Ministro do Meio Ambiente diz que vai levar “o Brasil real” à COP26
Joaquim Leite faz declaração no momento em que governo brasileiro é alvo de críticas da comunidade internacional por sua política ambiental
atualizado
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O ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, disse nesta segunda-feira (25/10) que vai levar “o Brasil real” à Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas de 2021 (COP26), a ser realizada entre 31 de outubro e 12 de novembro, em Glasgow, na Escócia.
“A gente vai levar um Brasil real para a COP do Clima, um Brasil empreendedor, um Brasil, como o próprio ministro [da Economia] Paulo Guedes comentou, que realmente faz uma atividade verde”, disse Leite, durante lançamento do Programa Nacional de Crescimento Verde, no Palácio do Planalto.
O ministro faz tal declaração no momento em que o governo brasileiro é alvo de críticas da comunidade internacional por sua política ambiental. Na COP26, o país deverá ser pressionado para reduzir o desmatamento como forma de ajudar no combate ao aquecimento global.
Na última semana, o novo embaixador da Noruega no Brasil, Odd Magne Ruud, disse que o governo brasileiro precisa de um “plano concreto para o desmatamento”. Ele se reuniu com o vice-presidente Hamilton Mourão para tratar do Fundo Amazônia, do Conselho Nacional da Amazônia Legal (Cnal) e das operações militares na região.
Leite irá chefiar a delegação brasileira que vai à COP nos próximos dias. O governo federal pretende insistir na tentativa de cobrar dos países ricos recursos financeiros para perseguir metas de redução no desmatamento e de emissões de gases do efeito estufa mais ousadas do que as do Acordo de Paris, de 2015.
Na Cúpula, o Brasil deve formalizar a antecipação da meta de neutralidade climática de 2060 para 2050. O país ainda deve colocar a intenção de zerar o desmatamento ilegal em 2030.
Metas
O Programa Nacional de Crescimento Verde, lançado nesta segunda, às vésperas da COP26, é uma iniciativa dos ministérios do Meio Ambiente e da Economia e coloca como metas a redução das emissões de carbono, conservação de florestas e uso racional de recursos naturais com geração de emprego verde e crescimento econômico.
“O lançamento é para deixar claro como o Brasil tem R$ 400 bilhões na direção verde. Investimentos e financiamentos que são bastante robustos”, assinalou o ministro do Meio Ambiente. Entre os projetos estão energia renovável, agricultura de baixo carbono, ecoturismo e restauração florestal.
O ministro afirmou que já fez mais de 60 reuniões com países para chegar na COP “formando consenso”. “O grande desafio da COP do Clima é um consenso multilateral e financiamento de clima”, pontuou. “O Brasil é um país mais amigo e consegue conversar com todo mundo”.
Comitê interministerial
O programa será gerido pelo Comitê Interministerial sobre Mudança do Clima e Crescimento Verde (antigo Comitê Interministerial sobre Mudança do Clima), sediado na Casa Civil, que pretende facilitar o planejamento, a execução e o monitoramento de resultados.
O comitê também será responsável pela criação e consolidação de critérios verdes, levando em consideração as características de cada região do Brasil em todos os seus biomas. A ideia, segundo o governo, é que o comitê traga ainda ações novas para acelerar projetos verdes no país.
“O governo federal reconhece um desafio, qual é esse desafio? É de desfazer a ideia que desenvolvimento da agenda ambiental possui um caráter meramente punitivo, que somente onera as ações propostas. Por isso, em outra direção, vamos incentivar, apoiar, inovar projetos verdes para que promovam empreendedorismo, inovação sustentável, mostrando que o futuro verde está aqui, no Brasil”, disse Leite.