Ministério da Saúde declara estado de emergência em terras Yanomamis
Nessa sexta-feira (20/1), técnicos do Ministério da Saúde encontraram oito crianças em estado grave de desnutrição em Roraima
atualizado
Compartilhar notícia
Após técnicos do Ministério da Saúde resgatarem oito crianças em estado grave de desnutrição e malária que vivem na terra Yanomami, em Roraima — a maior reserva indígena do país —, a pasta declarou emergência de saúde pública na região neste sábado (21/1). A situação fez o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, e o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, viajarem para Roraima hoje pela manhã.
“A ministra de estado de Saúde resolve […] declarar Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional”, afirma o texto, assinado pela chefe do ministério, Nísia Trindade.
A declaração do estado de emergência está publicada em edição extra do Diário Oficial da União dessa sexta-feira (20/1).
Veja:
A Espin pode ser declarada “em situações que demandem o emprego urgente de medidas de prevenção, controle e contenção de riscos, danos e agravos à saúde pública”, como informa o decreto Nº 7.616 de 2011, que regula o dispositivo.
Crianças Yanomamis com desnutrição severa e malária são resgatadas em estado grave
Os técnicos do Ministério da Saúde fazem atendimentos na região desde segunda-feira (16/1). Eles encaminharam as crianças para tratamento de saúde em Boa Vista.
O paciente resgatado mais novo, de 18 dias de vida, foi levado ao hospital com quadro de pneumonia, e chegou a ter cinco paradas cardíacas. A mãe da criança percorreu três horas até chegar à Unidade Básica de Saúde Indígena (UBSI) no polo-base de Surucucu.
“Um dado público é que, nos últimos 4 anos, 570 pessoas Yanomamis morreram decorrente da contaminação por mercúrio por conta do garimpo ilegal. Agora, na casa de atenção à saúde indígena, tem 715 indígenas yanomamis em desnutrição absurda”, disse Sônia Guajajara, ministra dos Povos Originários.
Saúde dos Yanomamis
Em razão da grave precarização das condições de vida dos povos Yanomamis, a população vive grande crise sanitária. Além de a atividade de garimpo ilegal provocar assassinatos dos indígenas, nos últimos meses, foram registradas diversas mortes por desnutrição.
A exploração do garimpo ilegal também vem trazendo incidência de doenças infecciosas. A falta de assistência em saúde contribue para o quadro.
Na última quarta-feira (18/1), foi enviado ao estado de Roraima uma equipe do Ministério da Saúde para fazer um diagnóstico da situação. Em nota, a pasta informou que a expectativa é de que, após o levantamento, sejam definidas “ações imediatas para superar a crise sanitária” pela qual passa a população local.