MG concentra 63% das barragens de minérios com “alto risco estrutural”
Brasil tem 19 barragens de rejeitos de minério com alto risco de acidentes: 12 delas ficam em Minas Gerais. Confira a situação das unidades
atualizado
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Das 19 barragens de rejeitos de minério com alto risco de acidentes no Brasil, 12 ficam em Minas Gerais. Isso equivale a 63,1% do total. Duas delas têm potencial de dano médio, e para as outras 10, ele é considerado alto. Os dados constam no relatório mais recente publicado pela Agência Nacional de Mineração (ANM) sobre a situação das barragens de minério brasileiras.
A ANM considera alto o risco de acidente quando há problemas nas características técnicas do local ou o estado de conservação da barragem é ruim. Já o potencial de dano é medido pelo tamanho do estrago que pode ocorrer caso haja rompimento da estrutura, “graduado de acordo com as perdas de vidas humanas e impactos sociais, econômicos e ambientais”, explica a entidade.
As barragens com alto risco de acidente de MG estão localizadas nas cidades de Belo Horizonte, Brumadinho, Itabirito, Mariana, Ouro Preto e Rio Acima. Apenas outros três estados brasileiros têm barragens de minérios com o mesmo grau de risco. São três em Mato Grosso, duas no Pará e outras duas em Rondônia.
Confira:
De acordo com o mapeamento da ANM, o risco de acidentes é médio em 54 barragens de rejeitos de minério. Nas outras 376, esse potencial é considerado baixo. Com relação aos danos que poderiam ocorrer caso houvesse acidentes nesses locais, a proporção se inverte. Em 223 barragens, ele é considerado alto. Em 142, médio, e em apenas 84, baixo (veja abaixo).
O Cadastro Nacional de Barragens 2016, publicado em 2017 pela Agência Nacional de Mineração, mapeou 449 das 839 barragens de rejeitos de minério existentes no Brasil.
Baixo risco em Brumadinho
A Barragem I do Córrego do Feijão, que se rompeu nessa sexta-feira (25/1) em Brumadinho (MG), servia à Mina Feijão, de propriedade da Vale. Em 2016, a ANM considerou baixo o risco de acidentes no local. Já o potencial de dano era alto. A barragem tinha 87 m de altura e era utilizada para armazenar minério de ferro, segundo o relatório da ANM.
O Sistema Nacional de Informações sobre Segurança de Barragens (SNISB), mantido pela Agência Nacional de Águas (ANA), atribui à estrutura que se rompeu nessa sexta-feira um “não classificado”, ou seja, não há avaliação sobre o risco de acidentes no local. O SNISB tem 3.583 barragens cadastradas – utilizadas para minérios e também para água. Destas, apenas 401 foram classificadas de acordo com o risco estrutural. Em 87 delas, ele era alto.
Em nota, a Vale afirmou que a estrutura administrativa da mina foi atingida pelos rejeitos, “indicando a possibilidade, ainda não confirmada, de vítimas”. Em boletim divulgado às 16h45, o Corpo de Bombeiros de MG informou que aproximadamente 200 pessoas estavam desaparecidas na região atingida pela lama derivada da barragem rompida.
À noite, os bombeiros informaram ter resgatado 182 pessoas com vida e tanto a prefeitura de Brumadinho quanto o governo do estado confirmaram que sete pessoas morreram. Mais corpos ainda podem ser encontrados.
Com reportagem de Natália Leal