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Militares responsáveis por “carta do golpe” responderão a inquérito

Os militares autores do documento já receberam punições disciplinares, mas devem responder a inquérito por “indício de crime”

atualizado

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1 de 1 imagem colorida militares autores carta pró-golpe - Foto: Exército Brasileiro/Reprodução

Os militares identificados como autores da chamada “Carta ao Comandante do Exército de Oficiais Superiores da Ativa do Exército Brasileiro”, deve responder inquérito pode “indício de crime” pelo documento, após a conclusão da sindicância aberta no ano passado para investigar o caso.

O manifesto, assinado por 37 militares, caiu nas mãos então ajudante de ordens do presidente Jair Bolsonaro, tenente-coronel Mauro Cid, em novembro de 2022. O documento foi considerado pelo comandante da Força Terrestre na época, general Marco Antônio Freire Gomes, como uma pressão para que aderisse a uma tentativa de golpe de Estado.

“Covardia, injustiça e fraqueza são os atributos mais abominados para um soldado. Nossa nação, aquela que entrega os maiores índices de confiança às Forças Armadas, sabe que seus militares não a abandonarão”, dizia um trecho. A informação foi revelada pelo Estadão, que teve acesso ao resultado da apuração.

O documento concluía que os oficiais estavam “atentos a tudo que está acontecendo e que vem provocando insegurança jurídica e instabilidade política e social no País”. “Ademais, preocupa-nos a falta de imparcialidade na narrativa dos fatos e na divulgação de dados, por parte de diversos veículos de comunicação.”

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Coronel do Exército Alexandre Bittencourt
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Coronel do Exército Anderson Lima de Moura

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General Freire Gomes

Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil

“Índício de crime” por militares

Por ordem do Comandante Geral do Exército, general Tomás Paiva, quatro oficiais que escreveram o documento passaram a responder a um Inquérito Policial Militar (IPM), pois foi detectado que há “indícios de crime”. O IPM terá 30 dias, prorrogáveis por mais 30, para ser concluído.

O Ministério Público Militar (MPM), que é fiscal das investigações, pode requerer novas diligências e incluir outros entre os 26 militares identificados por assinarem o documento e que receberam punições disciplinares entre advertências, repreensões e detenções.

A conclusão do inquérito aponta a participação de 12 coronéis, nove tenentes-coronéis, um major, três tenentes e um sargento.

Dos quatro que redigiram o documento, dois são coronéis da ativa: Alexandre Castilho Bitencourt da Silva e Anderson Lima de Moura. E dois estão na reserva: Carlos Giovani Delevati Pasini e José Otávio Machado Rezo Cardoso.

Outros 11 militares, mesmo com o nome na carta, deram explicações consideradas suficientes por seus superiores e, por isso, não sofreram nenhuma punição.

Alexandre Bittencourt da Silva esteve à frente do 6° Batalhão de Polícia do Exército até fevereiro de 2022. À época da carta, ele havia deixado o cargo para morar em Santiago, no Chile, para realizar a Pós-Graduação em Condução de Políticas Estratégicas de Defesa, na Academia Nacional de Estudos Políticos e Estratégicos (ANEPE). Após retornar, foi alocado no Departamento-Geral do Pessoal do Exército.

Já Anderson Lima de Moura esteve, pelo menos até 2021, alocado no Departamento de Educação e Cultura do Exército e é coordenador-pedagógico na Academia Militar das Agulhas Negras.

Carta golpista

A carta foi encontrada no celular de Mauro Cid durante as investigações da Polícia Federal, após o depoimento do ex-comandante da Força general Marco Antônio Freire Gomes, que revelou a existência do documento.

Conforme a coluna de Guilherme Amado, do Metrópoles, o documento pode ter sido originado a partir de uma reunião em um salão de festas da Asa Norte, em Brasília, em 28 de novembro de 2022, após a eleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Segundo Freire Gomes, ele, o objetivo era pressioná-lo a aderir ao golpe tentado, no dia 8 de janeiro de 2023, quando as sedes dos três Poderes em Brasília foram invadidas e depredadas.

Ao assumir o comando do Exército, o general Tomás Paiva determinou a abertura da sindicância para identificar os militares que assinaram e escreveram o manifesto, bem como as punições que haviam sido aplicadas a cada um deles.

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