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Milton Cunha: como carnavalesco virou estrela de transmissão na TV

O irreverente comentarista e figura conhecida no Carnaval brasileiro revela dificuldades no início da carreira: “Vim passar fome no Rio”

atualizado

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1 de 1 milton-cunha - Foto: Berg Silva/Divulgação

Rio de Janeiro — O irreverente Milton Cunha é figura conhecida dos carnavais cariocas. O ex-carnavalesco e hoje apresentador e comentarista da TV Globo se sente reconhecido e realizado pelo seu trabalho e diz levar uma vida tranquila.

Entretanto, contou ao Metrópoles que essa não era a sua realidade no início da vida em Belém (PA). Ele deixou sua terra natal para fugir dos problemas familiares causados pelos preconceitos em relação à sua sexualidade.

“Eu vim para o Rio trabalhar no cinema, teatro e TV. Quando eu peguei o pau de arara, em 1982, fugi dos problemas de família. Era insuportável a vida em Belém. A patrulha, a violência, o preconceito e, por isso, me mandei para passar fome no Rio de Janeiro. Foi muito difícil nos três primeiros anos, muito duro. Sempre fui muito trabalhador e, se precisasse, eu não dormia”, lembra.

No Rio, morou em habitações coletivas por muito tempo e teve suas primeiras oportunidades de trabalho apresentando festas e concursos de moda. Em 1994, alcançou sua estreia como carnavalesco. A primeira agremiação a contratar Milton foi a Beija-Flor de Nilópolis. Depois, trabalhou em outros 16 carnavais em oito escolas diferentes.

Em 2010, atuou pela última vez como carnavalesco e resolveu seguir seu sonho na comunicação. Acabou desempregado por dois anos, mas conseguiu atingir sua principal meta em 2012: foi contratado pela TV Globo.

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Milton usa ternos muito singulares no dia a dia
Milton Cunha, Teresa Cristina e Luís Roberto no Seleção do Samba
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Milton Cunha é um dos comentaristas do RJ1

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Milton usa ternos muito singulares no dia a dia

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Milton Cunha, Teresa Cristina e Luís Roberto no Seleção do Samba

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Reconhecimento e trabalho

“Tem um reconhecimento do público muito grande. As famílias, as crianças me abraçam. É uma gritaria e eu adoro porque sou um menino da floresta. Eu me perguntava como eu ia fazer para poder triunfar na carreira de comunicador. Quando vem a gritaria, gente pedindo para eu gravar vídeo, é o triunfo”, conta, com alegria.

“Eu sempre estudei, trabalhei e me aprofundei para ter outro reconhecimento da opinião. Da reflexão dos aspectos antropológicos, sociológicos, políticos e sociais das escolas de samba. Me sinto reconhecido e sou grato ao povo das escolas e, cada vez mais, me curvo a eles em respeito e agradecimento à beleza da arte deles, à grandeza da narrativa”, analisa.

As roupas que Milton usa também atraem os olhares do público. “Elas fazem parte do meu sonho de criança pobre. Eu desenhava as flores das areias dos igarapés da Amazônia. Eram areias lindas e eu passava horas desenhando as estampas e sonhando. Quando minha mãe descobriu, apanhei tanto que cheguei a sangrar”, revela.

“Eu faço 40 ternos por ano para uma temporada e, quando acaba, eu doo tudo. Quando eu estou com as peças, 20% da humanidade me olha com uma cara de ódio. Faz parte do jogo você despertar a ira dos infelizes. Tem uma parte do público que é feroz, que agride, que vem pra cima, porque você não é permitido ser você. Para os outros 80%, eu faço festa. Gosto de não ser unanimidade porque é isso que me coloca atento no mundo” conclui.

Estudos e planos

Enquanto não está aparecendo na TV, Milton Cunha toca outros projetos profissionais em diferentes partes do mundo. África, América do Norte e Europa contam com sua ajuda no desenvolvimento de espetáculos e festas de Carnaval.

Uma de suas metas é resgatar o Carnaval do Distrito Federal. Isso vem acontecendo por meio de um projeto com duração de seis meses, dividido em quatro módulos. Os temas abordados passam pelo desenvolvimento de enredos, composição de sambas, dança e produção de alegorias e fantasias.

Graduado em psicologia e com mestrado e pós-doutorado em letras, ele segue nas salas de aula. Recentemente, terminou seu segundo estágio pós-doutoral pela Escola de Belas Artes da UFRJ.

“Eu amo sentar no banco da sala de aula e escutar os velhos mestres que dão aula para a gente. Eu acho fascinante esse universo dos grandes, do saber. Eu me alimento dessa informação, dessa profundidade do raciocínio. Esses decanos me inspiram a não parar, porque eles não pararam”, conta.

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