Ministérios notificam Anac sobre suspeita de racismo em voo da Gol
Mulher negra foi expulsa de um voo da Gol para São Paulo, com origem de Salvador. Caso repercutiu nas redes, onde é denunciado como racismo
atualizado
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Os ministérios da Igualdade Racial (MIR) e dos Direitos Humanos e Cidadania (MDH) notificaram a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), neste sábado (29/4), sobre a expulsão de uma mulher negro de um voo da Gol. O caso aconteceu num avião que partia de Salvador (BA) para São Paulo (SP), e vem sendo denunciado como racismo.
“O Ministério da Igualdade Racial e o Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania receberam com indignação as notícias acerca do caso da pesquisadora da Fiocruz, Samantha Barbosa, mulher negra, retirada do avião por se negar a despachar uma mala”, dizem as pastas, em nota conjunta.
Dessa forma, os ministérios notificaram a Anac, solicitando a adoção de medidas para prevenir, coibir e colaborar com a apuração “de casos de racismo praticados por agentes de empresas aéreas”, no sentido de aprimorar seus mecanismos de fiscalização.
Além disso, o MIR e o MDH acionaram a Procuradoria Geral da República e a Superintendência Regional da Polícia Federal (PF) na Bahia para que os possíveis crimes, infrações ou violações sejam identificados e apurados.
Propusemos uma reunião entre os Ministérios e a ANAC, com o objetivo de debater medidas de prevenção de casos de racismo e de mecanismos de regulação das companhias aéreas. [+]
— Ministério da Igualdade Racial 🇧🇷 (@igualracial_gov) April 29, 2023
“Acreditamos que a responsabilização neste caso possui papel educativo e cabe tanto à Gol quanto a Polícia Federal prestarem satisfações. Estamos em contato já com a companhia aérea para que sejam prestados os esclarecimentos devidos”, dizem o MIR e o MDH, comandados por Anielle Franco e Silvio Almeida, respectivamente.
Houve, também, segundo as pastas, a proposição de uma reunião com a Anac, “com o objetivo de debater medidas de prevenção de casos de racismo e de mecanismos de regulação das companhias aéreas”. Mais cedo, o Ministério das Mulheres também se manifestou.
“Ela foi retirada da aeronave por três homens da Polícia Federal cerca de uma hora depois de o problema da bagagem ter sido resolvido, conforme seu relato e o de testemunhas. A cena é uma afronta a Samantha e a todas as mulheres negras. Pediremos providências à companhia aérea e à PF, que devem desculpas e explicações após a abordagem”, afirmou a pasta nas redes sociais.
Vídeo mostra depoimento de Samantha antes de ser retirada:
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O que diz a Gol sobre o caso
Procurada pelo Metrópoles para se manifestar sobre o caso, a Gol lamentou o transtorno causado “aos clientes” e reforçou a política sobre bagagens. Disse, porém, que apurará “cuidadosamente” o caso. Confira:
“A Gol informa que, durante o embarque do voo G3 1575 (Salvador – Congonhas), havia uma grande quantidade de bagagens para serem acomodadas a bordo e muitos clientes colaboraram despachando volumes gratuitamente. Mesmo com todas as alternativas apresentadas pela tripulação, uma cliente não aceitou a colocação da sua bagagem nos locais corretos e seguros destinados às malas e, por medida de segurança operacional, não pôde seguir no voo. Lamentamos os transtornos causados aos clientes, mas reforçamos que, por medidas de segurança, nosso valor número 1, as acomodações das bagagens devem seguir as regras e procedimentos estabelecidos, sem exceções. A companhia ressalta, ainda, que busca continuamente formas de evitar o ocorrido e oferecer a melhor experiência a quem escolhe voar com a Gol e segue apurando cuidadosamente os detalhes do caso”.