Queimadas na Amazônia atingem pior índice para agosto em 12 anos
Este é o 4º ano consecutivo que focos de incêndio na floresta ultrapassam 28 mil. No último dia 22, o bioma teve a pior queima em 15 anos
atualizado
Compartilhar notícia
A Amazônia registrou 31.513 focos de queimadas em agosto, o maior índice para o mês desde 2010, quando 45.018 pontos de incêndio foram registrados. Isso representa um aumento de 12,3% em comparação com o mesmo período do ano passado, segundo dados divulgados pelo Instituto Nacional de Pesquisa Espaciais (Inpe), nesta quinta-feira (1º/9).
Este é o quarto ano consecutivo que o panorama de queimadas no bioma ultrapassa o patamar de 28 mil focos. O dado também está acima da média histórica para o mês, estimada em 26 mil, de acordo com o cálculo do Inpe.
Em 22 de agosto, o bioma alcançou um recorde negativo e teve o pior dia de queimadas nos últimos 15 anos. Na ocasião, foram registrados 3.358 focos de incêndios florestais em um intervalo de 24 horas.
Os registros na data representam quase três vezes os dados de focos observados em uma data emblemática na história: o Dia do Fogo. Em 10 de agosto de 2019, fazendeiros se articularam para provocar queimadas ilegais em diversos pontos da região. Ao todo, foram 1.173 focos registrados.
Confira o número de focos para o mês de agosto, ano a ano desde 2010:
Segundo o painel do Inpe, os maiores índices de queimadas na floresta Amazônica ocorreram no Pará (35,7%), Amazonas (24,4%), Mato Grosso (23,8%) e Rondônia (11,6%).
Durante os setes primeiros meses de 2022, foram 46.022 pontos de queimada no bioma. O número de focos de queimadas na região aumentou 14% em relação com o mesmo período de 2021, quando ocorreram 39.424 focos de incêndio.
Mariana Napolitano, gerente de Ciências do WWF Brasil, pontua que o descontrole das queimadas observado nos últimos quatro anos está “estreitamente associado a um aumento do desmatamento e da degradação florestal nesse período”.
“A Amazônia é uma floresta tropical úmida e, ao contrário do que ocorre em outros biomas, o fogo não faz parte de seu ciclo natural. Os incêndios não surgem de forma espontânea no bioma e sua ocorrência está sempre associada a ações humanas — em especial ao desmatamento e à degradação florestal”.
Temporada de seca
A temporada de fogo na Amazônia inicia entre junho e outubro, quando também é registrado desmatamento na região em decorrência da seca nas florestas. Porém, garimpeiros, fazendeiros e grileiros derrubam a floresta e se preparam para queimá-la ao longo de todo o ano.
Segundo destaca a WWF, as queimadas, em geral, correspondem à última fase do desmatamento: depois de cortar as árvores, os criminosos colocam fogo na floresta derrubada para “limpar o terreno”.
“A degradação florestal também contribui fortemente para o aumento o fogo. As áreas degradadas, embora não tenham sido totalmente devastadas pelo corte raso, têm menor números de árvores grandes, são mais suscetíveis aos efeitos das secas, acumulam mais biomassa seca e inflamável e, assim, ficam mais vulneráveis ao fogo”, completa a ONG.
No primeiro semestre de 2022, o Inpe registrou um desmatamento recorde na região amazônica para este período. Foram desmatados 3.988 km² entre janeiro e junho de 2022. É o nível mais alto para essa temporada, desde que a pasta passou a compilar essa série de dados, em 2015.