Ministra da Saúde critica governo Bolsonaro e pede para “intensificar vacinação”
Ministra citou fim da emergência sanitária de Covid, que matou mais de 7 milhões de pessoas no mundo. Brasil ultrapassou os 700 mil óbitos
atualizado
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Durante pronunciamento em rede nacional de rede e televisão, na noite deste domingo (7/5), a ministra da Saúde, Nísia Trindade, citou o fim da Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional (ESPII) da Covid-19. Em sua fala, Nísia criticou o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pelo “negacionismo” adotado durante a pandemia e falou que o momento é de “intensificar a vacinação” contra a doença.
“Um alerta: É hora de intensificar a vacinação. As hospitalizações e óbitos pela Covid-19 ocorrem principalmente em indivíduos que não tomaram as doses de vacina recomendadas”, disse. “Por esta razão, o Ministério da Saúde, ao lado de estados e municípios, realiza desde fevereiro um movimento nacional pela vacinação de reforço para Covid- 19. Esta é a forma mais eficaz e segura de proteger nossa população. Precisamos estar unidos pela saúde, em defesa da vida”, acrescentou.
Assista ao pronunciamento:
Desde o fim de abril, o Brasil ampliou o reforço da imunização contra a Covid-19 com a vacina bivalente para toda a população acima de 18 anos.
Sem citar o nome do ex-presidente, Nísia disse que “outro teria sido o resultado se o governo anterior, durante toda a pandemia, respeitasse as recomendações da ciência. Se fossem seguidas e cumpridas as obrigações de governante de proteger a população do país”.
Na última sexta-feira (5/5), a Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou que a Covid-19, depois mais de três anos, não é mais uma Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional. A decisão da OMS foi motivada pela queda no número de casos e mortes pela doença junto ao avanço da vacinação da populalão mundial. Segundo a organização sanitária, a Covid matou mais de 7 milhões de pessoas em todo o mundo.
A Covid-19 foi declarada Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional em 30 de janeiro de 2020. Naquele momento, havia menos de 100 casos da doença relatados fora da China, e nenhuma morte. Passados três anos, foram registrados mais de 765 milhões de casos e 6.921.614 de mortes em todo o mundo. No Brasil, o número de óbitos passa de 700 mil.
No dia em que o fim da emergência sanitária de Covid foi anunciado, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ressaltou que a pandemia ainda não acabou, criticou o negacionismo e pediu que a população se vacine contra a doença.
“Depois de 3 anos, hoje finalmente podemos dizer que saímos da emergência sanitária pela Covid-19. Infelizmente, o Brasil passou da marca de 700 mil mortos pelo vírus. E acredito que ao menos metade das vidas poderiam ter sido salvas se não tivéssemos um governo negacionista”, escreveu o presidente no Twitter.
“Apesar do fim do estado de emergência, a pandemia ainda não acabou. Tomem as doses de reforço e não deixem de ter o esquema vacinal sempre completo. E o governo federal irá incentivar a saúde, ciência e pesquisa no nosso país. Irá atuar para preservar vidas”, completou.
Fim da emergência não é fim da pandemia
Apesar do fim da Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional, a medida não significa o fim da pandemia de Covid. Enquanto o título de Emergência de Saúde Pública é um termo técnico importante para a coordenação de esforços de saúde pública internacionais, a pandemia faz referência a disseminação em grande escala de uma doença, quando vários continentes têm um transmissão sustentada do surto.
O pesquisador Claudio Maierovitch, da Fundação Osvaldo Cruz, explica que a declaração da OMS tem caráter administrativo, com o intuito de sinalizar que os países podem flexibilizar as medidas de enfrentamento da doença. “Na prática, essa flexibilização já vem ocorrendo. No Brasil, ainda no ano passado, a Covid-19 deixou se ser uma emergência pública”, explica.
Maierovitch não acredita que a OMS fará uma declaração formal sobre o fim da pandemia. “Fim de pandemia não se decreta, ainda mais em uma situação em que a circulação do vírus é intensa”, aponta.
Leia a íntegra do pronunciamento:
“A Organização Mundial da Saúde declarou no dia 5 de maio que a pandemia de Covid-19 não é mais uma emergência de Saúde Pública de Importância Internacional.. Depois de termos passado por um período tão doloroso, nosso país recebe essa notícia com esperança.
Ainda vamos conviver com a Covid-19, que continua evoluindo e sofrendo muitas mutações, mas temos há mais de um ano a predominância em todo o mundo da variante ômicron e suas sub-linhagens, sem o agravamento do quadro sanitário.
Temos uma redução progressiva do número de hospitalizações e óbitos, resultado de proteção da população pelas vacinas.
Neste cenário, entende-se que o momento indica uma transição do modo de emergência para um enfrentamento continuado, como parte da prevenção e controle de doenças infecciosas.
Infecções pelo vírus SARS-COV2 vão continuar e devemos manter cuidados. Portanto, sistemas de vigilância, diagnóstico, redes de assistência e vacinação precisam ser fortalecidos.
Um alerta: É hora de intensificar a vacinação: as hospitalizações e óbitos pela COVID-19 ocorrem principalmente em indivíduos que não tomaram as doses de vacina recomendadas.
Por esta razão, o Ministério da Saúde, ao lado de estados e municípios, realiza desde fevereiro um movimento nacional pela vacinação de reforço para Covid- 19.
Esta é a forma mais eficaz e segura de proteger nossa população. Precisamos estar unidos pela saúde, em defesa da vida.
Muitos foram os obstáculos ao longo desta pandemia.
O pior impacto foi a perda de tantas vidas e saber que muitas poderiam ter sido salvas.
Infelizmente, no Brasil, perdemos mais de 700 mil pessoas. 2,7% da população mundial vivem em nosso país, mas tivemos 11% do total de mortes!!!
Outro teria sido o resultado se o governo anterior, durante toda a pandemia, respeitasse as recomendações da ciência. Se fossem seguidas e cumpridas as obrigações de governante de proteger a população do país.
Não podemos esquecer! Precisamos preservar essa memória do que aconteceu para poder construir um futuro digno.
Neste momento, quero agradecer a todas e todos que lutaram em defesa da nossa sociedade. Arriscando a própria vida, principalmente antes do desenvolvimento de vacinas.
E se as vacinas foram responsáveis por salvar vidas, devemos agradecer aos cientistas e aos laboratórios que as desenvolveram e as produziram. Um agradecimento especial ao papel desempenhado no Brasil pelo Instituto Butantan, pela Fiocruz e pela Anvisa. Mesmo com todos os desmontes da ciência e tecnologia, nossas universidades e institutos de pesquisa não mediram esforços na busca de soluções. Devemos agradecer também aos governadores e prefeitos que não se deixaram levar pelo negacionismo e contribuíram decisivamente para o enfrentamento da pandemia. E também, a sociedade civil que se engajou nesse processo.
Apesar do negacionismo, dos ataques à ciência e da política de descaso, muitas vidas foram salvas devido ao SUS e ao esforço sem limite das trabalhadoras e trabalhadores da saúde. A eles, agradeço em meu nome e em nome do Presidente Lula, que tem se dedicado desde o primeiro dia de nosso governo à política do cuidado e ao fortalecimento do SUS.
É hora também de aprendermos as lições dessa pandemia. De fortalecermos o Sistema Único de Saúde, o maior sistema universal de saúde do mundo. De nos prepararmos com programas consistentes para futuras epidemias e emergências sanitárias. De fortalecermos nossa capacidade científica e tecnológica e de superarmos as desigualdades sociais, que fazem com que a pandemia atinja de forma desigual aqueles em situação social de maior vulnerabilidade.
É hora, sobretudo, de valorizarmos a vida, a saúde e a cultura democrática.
Vamos atuar juntos, governo, trabalhadoras e trabalhadores da saúde, comunidade científica e toda a sociedade para preservar a vida e melhorar as condições de prevenção de doenças e promoção da saúde. Para nunca mais vivermos os dias terríveis do passado recente e construirmos um futuro melhor.”