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Vencedor de Prêmio Nobel é alvo de ataque xenófobo durante audiência

Líder do Movimento Conservador Amazonas, o curitibano Sérgio Kruke disse que o pesquisador não poderia falar sobre preservação ambiental

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Amazônia
1 de 1 Amazônia - Foto: Dnit/Divulgação

Durante uma audiência pública sobre o licenciamento ambiental para a pavimentação da Rodovia Manaus–Porto Velho (BR-319), o pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) e ganhador do Prêmio Nobel da Paz, Philip M. Fearnside, foi alvo de ataque xenófobo do líder do Movimento Conservador Amazonas, o curitibano Sérgio Kruke. A informação é do jornal Folha de S.Paulo.

“Como é que pode vir um cara lá dos Estados Unidos aqui? Como é que pode o cara vir de lá dizer o que eu vou fazer na minha casa. Essa casa é nossa. Se a gente quiser derrubar todas as árvores, a gente derruba. É nossa”, disse o homem, que foi ovacionado pelos presentes.

O norte-americano Fearnside é ecólogo. Na audiência, ele defendeu que, apesar de ser a única estrada que liga Rondônia e Amazonas, a pavimentação pode facilitar a grilagem e o desmatamento da floresta, já que via corta o interflúvio entre os rios Madeira e Purus, uma área sem desmatamento. O ecólogo alega que não há justificativa econômica para o ato, e prevê que haverá uma diminuição drástica de chuvas no Sudeste.

O ganhador da maior honraria mundial também defendeu que o Estudo de Impacto Ambiental (EIA), documento no qual o governo se baseia para fazer a obra, minimiza impactos mais amplos que a pavimentação traria ao meio ambiente.

Mesmo apresentando argumentos coerentes e científicos sobre os prejuízos, Kruke preferiu utilizar como alegação o fato de que um caminhoneiro havia perdido pneus em decorrência da precariedade da estrada, e que a pavimentação resolveria o suposto problema. O conservador é apoiador assumido do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e nas redes sociais defende pautas antidemocráticas.

O ecólogo foi agraciado em 2007 com o Prêmio Nobel da Paz, em reconhecimento aos alertas sobre o aquecimento global. Além de ser um dos pesquisadores mais citados na área de mudanças climáticas, Fearnside mora na Amazônia há 45 anos.

Ao fim da fala xenófoba de Kruke, o presidente da audiência, o analista do Ibama Rodrigo Herles, agradeceu o homem por ter se pronunciado dentro do tempo previsto. “Obrigado pela colaboração dentro do tempo, muito obrigado”, disse.

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