“Milicianos”, diz motorista agredido em abordagem de vereador do Rio
Político bolsonarista Gabriel Monteiro usava escolta da Polícia Militar do Rio de Janeiro no momento da abordagem. Caso é investigado
atualizado
Compartilhar notícia
Na noite da última quinta-feira (24/6), o caminhoneiro C.H.S.A, de 37 anos, tinha acabado de colocar mesas na caçamba em seu caminhão. Ele estava em Copacabana (RJ) e passaria a noite trabalhando, realizando frete.
Antes mesmo de iniciar o trabalho, no entanto, foi abordado por policiais militares que faziam a escolta do vereador bolsonarista Gabriel Monteiro (PSD). As informações são do jornal O Dia.
Em depoimento, o motorista afirmou que foi acusado pelo político de transportar material de contravenção. Ele ainda foi espancado por homens que usavam roupas pretas e toucas que cobriam os rostos, foi algemado e ameaçado de morte.
“Achei que eram milicianos ou assaltantes. […] Apertaram muito as algemas, só com a chegada da PM que retiraram”, disse.
Um dia após o episódio, a Justiça determinou que caberá à Câmara Municipal do Rio de Janeiro realizar a escolta do vereador. Os agentes da PM que o acompanhavam foram retirados dos serviços do político. O caso está sendo investigado.
Ainda no depoimento, o motorista disse que estava com medo das ameaças sofridas e mudou-se com a família do Rio.
“Estou com muito medo, não atendo nem o telefone. Passei a receber ligações de números que não conheço, não estou nem saindo de casa”.
Segundo o vereador Gabriel Monteiro, no local da abordagem funciona um bingo. A versão do político ainda não foi confirmada.
Uso da escolta da PM
O uso de escolta da Polícia Militar pelo vereador é rotina, e já é debatida na Justiça do Rio de Janeiro. A polêmica ocorre antes mesmo dele ser eleito, quando ainda era soldado da PM.
Na época, Monteiro fez uma ocorrência afirmando que estava sendo ameaçado por contraventores após ter denunciado um ponto de máquinas caça-níqueis. O fato nunca foi confirmado, mas com base em uma norma da PM, foi concedida segurança policial ao vereador.
Após ser eleito, em novembro de 2020, e por não ter mais estabilidade na carreira de militar, Monteiro perdeu o vínculo com a PM.
Pouco tempo depois, no entanto, ele voltou a registrar ameaças e solicitou que a Justiça concedesse o retorno da escolta – o que foi feito.