Mensagens indicam novas vítimas do PM que propôs a adolescente: “Motel, topam?”
Capitão da PMGO, preso por assediar e convidar menor de 12 anos para ir ao motel, em Rio Verde, teria feito outras três vítimas, pelo menos
atualizado
Compartilhar notícia
Goiânia – Troca de mensagens e um vídeo registrado por câmeras de segurança levantam a suspeita de que o policial militar preso em flagrante no dia 1º/8, em Rio Verde, no sudoeste goiano, após tentar seduzir um garoto de 12 anos e chamá-lo para ir ao motel, tenha praticado o mesmo crime contra outras três crianças, pelo menos.
Ao analisar os dados contidos no telefone do homem, que é capitão da reserva da Polícia Militar de Goiás (PMGO) e tem 59 anos de idade, os agentes da Polícia Civil encontraram mensagens trocadas com outras supostas vítimas, todos meninos, de 8, 11 e 12 anos, respectivamente.
Essas novas mensagens não foram divulgadas, mas o conteúdo, segundo o delegado regional de Rio Verde, Carlos Roberto Batista, tem conotação sexual. Em uma delas, inclusive, o policial teria solicitado a um dos menores que enviasse uma foto sem roupa.
“A gente ainda não sabe se teve contato íntimo consumado com esses outros menores, mas isso [troca de mensagens com cunho sexual], por si só, já é um crime”, afirma o delegado.
O inquérito referente ao primeiro caso, do garoto de 12 anos e do primo de 18, ambos convidados pelo policial para irem ao motel, foi concluído e resultou no indiciamento do suspeito por importunação sexual e estupro de vulnerável. Ele segue preso preventivamente no Presídio Militar, em Goiânia.
A Polícia Civil instaurou, agora, uma nova investigação para apurar as suspeitas recentes que surgiram, a partir desses novos elementos.
Veja as mensagens enviadas pelo policial ao menor e ao primo de 18 anos:
Vídeo na piscina do clube
Além dos indícios, considerados fortes pelo delegado, colhidos no celular do policial, uma denúncia anônima reforçou a suspeita. Uma pessoa levou até a polícia um vídeo registrado por câmeras de segurança de um clube da cidade, em que o policial aparece dentro da piscina abraçando por trás um garoto e se esfregando nele.
O menino que aparece nas imagens, sendo importunado, é um dos três com os quais o policial vinha trocando mensagens pelo WhatsApp e cuja situação a polícia só tomou conhecimento após periciar o aparelho.
O vídeo mostra, inclusive, segundo o delegado, que o garoto tenta se soltar e fugir dos braços do policial, mas ele o agarra novamente. As imagens foram registradas no último dia 30/7, um dia antes da abordagem feita pelo suspeito ao menor de 12 anos e ao primo de 18, cujo desdobramento foi a prisão em flagrante dele.
Colégio Militar
O capitão exercia a função de subcomandante do Colégio Militar de Rio Verde – Colégio Carlos Cunha Filho. Ele foi afastado da função pela PMGO, assim que o caso veio à tona. Os garotos vítimas da ação dele são todos da cidade e não têm relação com a escola.
“Não identificamos nenhum indício de que a atividade profissional dele tenha a ver com os crimes que nós investigamos. Todos os crimes foram praticados durante a vida privada, sem nenhuma relação com a vida profissional dele”, reforça o delegado regional da cidade.
Atuação no clube
A ação do policial no tal clube, onde foram registradas as imagens entregues à polícia, parecia fazer parte da maneira como ela atuava e abordava os menores, segundo a polícia.
O local é o mesmo onde, em novembro do ano passado e, novamente, em julho deste ano, ele encontrou o menor de 12 anos com o primo de 18 e não hesitou em segui-los de piscina em piscina e abordá-los até que eles pegassem seu número de telefone.
Tudo começou no dia 29/11 do ano passado, quando a família do menor de 12 anos foi ao clube e o policial também estava no local. Segundo a mãe do garoto, que conversou com o Metrópoles, o capitão teria se aproximado do adolescente dentro da piscina e passado a mão nas partes íntimas dele.
Ela conta que só tomou conhecimento disso, no dia, quando já estava em casa. Na hora ela diz que achou estranha a aproximação do homem em relação ao filho e gritou para que o garoto saísse da piscina. O menor, no entanto, ficou com vergonha de contar o que havia ocorrido e só disse depois de pressionado em casa.
No último dia 31/7, o adolescente e o primo de 18 anos retornaram ao clube e lá estava, novamente, o policial. Sem pais por perto, o assédio ocorreu mais uma vez, e o capitão passou o número de telefone para o primo do menor. A intenção dele, de acordo com a mãe, era se aproximar do mais novo.
Com o número em mãos, a mãe e o pai do menor começaram a conversar com o policial pelo WhatsApp como se eles fossem o sobrinho e o filho. “Desde o ocorrido, em novembro, eu combinei com eles que, se acontecesse mais uma vez, era para pegar o telefone. Na obsessão dele de ter algum contato com o meu filho, ele falou tantas bobagens, marcou o encontro e (a prisão) foi mais rápido do que a gente imaginava”, diz a mãe.
A mulher conversou com o Metrópoles e contou que o filho ficou até com medo de sair de casa depois do episódio.
“Começou a surgir o medo de sair de casa e ele não quer ficar sozinho hora nenhuma. Ele ainda não conseguiu voltar para a escola”, contou ela.