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Mesmo com Forças Armadas na rua, crime e insegurança no Rio persistem

No primeiro fim de semana da operação Rio Quer Segurança e Paz, os hospitais estaduais receberam dez baleados

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ALESSANDRO BUZAS/FUTURA PRESS/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO
REFORÇO SEGURANÇA FORÇAS ARMADAS
1 de 1 REFORÇO SEGURANÇA FORÇAS ARMADAS - Foto: ALESSANDRO BUZAS/FUTURA PRESS/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO

Os criminosos não recuaram nem os índices de violência caíram significativamente na semana inicial da presença das Forças Armadas no Rio. Nos primeiros quatro dias de agosto (até 19 horas desta sexta (4/8), o Rio havia registrado 55 tiroteios, segundo o aplicativo colaborativo Onde Tem Tiroteio (OTT-RJ). Foram 5 a mais que os registros do mesmo período da semana anterior, de terça a sexta. O governo estadual não divulgou dados oficiais de criminalidade.

No primeiro fim de semana da operação Rio Quer Segurança e Paz, os hospitais estaduais receberam dez baleados. No anterior haviam sido 13, variação considerada dentro da média pela Secretaria Estadual de Saúde.

Em contraste, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) informou que houve redução, no estado, de roubos a carga, um dos crimes que mais cresceram nos últimos meses. De 1º a 14 de julho – quando ainda não estava nas ruas a Operação Égide, ação preparatória para a vinda das forças ao Rio – houve 54 crimes. Já de 15 a 31 de julho foram 39, uma redução de 27,78% no número de casos. A ação militar começou na sexta-feira da semana passada, 28 de julho, quando as tropas foram para as ruas. Na quarta, os militares voltaram para os quartéis.

O Instituto de Segurança Pública (ISP), órgão especializado em estatísticas ligado à Secretaria de Segurança, informou que não divulga números semanais das ocorrências. O Comando Militar do Leste, que responde pelo Exército na região, afirmou que não divulgaria números. “Dizer, com uma semana (de operação), quando os índices cairão é uma previsão impossível”, afirmou o ministro da Defesa, Raul Jungmann, em entrevista ao Estado

Ao longo da semana, os criminosos demonstraram desprezar a presença militar. Na sexta (4/8), por exemplo, assaltantes atacaram um caminhão da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, no Engenho Novo, na zona norte do Rio. O veículo foi levado para o Morro São João, no mesmo bairro, onde as encomendas que transportava foram roubadas.

Anteontem, um policial militar que estava de folga foi baleado em assalto a uma agência bancária no bairro Jardim América, na zona norte. Outro agente foi morto a tiros em São Gonçalo, na região metropolitana, no sábado. O crime elevou para 92 o número de PMs mortos no Rio apenas neste ano. No ano passado, foram 78

Ao todo, 8,5 mil militares estão no estado, além de 620 homens da Força Nacional de Segurança e 1.120 da Polícia Rodoviária Federal (PRF) – 740 desses já estavam no Rio. De sábado a terça-feira, os militares fizeram ações de reconhecimento das áreas do Rio e blitze.

Percepção

Um estudo do Laboratório de Análise de Políticas Públicas da Fundação Getúlio Vargas (FGV-DAPP) avaliou que, das 48,3 mil menções à violência no Twitter feitas nesta primeira semana de agosto, 32% vieram do Rio. Segundo a pesquisadora Maria Isabel Couto, o debate aumentou com a presença dos militares.

“Vimos um posicionamento ambíguo nos comentários. Algumas pessoas agradecendo e considerando importante as Forças Armadas e outras criticando o que consideram o sinal de falência do Estado. Mas o caráter de lamento, de como o Rio é um lugar bonito mas tem uma segurança muito ruim, é frequente.”

“Nunca prometemos soluções mágicas”

O ministro da Defesa, Raul Jungmann, afirma que o foco inicial das Forças Armadas no combate ao crime no Rio serão armas, especialmente fuzis, comando do crime e dinheiro. Ao Estado, ele afirma que, com uma semana de operação, é impossível dizer quando os indicadores de violência cairão. Promete, porém, boas notícias “muito em breve”. A seguir, um resumo dos principais trechos da conversa:

Como o senhora avalia a primeira semana da operação das Forças Armadas no Rio e os números da violência?

Sobre os números, quem os tem é a Secretaria de Segurança do Rio Ademais, uma semana é insuficiente para medir tendências e/ou resultados.

Em quanto tempo o senhor acha que dá para ver um resultado prático?

As ações serão variadas e não obedecerão a uma rotina. Serão múltiplas as formas, os meios e os métodos. As Forças Armadas atuarão em apoio, não no combate ao crime, que é tarefa das polícias. Nosso foco inicial são as armas, em especial, fuzis.

Como será dado esse foco? Nas operações da PRF nas fronteiras?

Dizer, com uma semana (de operação), quando os índices cairão é uma previsão impossível, no momento. Os focos serão armas/fuzis, comando do crime e recursos financeiros.

Nestes primeiros dias em que a Força estava nas ruas, pensávamos que a ação militar inibiria criminosos, o que a população anseia mais.

(A população) Anseia (a ação militar que) e inibe (o crime). Mas ela não reduz a capacidade operacional do crime. Entramos, eles tiram férias, a população é “anestesiada”. Saímos – não é possível ter tropa nas ruas indefinidamente, além do custo altíssimo -, e eles voltam, muitas vezes mais ferozes. Tropa na rua inibe, jamais golpeia o crime.

O senhor que deixar algum recado para a população do Rio?

As ações e os resultados virão, muito em breve. Nunca prometemos soluções mágicas, mas trabalho duro e continuado. Inteligência, polícia, militares e ação social estão trabalhando integradamente neste momento. Muito em breve teremos boas noticias.

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