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Ministra das Mulheres sobre monetização da misoginia: “Não é natural”

A ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, recebeu um relatório com dados da lucratividade e relevância da “machosfera”

atualizado

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1 de 1 Imagem colorida da ministra Cida Gonçalves - Metrópoles - Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

A ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, demonstrou preocupação ao receber os dados de um relatório sobre desinformação e violência contra as mulheres em redes sociais. Coordenada pela NetLab-UFRJ, as pesquisadoras analisaram conteúdos de postagens da “machosfera“, no YouTube.

Cida classificou o grupo estudado como “homens que odeiam as mulheres. Esse movimento é exatamente de ampliação e divulgação do ódio contra as mulheres“. Dessa forma, as pesquisadoras levantaram mais de 76 mil vídeos da “machosfera”, publicados em mais de 7 mil canais e totalizando 4 bilhões de visualizações.

Segundo a análise, há uma ênfase no profissionalismo e o tema se tornou um negócio lucrativo, porque além do dinheiro pago pelo YouTube, os produtores desse nicho aceitam doações por Pix e criptomoedas e vendem cursos e e-books.

“Isso reforça o que estávamos trabalhando desde que assumimos, significa o crescimento dessa misoginia para nossa realidade. Temos o aumento do feminicídio, da violência sexual contra as crianças, estamos tendo um processo de naturalização daquilo que não é natural, que é a violência contra as mulheres”, afirmou Cida, na apresentação dos dados nesta sexta-feira (13/12), no Ministério das Mulheres.

“Eles vão construindo estratégia que vai dar como resultado a vida das mulheres, isso no campo da violência geral. Mas também vamos ver o desafio das eleições em relação às mulheres candidatas, tivemos 1% de aumento de vereadoras e prefeitas nessa eleição, num momento em que a questão das mulheres é importante”, seguiu.

“Vamos ter isso no Legislativo, principalmente, se formos ver a forma que os parlamentares têm usado para calar a boca. Uma deputada se inscreve, de qualquer partido, e são 12 a 17 interrupções em 10 min. isso também é uma forma de fazer que as mulheres se calem e não ocupem seus espaços”, comentou.

Questionada sobre quais medidas o governo federal vai tomar, a ministra não descarta denúncias, mas ressaltou que o Executivo não tem controle das redes sociais. “Para nós, é importante que tenha um mínimo de regulação”, pontuou.

Relatório

Os dados são do trabalho “Aprenda a evitar ‘este tipo’ de mulher: estratégias discursivas e monetização da misoginia no YouTube”, que analisou o conteúdo de homens contra mulheres, especialmente os que propagam ódio e desprezo.

A pesquisadora Marie Santini chamou atenção para o “aumento exponencial desde 2021 e 2022” desse tipo de postagem. “A gente encontra comunidade em torno dessa misoginia, é uma misoginia organizada, é uma campanha permanente”, afirmou.

“O objetivo é de engajar homens insatisfeitos e relacionar com a culpabilização das mulheres. Os conteúdos impactam milhões de homens no Brasil e gera demanda para que a misoginia vire um mercado, um produto”.

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