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Ministra de Direitos Humanos defende investigação do massacre no Pará

Luislinda Valois demonstrou preocupação com a perícia do local, que só foi realizada depois que os corpos foram retirados

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1 de 1 luislinda - Foto: Reprodução/Geledés

A ministra de Direitos Humanos, Luislinda Valois, defendeu nesta sexta-feira (26/5) que a investigação do massacre de dez sem-terra, em Pau D’Arco, no sudeste paraense, seja controlada pelos órgãos públicos de Marabá, cidade a 426 quilômetros de distância que concentra delegacias especializadas em assassinatos no campo, a Polícia Federal e o Ministério Público Federal.

Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, ela demonstrou preocupação com a perícia do local da chacina. Os peritos de Marabá e Parauapebas só chegaram à área do crime depois que policiais do município de Pau D’Arco tinham retirado os corpos. “Não podemos deixar que a coisa transcorra de qualquer maneira”, afirmou a ministra. “A perícia tem de ser feita com muito empenho e dedicação.”

O massacre dos sem-terra ocorreu na manhã da última quarta-feira durante uma reintegração de posse da Fazenda Santa Lúcia. Entidades de direitos humanos reclamaram que a ação foi pedida pela Justiça à Polícia Militar lotada no município, sem experiência em despejos. Famílias dos sem-terra mortos disseram que os agentes chegaram atirando, negando versão de que houve confronto.

Uma equipe do Ministério dos Direitos Humanos foi enviada ao Pará para acompanhar as primeiras informações e levantamentos sobre o massacre. “A situação é vexatória, constrangedora e inadmissível. Em pleno século XXI, essa situação não pode ocorrer”, disse Luislinda Valois. “Como ministra, como cidadã e como ser humano não posso aceitar o que ocorreu. Ninguém pode aceitar”, disse.

A ministra ressaltou que confia no trabalho de juízes e procuradores na elucidação e punição dos culpados pelo massacre. A preocupação de Luislinda com a perícia e as investigações em Pau D’Arco, no entanto, é embasada com levantamentos apresentados por entidades da área de direitos humanos.

Raros casos de assassinatos de sem-terra, especialmente no sudeste paraense, se transformaram em denúncia do Ministério Público ou os autores dos crimes foram julgados e condenados pela Justiça. Na região ocorreu, em abril de 1996, um dos casos mais emblemáticos da violência no campo. A polícia militar executou de 19 sem-terra na Curva do S, em Eldorado do Carajás.

Ao comentar sobre a onda de violência no campo, Luislinda Valois disse que é preciso desencadear ações concretas em todos os níveis de governo. Também avalia a necessidade e buscar entendimento com segmentos empresariais do setor rural. “Não podemos abrir mão de conversar com nenhum segmento da sociedade”, afirmou.

Ainda nesta sexta, ela se encontrará com o ministro da Justiça, Osmar Serraglio, para avaliar a situação das vítimas da chacina do Pará.

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