Na COP27, Lula propõe aliança mundial pelo “fim da fome”
Lula também disse que o mundo tem pressa de ver o Brasil participando das discussões do futuro do planeta
atualizado
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Enviado especial a Sharm El-Sheikh* e Brasília – O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou, nesta quarta-feira (16/11), que vai propor uma “aliança mundial pela segurança alimentar, pelo fim da fome e pela redução da desigualdade com total responsabilidade climática”. Ele citou colaborações futuras com países africanos, latino-americanos e caribenhos.
“Estou certo de que o agronegócio será estratégico no nosso governo na busca por uma agricultura regenerativa, sustentável, valorizando o conhecimento dos povos originários e locais”, discursou Lula na blue zone da COP27, em Sharm El-Sheikh, no Egito.
“Precisamos de confiança e determinação, mais liderança para reverter a escalada do aquecimento”, afirmou. De acordo com o petista, sua gestão não medirá esforços para zerar o desmatamento e a degradação ambiental dos biomas brasileiros até 2030.
“O combate às mudanças climáticas terá o mais alto perfil na estrutura do meu próximo governo. Vamos recriar e fortalecer as organizações de fiscalização e o sistema de monitoramento, que foram desmontados nos últimos quatro anos”, destacou.
Amazônia em evidência
O presidente eleito quer mostrar aos líderes mundiais o “tamanho” do desafio no que se refere à proteção da Amazônia. Lula afirmou que defenderá não só a realização de uma COP em um estado amazônico, mas que o G20 de 2024, que o Brasil presidirá, também seja na região.
“Eu vou defender de forma veemente que uma COP seja realizada num estado amazônico. Para que as pessoas que defendem a Amazônia entendam a importância dessa parte do mundo. Para mostrar também que nós, possivelmente sozinhos, não teremos forças e dinheiro da Amazônia do jeito que ela precisa ser cuidada”, acrescentou.
Conselho de segurança da ONU
Lula aproveitou o discurso para fazer críticas à composição do Conselho de Segurança da ONU, do qual fazem parte, atualmente, Estados Unidos, Rússia, Reino Unido, França e China. “Não é possível, não há justificativa para que até hoje os países vencedores da Segunda Guerra façam parte do conselho”, defendeu.
“Voltamos para propor uma nova governança global. É preciso incluir mais países no Conselho de Segurança da ONU”, reforçou o presidente eleito.
O grupo é responsável por uma série de decisões e discussões no âmbito das “garantias” da paz mundial e mitigação de conflitos nas Nações Unidas. Porém, um de seus membros, a Rússia, recentemente iniciou uma guerra na Europa contra a Ucrânia, colocando em dúvida o papel do próprio conselho.
*O repórter viajou a convite do Instituto Clima e Sociedade (ICS)