Miliciano Ecko usava empresas, farmácias e cavalos para lavar dinheiro
Considerado o maior miliciano do Rio de Janeiro, Ecko foi morto em operação policial no dia 12 de junho
atualizado
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A Polícia Civil do Rio de Janeiro estima que o miliciano Wellington da Silva Braga, o Ecko, morto no último dia 12 de junho, contou com uma série de alianças com diferentes grupos criminosos, o que resultou em lucros na casa dos R$ 10 milhões por mês.
Para esconder o dinheiro ilícito, Ecko contava com duas empresas — uma de saibro e outra de locação de equipamentos —, além de uma rede de farmácias e até mesmo a compra de cavalos. As informações são do jornal Extra.
O principal operador financeiro da quadrilha é o irmão de Ecko, Luís Antônio da Silva Braga, o Zinho. Segundo as investigações, Zinho é sócio da Macla Extração de Comércio e Saibro, empresa de terraplanagem, usada na lavagem de dinheiro da milícia. As movimentações totais ultrapassaram R$ 40 milhões em cinco anos.
Farmácias e animais
Nos últimos dois anos, segundo a polícia, Ecko passou a investir em outro ramo para lavar dinheiro: o de farmácias, presentes principalmente na Zona Oeste do Rio. Um inquérito em andamento na Delegacia do Consumidor (Decon) apura o uso das lojas pelo grupo.
Uma operação realizada em outubro de 2020 interditou oito farmácias e apreendeu diversos documentos. Apesar de ter ajudado a chegar ao paradeiro de Ecko, os estabelecimentos já voltaram a funcionar.
Também está na mira da polícia a compra de cavalos pela quadrilha. Em 2019, 15 animais mangalarga do miliciano Danilo Dias Lima, o Tandera, antigo comparsa de Ecko, foram bloqueados na Justiça.
Agora, cavalos comprados por Ecko também estão em investigação. A polícia sabe que o miliciano tinha paixão pelos animais e costumava frequentar um rancho em Paciência, na Zona Oeste, área sob seu domínio.
Tandera é apontado pela Polícia Civil como um dos prováveis sucessores de Ecko. As movimentações da quadrilha são monitoradas. Dentro do presídio Bangu 9, no Complexo de Gericinó, onde ficam os presos milicianos, a direção impediu o contato entre detentos ligados e Ecko e os ligados a Tandera durante 48 horas.
Sem maiores alterações, o banho de sol com todos juntos foi liberado na última quarta-feira (16/6).
De pedreiro a bandido sanguinário
Antes servente de pedreiro, Wellington da Silva Braga herdou a chefia da milícia Liga da Justiça, que atua na zona oeste do Rio, do irmão Carlos Alexandre Braga, o Carlinhos Três Pontes, em 2017. Na extensa ficha criminal de Ecko, são atribuídos crimes como homicídio, extorsão e organização criminosa.
Segundo investigações que incluíram o Ministério Público, Ecko era ligado também ao miliciano Adriano da Nóbrega, ex-PM, fundador do Escritório do Crime, grupo de matadores de aluguel.
Adriano foi morto no ano passado na Bahia. Ecko era um dos bandidos mais procurados do Rio, e o Disque-Denúncia oferecia R$ 10 mil por informações que o levassem à prisão.