“Milícia não vai mais perder eleição”, diz Freixo sobre voto impresso
Em entrevista ao Metrópoles, o deputado eleito pelo PSol criticou a PEC que trata do assunto em tramitação na Câmara.”É um escândalo”, disse
atualizado
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Em entrevista ao Metrópoles, o deputado federal Marcelo Freixo (PSol-RJ) criticou a Proposta de Emenda à Constituição 135/2019, conhecida como PEC do voto impresso. O texto em discussão na Câmara dos Deputados torna obrigatória a impressão do voto em cédulas de papel. “É um escândalo, um desejo de quem defende a mílicia”, afirmou (confira a partir de 21’50”).
“Imagina em uma área onde tem milícia, como no Rio de Janeiro, onde 58% do território da cidade está na mão de milicianos, de acordo com estudos recentes. Se você passar o recado para a população que em algum lugar está anotado o seu voto, a milícia nunca mais perde uma eleição”, disse.
No último dia 13 de maio, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), decidiu instalar uma comissão especial para analisar a proposta. A PEC, de autoria da deputada Bia Kicis (PSL-DF), já passou pelo crivo da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Casa.
“As urnas eletrônicas são auditáveis. Eu acho curioso porque o Brasil está com fome, a violência está crescendo, temos desemprego. Estamos chegando a 500 mil mortos por Covid-19 e a preocupação deles é o voto impresso. A urna eletrônica é uma das poucas coisas que está funcionando, mas é a isso que eles querem dedicar energia”, criticou.
Salles e “Bolsolão”
Autor de uma ação popular que pede o afastamento de Ricardo Salles do cargo de ministro do Meio Ambiente, apresentada à Justiça Federal do Distrito Federal, Freixo defendeu que a permanência de Salles no posto é uma ameaça ao país. “Ele tem muito mais compromisso com interesse com interesses privados, de grileiros, do que interesse público pelo meio ambiente”, disse (0’50”).
“A manutenção de Salles no cargo é uma ameaça muito grave. Não só para aqueles que se preocupam com a questão ambiental, com a questão climática e com o planeta. Mas também para quem se preocupa com a economia. O agronegócio, que sem dúvida nenhuma tem uma importância econômica enorme no Brasil de hoje, pode sofrer sanções brutais do mercado europeu e britânico”, afirmou.
Líder da minoria na Câmara dos Deputados, Freixo cobrou investigação do Tribunal de Contas da União (TCU) sobre o orçamento paralelo utilizado pelo governo federal para destinar verbas para parlamentares, o chamado “Bolsolão”. De acordo com denúncia do jornal O Estado de S. Paulo, os valores repassados chegaram a R$ 3 bilhões.
“No mínimo transparência a gente tem que ter. Quem pediu? Pediu pra onde? E pediu quanto? O que não pode é ter dinheiro público atendendo deputado sem que a gente saiba”, disse (16’20).
Saída do PSol e governo do Rio de Janeiro
Freixo falou sobre as tratativas para deixar o PSol, partido pelo qual foi eleito deputado federal. “Eu tenho uma história muito bonita com o PSol”, afirmou. “A gente tem conversado sobre o que é melhor para 2022, essa decisão será tomada em conjunto. Eu tenho conversado com o PSB, mas também converso com outras forças políticas. A gente precisa fazer uma frente ampla no Rio de Janeiro”, disse (27’20”).
O deputado já manifestou, em diversas ocasiões, a intenção de disputar o governo do estado Rio de Janeiro nas próximas eleições.
Em entrevista ao colunista do Metrópoles Guilherme Amado, o ex-presidente da Câmara dos Deputados Rodrigo Maia (DEM-RJ) disse que também pode participar da corrida pelo Palácio da Guanabara em 2022. “Eu já disputei uma eleição com o Rodrigo [Maia]. A prefeitura do Rio, em 2012. Não teria problema de disputar uma outra”, disse Freixo à Rachel Sheherazade.
Freixo, no entanto, destacou que “o ideal é que a gente possa fazer uma força só e ganhar a eleição”. “Mas, se for necessária uma união só no segundo turno, é do jogo também”, completou.
Na entrevista, Freixo também falou sobre a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19 no Senado e da disputa pelo Palácio do Planalto em 2022. Confira: