Mesmo após o 8/1, Abin alertou para novas formas na radicalização de grupos extremistas
Segundo a Abin, houve “parcial desarticulação do movimento” golpista após o 8 de janeiro, mas permaneceu o “risco de mobilização violenta”
atualizado
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A Agência Brasileira de Inteligência (Abin) alertou para uma mudança no modus operandi de grupos extremistas após os atos antidemocráticos de 8 de janeiro. Um relatório elaborado pela agência mostra que houve suspeita de artefatos explosivos e ataques a infraestruturas críticas, como torres de transmissão, além de indícios de sabotagem.
O relatório foi enviado à Comissão Parlamentar Mista dos Atos Golpistas, que está em curso no Congresso Nacional.
A preocupação das forças de segurança após os ataques aos prédios do Três Poderes se voltou para o monitoramento das atividades de grupos extremistas. Alguns registros foram feitos logo depois. De toda maneira, a atenção permanece ativa a respeito de repercussões posteriores.
Segundo a Abin, houve “parcial desarticulação do movimento” golpista após o 8 de janeiro, mas permaneceu o “risco de mobilização violenta de atores isolados ou pequenas células”. “Mantém, também, a ameaça representada por indivíduos radicalizados que participaram dos atos de violência e de vandalismo, mas que ainda não foram localizados e detidos.”
A Abin relata que houve uma tentativa de sabotagem em torre de transmissão na cidade de Rio das Pedras (SP) e outras três torres de transmissão derrubadas, uma no Paraná e duas em Rondônia. Isso teria acontecido entre 12 e 24 de janeiro, dias após os atos golpistas.
Em 10 de janeiro, foi encontrada uma mochila suspeita em Feira de Santana (BA) contendo quatro artefatos supostamente explosivos conectados a uma placa eletrônica. Também foi encontrado um artefato explosivo próximo à rodoviária do Plano Piloto em Brasília, em 11 de janeiro. Ambos foram removidos por equipe especializada da polícia.
“Há tendência de formação de agrupamentos menores, mais fechados e formados por indivíduos radicalizados com maior propensão a ação violenta e de mudança do modus operandi, passando de ações ostensivas, como bloqueios e manifestações, para atos de vandalismo, sabotagem ou ataques contra ICs”, diz o relatório.
Sabotagem em torres
Em outro relatório, elaborado no dia 19 de janeiro, a Abin fala sobre ataques a torres de linhas de transmissão e de energia elétrica. Nesse documento, a agência cita casos com suspeita de sabotagem em São Paulo, Paraná, Pernambuco, entre os dias 8 e 18 de janeiro.
“Após os atos do dia 8, foram detectados ataques às torres de linhas de transmissão do sistema interligado nacional e de energia elétrica em diversos estados. Em Rondônia, ocorreram dois eventos. o primeiro no dia 8, às 21h30, em Cujubim, que provocou interrupção da operação em Samuel/Ariquemes, da Eletronorte, devido a queda da torre; e o segundo, 9 de janeiro, 0h40, em Rolim de Moura (RO), no Complexo do Madeira, com a queda da torre que compõem o bipolo 2 da lt 600kv Porto Velho.”
Segundo a agência os cabos de sustentação foram intencionalmente rompidos ou suprimidos com a utilização de ferramentas adequadas para o ato.
Nesse relatório, a agência diz que em SP, no dia 12, “foi detectada provável tentativa de sabotagem em torre que compõem Assis/Sumaré. A torre localizada em rio das pedras foi encontrada sem diversas peças de sustentação da sua estrutura”.
A Abin relata que “em Mato Grosso, dia 17, às 16h, foram identificados indícios de sabotagem em uma torre situada a margem da rodovia deputado Emanuel Pinheiro, em Cuiabá”. As equipes da empresa Eletronorte, segundo o documento, identificaram que foram removidos parafusos de uma das torres.