Ministro da Justiça esteve em encontro de Salles, alvo da PF, com Bolsonaro
A Polícia Federal, que deflagrou operação para investigar o ministro do Meio Ambiente, é vinculada à pasta comandada por Anderson Torres
atualizado
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Horas após ser alvo de operação da Polícia Federal, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, se reuniu conjuntamente, na manhã desta quarta-feira (19/5), no Palácio do Planalto, com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e o ministro da Justiça, Anderson Torres, a quem a corporação é vinculada.
Segundo ao menos três fontes do governo ouvidas pelo Metrópoles, o encontro ocorreu por volta das 9h, quando endereços ligados a Salles já tinham sido alvo de mandados de busca e apreensão por parte de agentes da PFl.
Auxiliares presidenciais dizem que Salles e Torres teriam ido explicar pessoalmente a Bolsonaro a operação Akuanduba, que apura supostos crimes ambientais e contra a administração pública.
Apesar da operação, ministros do governo dizem que Salles continua tendo aval de Bolsonaro para seguir no cargo. Esses ministros admitem, porém, que a operação fez aumentar a pressão interna no Executivo pela troca do titular do Meio Ambiente, sobretudo de militares que atuam no Planalto.
O que é a Operação Akuanduba
A Polícia Federal deflagrou, na manhã desta quarta-feira, a Operação Akuanduba, que investiga crimes contra a administração pública, como corrupção, advocacia administrativa, prevaricação e, especialmente, facilitação de contrabando, praticados por agentes públicos e empresários do ramo madeireiro.
O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, e o presidente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Eduardo Fortunato Bim, estão entre os alvos da operação. Bim foi afastado do cargo.
Após o início da operação, Salles foi à Superintendência da PF, em Brasília, por conta própria, ainda pela manhã. Pelo menos 160 policiais federais cumpriram 35 mandados de busca e apreensão no DF e nos estados de São Paulo e do Pará. Entre os endereços, estão a sede do Ibama, o Ministério do Meio Ambiente e o apartamento de Salles, em São Paulo.
As medidas foram determinadas pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Além das buscas, o STF determinou o afastamento preventivo de 10 agentes públicos ocupantes de cargos e funções de confiança no Ministério do Meio Ambiente e no Ibama, entre eles, o presidente do órgão. E, ainda, a suspensão imediata da aplicação do despacho emitido em fevereiro de 2020 pelo Ibama, que, contrariando normativos e pareceres técnicos do órgão, permitiu a exportação de produtos florestais sem a necessidade da emissão de autorizações para exportação.
Estima-se que o referido despacho, elaborado a pedido de empresas que tiveram cargas não licenciadas apreendidas nos Estados Unidos e na Europa, resultou na regularização de mais de 8 mil cargas de madeira exportadas ilegalmente entre os anos de 2019 e 2020.
A quebra de sigilo bancário e fiscal do ministro e dos servidores investigados também foi autorizada pelo Supremo. As averiguações tiveram início em janeiro deste ano a partir de informações obtidas com autoridades estrangeiras, que noticiaram possível desvio de conduta de servidores públicos brasileiros no processo de exportação de madeira.
Até o momento, além do presidente do Ibama, outros servidores foram afastados do órgão e do Ministério do Meio Ambiente:
- Eduardo Bim
- Leopoldo Penteado
- Vagner Tadeu Matiota
- Olimpio Ferreira Magalhães
- João Pessoa Riograndense Moreira Jr
- Rafael Freire de Macedo
- Leslie Nelson Jardim Tavares
- Andre Heleno Azevedo Silveira
- Arthur Valinoto Bastos
- Olivaldi Alves Azevedo Borges