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Ministério da Saúde capacita profissionais do Samu para atender pacientes em sofrimento psíquico

Objetivo do curso é qualificar, para atendimento mais técnico e humanizado, médicos e enfermeiros que atuam nos serviços de emergência

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1 de 1 covid - Foto: Vinícius Schmidt/Metrópoles

O Ministério da Saúde ampliará as competências dos profissionais do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) de todo o Brasil. Médicos e enfermeiros serão capacitados para realizar atendimentos de pacientes em sofrimento psíquico, quadro agravado devido à pandemia de Covid.

O objetivo do Curso de Formação de Multiplicadores em Urgências e Emergências em Saúde Mental, projeto inédito na pasta, é fortalecer a prática de condutas humanizadas e terapêuticas no âmbito da saúde mental.

Os profissionais do Samu serão preparados para prestar assistência cada vez mais adequada a pacientes que utilizam o serviço e apresentam quadros, por exemplo, como ansiedade, depressão, violência autoprovocada, inclinação a tirar a própria vida e transtornos por uso de substâncias psicoativas.

“É muito importante que todas as equipes de todos os níveis de atenção saibam como abordar a saúde mental. Ela não está dissociada da saúde física, as duas precisam andar juntas. Quanto mais a gente puder expandir a formação para intervir e acolher as demandas, melhor”, afirma Larissa Polejack, professora associada do Instituto de Psicologia da UnB.

Aulas práticas

A capacitação é promovida pela Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde (SGTES), em parceria com o Samu-DF, e ministrada por profissionais especialistas, com aulas teóricas e práticas.

O ponto alto do curso, segundo o ministério, são as simulações realísticas, que replicam situações de emergência atendidas pelo Samu. A metodologia de treinamento inovadora é apoiada por tecnologias de alta complexidade, com cenários reais que favorecem um ambiente participativo e de interatividade.

Os instrutores simulam o atendimento desde a chamada realizada pelo paciente ou um familiar até o devido encaminhamento às unidades de saúde. Há, inclusive, atores que encenam as ações, criando o ambiente ideal para a consulta e colocando os profissionais à prova.

Entre as situações a serem abordadas, estão surtos psicóticos, abuso de álcool, comportamento suicida, agitação psicomotora e até mesmo o melhor jeito de comunicar más notícias, como a morte de um parente.

A capacitação integra as ações do Comitê Gestor de Política Nacional de Prevenção da Automutilação e o Suicídio, que regulamenta a Política Nacional de Prevenção da Automutilação e do Suicídio, prevista na Lei nº 13.819, de 26 de abril de 2019.

Para a psicóloga e especialista em ansiedade Karla Perez, “é um programa muito importante, que pode ajudar muito, uma vez que nem todas as equipes têm experiência voltada para isso”. A profissional sugere que o curso seja ampliado no futuro: “Seria interessante abrir também para pessoas da sociedade que tenham interesse em aprender a lidar com esse tipo de situação”.

Investimentos em Saúde Mental no Brasil

No âmbito da saúde mental, o Ministério da Saúde ampliou os investimentos. Aproximadamente R$ 650 milhões foram aplicados na aquisição de medicamentos do Componente Básico da Assistência Farmacêutica. Só em 2020, a pasta investiu cerca de R$ 1,5 bilhão para a abertura de novos serviços da Rede de Atenção Psicossocial (Raps).

Além disso, o órgão disponibilizou cerca de R$ 99 milhões para ampliar e qualificar o atendimento prestado pelos 2.742 Centros de Atenção Psicossocial (Caps) em todo o Brasil. Pelo menos 3.164 estabelecimentos da Rede de Atenção Psicossocial (Raps) fornecem consulta sobre saúde mental no país.

Atualmente, a Raps conta com 796 Residências Terapêuticas; 69 Unidades de Acolhimento (adulto e infantojuvenil); 1.802 leitos de saúde mental em hospitais gerais; 13.098 leitos em hospitais psiquiátricos; 59 equipes multiprofissionais de atenção especializada em saúde mental; e 144 Consultórios na Rua.

O Ministério da Saúde desenvolve, ainda, desde setembro de 2020, a qualificação de profissionais da saúde, educadores da rede pública e privada de ensino, líderes de associações religiosas, profissionais de conselhos tutelares, entidades beneficentes e movimentos sociais e corporações militares por meio dos cursos Prevenção do Suicídio e Prevenção da Automutilação, disponíveis gratuitamente no UniverSUS Brasil.

A preocupação do ministério com a saúde mental da população, ampliando os investimentos na área, é elogiada por especialistas. “Faz toda a diferença do mundo para o paciente. Ainda existe muito preconceito com essas questões, e é importante saber que elas fazem parte da vida. Sentir-se acolhido, respeitado e enxergado na sua necessidade é essencial. Afinal de contas, o tratamento universal é o que o SUS preconiza”, diz a psicóloga Larissa Polejack.

Colaboraram Juliana  Contaifer e Celimar Meneses

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