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Mineradora admite ter lançado aguá com rejeitos tóxicos no Rio Pará

Hydro AluNorte confirmou que água de chuva liberada da área da refinaria pode conter poeira de bauxita e vestígios de soda cáustica

atualizado

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IGOR BRANDÃO/AGÊNCIA PARÁ
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1 de 1 mineradora-pará (1) - Foto: IGOR BRANDÃO/AGÊNCIA PARÁ

Três semanas após moradores de Barcarena, na região metropolitana de Belém (PA), denunciarem às autoridades a suspeita de que um depósito de resíduos da mineradora Hydro AluNorte havia transbordado, despejando efluentes tóxicos no meio ambiente, a empresa norueguesa confirmou que liberou intencionalmente o excesso de água das chuvas que havia se acumulado no terreno da refinaria de alumina, a maior do mundo.

Em nota divulgada nesta segunda-feira (12/3), a Hydro AluNorte informa que o excesso de águas pluviais foi liberado no Rio Pará por um dos pontos de descarte anexos à estação de tratamento de água da refinaria, não havendo sinais de vazamento ou transbordamento de dejetos tóxicos armazenados nos depósitos de resíduo de bauxita. Segundo a empresa, o lançamento foi comunicado à Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas).

Ainda segundo a empresa, o chamado Canal Velho já tinha sido usado antes e voltou a ser utilizado entre os dias 20 e 25 de fevereiro, quando as denúncias dos moradores já eram públicas. A mineradora informou que, antes de ser liberada no rio de forma controlada, a água acumulada é tratada segundo critérios estabelecidos pelo Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama).

“A água teve seu pH tratado antes de ser liberada e depois misturada com a água da estação de tratamento de efluentes e com as águas superficiais da fábrica de alumínio”, disse a empresa, informando que a água de chuva liberada da área da refinaria pode conter poeira de bauxita e vestígios de soda cáustica, mesmo não tendo entrado em contato com as áreas de depósito de resíduos de bauxita.

Laudo fala em contaminação
Na nota, a empresa garante não haver indícios de que a liberação da água represada causou danos ao meio ambiente. A afirmação contraria laudo divulgado no último dia 22, pelo Instituto Evandro Chagas, do Ministério da Saúde. Para os técnicos do instituto, o vazamento de uma grande quantidade de efluentes tóxicos afetou o Rio Paraná e igarapés, podendo ter contaminado o lençol freático. Análises de amostras de material colhidas no local apontaram a presença de níveis elevados de chumbo, alumínio, sódio e de outras substâncias prejudiciais à saúde humana e animal.

O potencial de risco levou as autoridades a determinarem que a Hydro AluNorte forneça água para os moradores de duas comunidades afetadas (Vila Nova e Bom Futuro) e reduza a produção da refinaria em 50%. Além disso, o Instituto do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) embargou a mineradora e a multou em R$ 20 milhões.

A conclusão dos peritos do Instituto Evandro Chagas foi que o episódio ocorreu não só em função das fortes chuvas registradas entre os dias 16 e 18 de fevereiro, mas principalmente porque a empresa estava operando no seu limite, não sendo capaz de tratar todos os efluentes. O resultado foi determinante para a Semas decretar a redução da produção.

No início do mês, a mineradora contratou a empresa de consultoria brasileira SGW Serviços para avaliar o modelo de tratamento de água e verificar se o sistema de gerenciamento de efluentes da refinaria foi operado adequadamente. Os resultados preliminares da avaliação deverão ser divulgados na primeira semana de abril, segundo a mineradora.

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