Ministério “abandonado” custou R$ 5,6 mi aos cofres públicos em 4 anos
Prédio da Defesa necessita de obras desde 2016. Sem funcionar, governo gasta R$ 100 mil mensais com serviços. Servidores foram remanejados
atualizado
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Cerca de quatro quilômetros separam a Esplanada dos Ministérios do Setor Militar Urbano. Os dois endereços, porém, dividem um exemplo de descaso com o dinheiro público. Ex-sede do Comando do Exército, de responsabilidade do Ministério da Defesa, o Bloco O da Esplanada está abandonado há quatro anos. É um dos pouco mais de 10,4 mil imóveis da União subutilizados.
O tempo há que está parado não significou economia, pelo contrário: o governo federal desembolsou com a estrutura abandonada R$ 5,6 milhões durante esse período. Mesmo sem atividades, o custo de manutenção ultrapassa R$ 100 mil mensais com vigilância e eletricidade, por exemplo.
Desde quando o órgão verde-oliva deixou a Esplanada, em 2015, o prédio ficou subutilizado. O presidente Jair Bolsonaro (PSL) chegou a cogitar a ocupação durante sua reforma ministerial. O projeto, contudo, não vingou. A mais recente intervenção no prédio foi a colocação de um painel com propaganda da Previdência.
Uma obra planejada ainda no governo da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) nunca saiu do papel. Inicialmente, a necessidade de reparos nas instalações elétricas, hidráulicas e de acessibilidade obrigou os militares a deixarem o edifício.
Sem reforma, o prédio virou uma espécie de “ministério fantasma” no coração da capital federal. O único movimento visto no local é o de motoristas que, no estrangulado estacionamento do centro de Brasília, ocupam as vagas ociosas do bloco desativado.
Ele foi construído em 1950, em um espaço de 24 mil metros quadrados; quando os oficiais do Exército deixaram a área, a promessa do governo era reduzir gastos com manutenção. À época, o funcionamento da estrutura, capaz de receber quase 1,7 mil servidores, custava 30% a mais do que o dos outros prédios.
Entre as modificações previstas pelo hoje extinto Ministério do Planejamento estavam a instalação de sistema de gerenciamento e automação da iluminação, da rede óptica e do ar-condicionado, além de reformas hidráulicas, com captação de água da chuva e dos drenos nas saídas de ar-condicionado.
Vidros quebrados, cortinas estragadas e portas empenadas dão o tom ao ritmo do projeto de recuperação do prédio. A reforma agora é de responsabilidade do Ministério da Economia, que não detalha a situação atual do edifício.
“Existe um órgão público inclinado a ocupar o referido bloco, assumindo os custos de reforma. Porém, por envolver negociação interna no âmbito do Ministério da Economia, não poderemos informar ainda qual é este órgão, os valores estimados para a recuperação do prédio e a data de entrega do imóvel”, resume, em nota.
O Ministério da Defesa informou apenas que assuntos referentes ao prédio são tratados pela Secretaria do Patrimônio da União.