Militantes bolsonaristas partem para cima de repórteres: “Seus lixos”
Dois episódios de agressões verbais foram registrados nesta segunda-feira (25/05): no Palácio da Alvorada e Ministério da Defesa
atualizado
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Apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) agrediram verbalmente e chegaram perto de partir para o confronto físico com profissionais de imprensa em duas ocasiões nesta segunda-feira (25/05).
A primeira ocorreu pela manhã, logo após o presidente deixar o Palácio da Alvorada, sua residência oficial. O segundo foi registrado logo após o chefe do Executivo deixar o Ministério da Defesa, onde se encontrou e almoçou com o ministro Fernando Azevedo.
Os primeiros xingamentos que partiram dos simpatizantes de Bolsonaro ocorreram logo após a saída do comboio presidencial. Nesta segunda, a área destinada aos visitantes, limitada a 35 pessoas, lotou rapidamente e, pela primeira vez, a segurança organizou um segundo cercadinho – do outro lado da rua –, onde o presidente também sinalizou para os apoiadores.
Enquanto cumprimentava os militantes, Bolsonaro disse aos repórteres: “quando vocês aprenderem a falar a verdade, eu converso com vocês”. Ele interagiu com uma mulher que pedia mais investimento em propaganda porque, segundo ela, a imagem de Bolsonaro na imprensa estrangeira não é boa. “A mídia internacional é de esquerda”, rebateu o chefe do Executivo.
Assim que o presidente embarcou, o grupo que estava do outro lado da rua se posicionou diante dos microfones, onde Bolsonaro costuma conceder as entrevistas, e começou a gritar: “Globo lixo”, “CNN lixo” e “mídia lixo”. Na sequência, as ofensas passaram a ser contra os próprios repórteres, que foram chamados de “corruptos, comunistas, vendidos e vagabundos”.
Foram aproximadamente três minutos de xingamentos. Após esse período, seguranças do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) decidiram intervir e retiraram os manifestantes. Na saída – que é a mesma para visitantes e profissionais – os militantes tornavam a chamar de “lixo” cada jornalista que passava. Os jornalistas não revidaram os xingamentos.
Ministério da Defesa
Bolsonaro deixou o Palácio do Planalto pouco antes do meio-dia e seguiu até o Ministério da Defesa para um almoço com o ministro Fernando Azevedo. Enquanto o presidente estava no interior do edifício, vários apoiadores o esperavam, de maneira silenciosa, do lado de fora.
Assim que o comboio partiu, o grupo, entre eles membros do acampamento bolsonarista “300 do Brasil”, que defende táticas militares para apoiar o atual presidente, partiu novamente para cima dos profissionais de imprensa. As palavras usadas eram as mesmas utilizadas para ofender repórteres no Alvorada.
A direção da Polícia Civil do Distrito Federal afirmou ao Metrópoles que a PCDF reforçou o monitoramento sobre o grupo que se intitula “300 do Brasil” e tem liderado ataques físicos e verbais a cidadãos que se opõem ao governo Bolsonaro e jornalistas em atividade.
Em um determinado momento (veja abaixo), um apoiador quase partiu para a violência física contra os jornalistas.
O presidente @jairbolsonaro almoçou com o Ministro da Defesa, general Fernando Azevedo e Silva, na tarde desta segunda (25/5). Fora do edifício onde fica o ministério, apoiadores do mandatário atacaram a imprensa #Metrópoles pic.twitter.com/tsr3FuySBk
— Metrópoles (de ?) (@Metropoles) May 25, 2020
Os xingamentos só cessaram após interferência da Polícia Militar. Um militar chegou a empunhar um spray de pimenta para que um bolsonarista cessasse a agressão, que foi encerrada antes do seu uso.
Os ataques geraram repúdio nas redes sociais e das entidades classistas. Entre elas, o Sindicato dos Jornalistas do Distrito Federal, que publicou o vídeo dos ataques em suas redes. Veja: