Senador diz que destruição de garimpos vai acabar no novo governo
Nove áreas ilegais de exploração de ouro e cassiterita no sudoeste do Pará foram desmanteladas pelo Ibama
atualizado
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O Ibama desmantelou nove garimpos ilegais de ouro e cassiterita dentro de dois parques nacionais no sudoeste do Pará. Com apoio de quatro helicópteros e da Força Nacional, os agentes destruíram oito PCs (escavadeiras hidráulicas), avaliadas em cerca de R$ 600 mil cada uma, além de outros equipamentos. As informações são da Folha de S.Paulo.
A operação nos Parques Nacionais do Jamanxim e do Rio Novo ocorreu entre domingo (4/10) e segunda-feira (5) e foi comandada pelo Grupo Especializado de Fiscalização (GEF), a unidade de elite do Ibama.
A destruição dos garimpos irritou o senador José Medeiros (Podemos-MT). “Vamos cassar no primeiro dia essa porcaria [portaria] que autoriza a destruição. Eu não tenho dúvida, é uma das primeiras coisas que o Bolsonaro vai fazer”, disse Medeiros em entrevista à Folha por telefone.
Eleito deputado federal, Medeiros disse nesta terça (6) em discurso no Congresso que o equipamento inutilizado pelo Ibama pertencia a “pequenos produtores, pequenos trabalhadores”.
Autorizada pela legislação, a destruição de equipamentos usados para a prática de crimes ambientais está autorizada dentro de áreas protegidas quando a remoção é considerada inviável por questões de logística e segurança.
“Nunca ouvi falar que o Ibama chegou lá na Samarco, que matou mais de 20 pessoas, e queimou um equipamento”, disse Medeiros, que participou da campanha presidencial de Jair Bolsonaro (PSL).
O parlamentar mato-grossense é próximo ao presidente eleito. Ele ajudou a coordenar a campanha no seu estado, além de ter participado de eventos no Nordeste, ao lado do senador Magno Malta (PR-ES).
Curso d’água cristalino
“Quando se fala em garimpo na cidade, o que vem à mente é a figura idílica de um garimpeiro com uma bateia em um curso d’água cristalino”, diz Roberto Cabral, coordenador do GEF.
“A imagem real do garimpo hoje é a destruição da floresta amazônica por escavadeiras hidráulicas e a contaminação dos rios, dos peixes e da população, com um dano irreparável ao meio ambiente e à saúde humana”, exemplificou. Segundo o Ibama, nenhum dono de equipamento queimado processou o órgão ambiental até hoje.
Dono de um dos garimpos destruídos, Rafael de Freitas Encinas disse que sua família explorava o local desde 1989, mas que não sabia que estava dentro de um parque nacional. “Eu preciso puxar e ver, mas não sei se era reserva ambiental, parque, não sei explicar ao certo”, observou.
Ação terrorista
Encinas disse que o Ibama fez uma “ação terrorista” por não ter permitido a retirada do equipamento. Ele calcula o prejuízo de cerca de R$ 750 mil, incluindo uma PC. “Era nossa única fonte de renda”, reclamou.
Bolsonaro tem feito críticas seguidas ao Ibama e ao ICMBio. Em uma das mais recentes, disse, em entrevista ao programa de TV Conexão Repórter, que os órgãos ambientais multam “de forma criminosa” e, em seguida, defendeu os garimpeiros.
“O garimpeiro é um ser humano como outro qualquer, é um trabalhador. O meu pai garimpou por muito tempo. Eu peguei essa mania do meu pai, sempre carreguei uma bateia.”
Criados em 2006, os Parques Nacionais do Jamanxim e do Rio Novo têm 862 mil e 538 mil hectares, respectivamente. As duas áreas estão localizadas na região de influência da BR-163, um dos principais focos na Amazônia de crimes ambientais como grilagem, extração de ilegal de madeira e garimpo.