metropoles.com

Número de agrotóxicos permitidos no Brasil aumentou 15% em nove meses

Série histórica do Ministério da Agricultura mostra que as liberações são as mais altas desde 2005. Governo autorizou 63 novos produtos

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Gilberto Alves/Especial para o Metrópoles
GIL_3951
1 de 1 GIL_3951 - Foto: Gilberto Alves/Especial para o Metrópoles

O Brasil permite a venda de 2.210 agrotóxicos formulados (permitidos para agricultores) e 1.647 técnicos (de uso industrial). Em nove meses, sob o comando do presidente Jair Bolsonaro (PSL), o número aumentou 15%. O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento autorizou a comercialização de 353 produtos do tipo no período. A incorporação mais recente ocorreu nesta terça-feira (17/09/2018). Uma portaria registrou mais 63 novos agrotóxicos.

As liberações deste ano ultrapassaram o volume do mesmo período de 2018, quando houve 305 registros, segundo levantamento do Greenpeace Brasil (veja lista completa abaixo). A série histórica da pasta mostra que os números da gestão Bolsonaro são os mais altos em 14 anos, desde quando os dados passaram a ser contabilizados em 2005. A lista de espera conta ainda com outros 2 mil títulos.

“Não é uma avaliação de governo. O número não vem aumentando de hoje. Há pelo menos três anos os números têm aumentado. Isso não é um fenômeno do governo Bolsonaro. O registro é uma atividade de Estado, não de governo”, defende o coordenador de Agrotóxicos e Afins do Ministério da Agricultura, Carlos Venâncio.

Número de agrotóxicos aprovados nos anos da última década, de 01 de janeiro até 17 de setembro:

  • Em 2019, 353 produtos;
  • Em 2018, 305 produtos (422 no ano);
  • Em 2017, 240 produtos (405 no ano);
  • Em 2016, 148 produtos (277 no ano);
  • Em 2015, 96 produtos (139 no ano);
  • Em 2014, 79 produtos (148 no ano);
  • Em 2013, 86 produtos (110 no ano);
  • Em 2012, 119 produtos (168 no ano);
  • Em 2011, 90 produtos (146 no ano);
  • Em 2010, 71 produtos (104 no ano).

Fonte: Greenpeace

O aumento no número de pesticidas permitidos tem causado um racha entre ambientalistas e governo. A principal crítica é em relação aos níveis de perigo dos insumos. Para se ter ideia, dos produtos autorizados nesta terça-feira, 24% atingem o índice máximo de risco: 15 são extremamente tóxicos (veja ranking no fim da reportagem).

“O fato de sermos um país tropical de forma alguma nos impede de produzir sem veneno, e já temos inúmeros exemplos disso. Reduzir gradualmente o uso de agrotóxicos é um pedido completamente razoável. O que não é razoável é continuar empurrando ‘goela’ abaixo para a população um sistema que a envenena cada vez mais e que compromete seu futuro e o futuro de sua alimentação”, avalia Marina Lacôrte, coordenadora da campanha de Agricultura e Alimentação do Greenpeace Brasil.

Além daqueles mais perigosos, 10 são altamente tóxicos, 30 são medianamente tóxicos e dois são pouco tóxicos. Por fim, seis seguem o perfil toxicológico do produto técnico de referência. Em relação aos riscos ao meio ambiente, três deles são altamente perigosos ao meio ambiente, 44 são muito perigosos ao meio ambiente e 16 são perigosos ao meio ambiente. Não houve nenhum registro de agrotóxico classificado como pouco tóxico desta vez.

Rapidez
A maior rapidez nas permissões tem sido atribuída, pelo governo federal, a medidas “desburocratizantes”. “O objetivo é aprovar novas moléculas, menos tóxicas e mais ambientalmente corretas, e assim substituir os produtos antigos, além da liberação de produtos genéricos”, explica a pasta, em nota.

Segundo o ministério, órgãos como Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) foram reorganizados para adiantar o processo. “Isso ocasionou um aumento de produtividade”, diz o texto.

A mais recente foi em junho, quando a Anvisa mudou a forma de classificação de riscos do produto. A legislação anterior era uma portaria do Ministério da Saúde de 1992. “A Anvisa adotou um critério internacional, usado nos Estados Unidos e na Europa. Ela é alinhada com as melhores práticas”, explica Carlos Venâncio.

A mais recente liberação trouxe 56 produtos genéricos, ou seja, com base em ingredientes ativos que já estavam presentes em outros produtos existentes no mercado, e sete totalmente novos.

Do total de produtos registrados em 2019, 185 são produtos técnicos, ou seja, destinados exclusivamente para o uso industrial. Outros 140 são produtos formulados, ou seja, aqueles que já estão prontos para serem adquiridos pelos produtores rurais mediante a recomendação de um engenheiro agrônomo. Destes, 14 são produtos biológicos ou orgânicos.

Debates
As regras sobre liberação de agrotóxicos geraram polêmica em debate na Câmara dos Deputados nesta segunda-feira (16/09/2019). O Ministério da Agricultura defendeu facilidade no registro, enquanto ambientalistas pediram criação de uma política nacional de redução dos agrotóxicos.

O tema também é objeto de propostas contraditórias em análise pela Câmara: o Projeto de Lei 6299/02, que facilita a liberação de novos agrotóxicos e renomeia as substâncias como pesticidas; e o Projeto de Lei 6670/16, que estabelece a Política Nacional de Redução de Agrotóxicos.

Veja a classificação de risco dos agrotóxicos:

  • Categoria 1: Produto Extremamente Tóxico – faixa vermelha;
  • Categoria 2: Produto Altamente Tóxico – faixa vermelha;
  • Categoria 3: Produto Moderadamente Tóxico – faixa amarela;
  • Categoria 4: Produto Pouco Tóxico – faixa azul;
  • Categoria 5: Produto Improvável de Causar Dano Agudo – faixa azul;
  • Não Classificado – Produto Não Classificado – faixa verde.

Fonte: Anvisa

Quais assuntos você deseja receber?

Ícone de sino para notificações

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

Ícone de ajustes do navegador

Mais opções no Google Chrome

2.

Ícone de configurações

Configurações

3.

Configurações do site

4.

Ícone de sino para notificações

Notificações

5.

Ícone de alternância ligado para notificações

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comNotícias Gerais

Você quer ficar por dentro das notícias mais importantes e receber notificações em tempo real?