Militar golpista admirava Alexandre de Moraes: “Pelo menos tem colhão”
Polícia Federal indiciou o ex-presidente Jair Bolsonaro e outras 36 pessoas por suspeita de envolvimento de trativa de golpe de Estado
atualizado
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O coronel Roberto Raimundo Criscuoli (foto em destaque) teceu elogios, em conversas com o general Mário Fernandes obtidas pela Polícia Federal (PF), ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). O diálogo está presente no inquérito que investiga a suspeita de uma trama golpista de militares ligados ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). “Esse pelo menos tem colhão”, disse Criscuoli sobre o magistrado.
Criscuoli também expressou o desejo de ter o ministro Alexandre de Moraes como um militar quatro estrelas -— mais alta patente militar dentro do Exército – para participar da trama golpista que objetivava manutenção de Bolsonaro no poder.
“O que eu mais queria, cara, o que eu mais sonho na minha vida é que o Xandão fosse um quatro estrelas, cara. Se esse cara fosse um general de quatro estrelas, nós tava feito”, disse o coronel.
Mário Fernandes e Roberto Criscuoli conversam sobre a trama golpista com preocupação em decorrência da desistência de alguns militares da tratativa e o desejo de cooptar o então superintendente da Polícia Federal do Distrito Federal, Victor Cesar Carvalho dos Santos.
“Se o Xandão fosse general, ele tinha prendido todo mundo. Se tivesse voltado pelo mesmo lado que nós, e não pro outro. Mas esse pelo menos tem colhão, como um general teria que ter”, disse o coronel do Exército.
O dito popular “ter colhão” se refere ao fato de ser valente e não se acovardar diante do perigo.
Fernandes e Criscuoli
Mário Fernandes é general da reserva e atuou como número dois da Secretaria-Geral da Presidência durante o governo Bolsonaro. Ele foi preso pela Polícia Federal na terça-feira (19/11), apontado como um dos militares mais radicais na trama golpista. É um dos indiciados pela Polícia Federal no Inquérito do Golpe.
Ele também é indicado como um dos interlocutores e apoiadores dos manifestantes acampados em frente ao Quartel General do Exército Brasileiro (QG) em Brasília.
Depois que Bolsonaro deixou o Palácio do Planalto, Fernandes assumiu um cargo como assessor do deputado federal Eduardo Pazuello (PL-RJ), ex-ministro da Saúde de Bolsonaro.
Raimundo Criscuoli, por sua vez, defendeu o fim da postura “democrata” adotada no final do governo Bolsonaro e a defendeu a tomada de medidas radicais. “Democrata é o cacete. Não tem que ser mais democrata agora”, escreveu o oficial em conversas com o general Mário Fernandes.
Com colaboração de Maria Eduarda Portela e Junio Silva.