metropoles.com

Militar em mensagem sobre o golpe: “Só a Marinha quer guerra”. Veja

Militares compartilharam mensagem sobre decisão das Forças Armadas diante do plano de golpe e chamaram Exército e Aeronáutica de “traidores”

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Andre Borges/Esp. Metrópoles
Ex-presidente jair Bolsonaro ao lado de autoridades do governo e forças armadas pf - metrópoles
1 de 1 Ex-presidente jair Bolsonaro ao lado de autoridades do governo e forças armadas pf - metrópoles - Foto: Andre Borges/Esp. Metrópoles

Mensagens recuperadas pela Polícia Federal (PF) no celular do tenente-coronel Sergio Cavaliere, que é um dos 37 indiciados pelo crime de golpe de Estado, revelam como foi a reação entre os militares, diante da negativa de apoio ao golpe por parte dos comandos do Exército e da Aeronáutica. “Só a Marinha quer guerra”, consta em texto compartilhado via WhatsApp, no dia 16 de dezembro de 2022.

Cavaliere é apontado no inquérito como um dos integrantes do chamado Núcleo de Desinformação e Ataques ao Sistema Eleitoral. No dia 15 de dezembro de 2022, data em que o então presidente Jair Bolsonaro (PL) assinaria o decreto de golpe, ele trocou mensagens com o coronel Gustavo Gomes, fazendo a seguinte pergunta: “Guerra interna ou contra vizinhança?”.

A PF acredita que o teor se refere ao contexto de adesão ou não do Exército ao golpe de Estado. Até essa data, acreditava-se que as Forças Armadas poderiam apoiar o projeto golpista. Gomes respondeu a pergunta de Cavaliere da seguinte forma: “Interna. Cabeças vão rolar. Pilhas de provas. Não terão como estrebuchar”, ao que o tenente-coronel reagiu: “Ótimo”.

Veja abaixo os núcleos da trama golpista:

6 imagens
Núcleo de oficiais de alta patente com influência e apoio a outros núcleos
Núcleo de inteligência paralela
Núcleo Operacional de Apoio às Ações Golpistas
Núcleo Jurídico
Núcleo de Incitação Militar
1 de 6

Núcleo de desinformação e ataques ao sistema eleitoral

Arte/Metrópoles
2 de 6

Núcleo de oficiais de alta patente com influência e apoio a outros núcleos

Arte/Metrópoles
3 de 6

Núcleo de inteligência paralela

Arte/ Metrópoles
4 de 6

Núcleo Operacional de Apoio às Ações Golpistas

Arte/Metrópoles
5 de 6

Núcleo Jurídico

Imagem colorida
6 de 6

Núcleo de Incitação Militar

Arte/Metrópoles

No dia seguinte, 16 de dezembro de 2022, diante da não efetivação do golpe e da não assinatura da minuta golpista, Gomes enviou a Cavaliere uma mensagem que havia recebido de um amigo sobre a discordância dos comandos do Exército e Aeronáutica. O texto foi compartilhado entre militares:

“Infelizmente a FAB afrouxou e o EB (Exército Brasileiro) agora também está afrouxando. Somente o MB (Marinha Brasileira) quer guerra. O PR (presidente da república) realmente foi abandonado”. Cavaliere respondeu mais embaixo: “Teremos que cortar algumas cabeças, então. (…) Deixe o povo saber quem são os traidores.”

Veja: 

Mensagem para Mauro Cid

Após receber a mensagem de Gustavo Gomes, Cavaliere respondeu em áudio, segundo a PF, dizendo que havia compartilhado o print com o “nosso amigo lá da presidência”. Essa pessoa, conforme a investigação, seria o tenente-coronel Mauro Cid, então ajudante de ordens da Presidência da República.

No áudio, Cavaliere informou a Gomes que Cid havia confirmado toda a história e que o caso era exatamente esse. A Marinha, na figura do então comandante Almir Garnier Santos – outro dos 37 indiciados pela PF – aceitou cumprir as ordens do plano de golpe, enquanto Exército e Aeronáutica refutaram a ruptura institucional.

“Acabei de falar com Cid, e ele falou que não vai ter nada. Está pronto, só que não vai assinar por conta disso que te falei. O alto comando está rachado e não quer… não quer encampar a ideia”, explicou Cavaliere no áudio.

A falta de apoio de duas das três Forças Armadas é o que teria feito Bolsonaro recuar no planejamento de golpe e desistido de assinar o decreto. A PF aponta que o então presidente tinha “plena consciência” do que estava em curso e que sabia, inclusive, do plano “Punhal Verde e Amarelo”, que previa o sequestro e até morte de autoridades, como o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Retirada do sigilo e envio à PGR

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes retirou o sigilo do relatório da PF nesta terça-feira (26/11) e encaminhou o inquérito para análise da Procuradoria-Geral da República (PGR), que será a responsável por apresentar ou não a denúncia ao Judiciário.

O indiciamento de 37 pessoas feito pela PF, na última semana, é resultado de uma investigação que durou quase dois anos e que foi concluída após a deflagração da Operação Contragolpe. A ação tornou público o plano que previa, até mesmo, o assassinato de autoridades, como o presidente Lula, o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e Alexandre de Moraes.

Além de Bolsonaro, aparecem na lista de indiciados nomes como o do ex-ministro da Defesa e candidato a vice na chapa do ex-presidente, em 2022, general da reserva Braga Netto, e do ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) e também general da reserva do Exército, Augusto Heleno.

Eles foram indiciados pelos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa. No despacho desta terça-feira, Moraes assinala como o grupo teria se articulado em diferentes núcleos de atuação, mas com um objetivo em comum: evitar a posse da chapa vencedora nas eleições presidenciais de 2022.

Quais assuntos você deseja receber?

Ícone de sino para notificações

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

Ícone de ajustes do navegador

Mais opções no Google Chrome

2.

Ícone de configurações

Configurações

3.

Configurações do site

4.

Ícone de sino para notificações

Notificações

5.

Ícone de alternância ligado para notificações

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comNotícias Gerais

Você quer ficar por dentro das notícias mais importantes e receber notificações em tempo real?