recente atentado aos Kanamari”.

O pedido da DPU foi protocolado após um grupo indígenas da etnia Kanamari ser ameaçado e cercado por pescadores ilegais no rio Itacoaí, região próxima ao local onde o indigenista Bruno Pereira e o jornalista britânico Dom Phillips foram assassinados.

Segundo relatos, os criminosos ameaçaram de morte uma liderança com uma arma. Na ocasião, os indígenas recusaram a oferta de tartarugas e peixes em troca de não denunciarem a ação ilegal dos pescadores.

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