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Haddad defende taxar ricos: “Pessoa está num paraíso fiscal só dela”

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, concedeu entrevista ao vivo, no estúdio do Metrópoles, nesta quarta-feira (26/7)

atualizado

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Ministro da Economia, Fernando Haddad, é entrevistado no estúdio do Metrópoles
1 de 1 Ministro da Economia, Fernando Haddad, é entrevistado no estúdio do Metrópoles - Foto: Vinícius Schmidt/Metrópoles

Em entrevista ao Metrópoles nesta quarta-feira (26/7), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), comentou a proposta de taxação de fortunas dos chamados “super-ricos”. Essa classe tem uma tributação diferenciada, sem pagamento do chamado “come-cotas”. Segundo o ministro, o “super-rico” é uma “pessoa que está em um paraíso fiscal só dela”. Ele ainda emendou: “O Brasil criou uma espécie de conta paradisíaca para essas 2 mil famílias [de super-ricos]. Não faz sentido”.

“Estamos falando de 2,4 mil fundos, que envolvem um patrimônio da ordem de R$ 800 bilhões. Se fosse 1% da população, 2 milhões de pessoas… Estou falando de 2 mil pessoas”, defendeu o ministro.

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Fernando Haddad (PT), ministro da Fazenda
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Ministro Fernando Haddad em entrevista ao Metrópoles
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Haddad ainda ressaltou que a não taxação das grandes fortunas faz parte de uma legislação anacrônica. “Ninguém está querendo tomar nada de ninguém. Estamos cobrando o rendimento desses fundos como qualquer trabalhador. Você recebe o salário, você paga o Imposto de Renda”, observou.

Veja a entrevista com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad:

 

Ao Metrópoles Haddad destacou que o Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) de 2024 será “equilibrado”.

“Orçamento equilibrado é orçamento equilibrado”, explicou o ministro. “Estou usando o termo para dizer que o déficit primário é igual a zero. Orçamento equilibrado é déficit zero.”

O orçamento do próximo ano deverá ser apresentado até 31 de agosto deste ano. De acordo com Haddad, caso o Congresso não aprove a proposta submetida, “o relator vai ter que ajustar a peça orçamentaria à luz do que foi acordado”.

Taxa Selic

Embora tenha reafirmado que o governo não mede esforços para derrubar a taxa básica de juros (Selic), o ministro voltou a citar o Banco Central, na pessoa de Roberto Campos Neto, como “um pressuposto”. Segundo Haddad, o mercado espera que a próxima reunião do Conselho de Política Monetária (Copom) defina uma queda de 0,5% nos juros.

“A inflação dos últimos 12 meses está abaixo de 3,2%. Isso, com toda a reoneração de combustíveis”, observou. “As projeções de fim do ano estão todas em menos de 5%; no começo do ano, estavam todas acima de 6%. A inflação projetada para este ano caiu mais de um ponto percentual. Ou seja: você vai manter os juros na casa dos 10% em termos reais?”, ponderou o chefe da Fazenda.

O ministro calculou que seriam necessárias oito reuniões do Copom para o Brasil chegar à segunda maior taxa de juros do mundo, que é a do México. “Então, às vezes fica parecendo uma coisa pessoal: ‘O Haddad quer…’, ‘O Haddad está torcendo…’. Não é isso. Eu estou falando de dados objetivos. Não trabalho com outra coisa que não sejam dados objetivos.”

Obstáculos junto ao mercado

Na entrevista, Haddad frisou que sua relação com o mercado melhorou bastante, mas ainda vê “muitos obstáculos” a serem vencidos.

“O mercado, por definição, se sobressalta às vezes. É da natureza do mercado operar por sobressalto”, destacou. “O mercado é sempre uma coisa que você tem que saber conduzir, porque não existe um mercado. São pessoas que estão nas mesas de operação, seguindo seus valores, sua visão de mundo, o que elas entendem que é o rumo correto.”

“É muito difícil avaliar, de uma semana para outra, a atuação de uma pessoa. Hoje, já temos seis meses. Está tudo resolvido? Não, estamos longe. Tem muita coisa que inspira cuidado. Eu sou uma pessoa otimista, mas eu sei que temos muitos obstáculos a serem vencidos. Não será tarefa fácil recolocar o Brasil em uma trilha de desenvolvimento sustentável.”

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