“Não há interesse político em sustentabilidade”, diz Marcos Palmeira
O ator e ativista ambiental esteve em Brasília nessa quarta-feira (21/3), para participar do Fórum Mundial da Água
atualizado
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Marcos Palmeira deu uma pausa nas gravações do longa Boca de Ouro, adaptação do clássico teatral de Nelson Rodrigues, para participar, nessa quarta-feira (21/3), do 8º Fórum Mundial da Água, sediado pela primeira vez na capital federal. Conhecido entusiasta das causas ambientais, o ator aproveitou o evento para lançar o primeiro episódio da série Manual Prático de Sobrevivência Para o Século 21, intitulado Água Que Vem do Céu.
A pré-candidata à Presidência da República Marina Silva (Rede) prestigiou, da primeira fila, a sessão seguida de debate sobre as formas de se estabelecer uma sociedade autossustentável. Além do global, o diretor da produção, João Amorim, participou do evento realizado pelo movimento Green Nation, na Vila Cidadã – espaço montado especialmente para o Fórum, no Estádio Nacional Mané Garrincha.
“Lançarmos essa série aqui, no 8º Fórum Mundial da Água, no Green Nation, é quase uma conspiração cósmica. Eu estou muito impressionado, feliz e honrado de estar aqui”, ressalta Marcos Palmeira. Diferentemente de outras produções midiáticas voltadas às catástrofes do meio ambiente, o ativista garante que o segredo para mudar a consciência das pessoas está na simplicidade. “São as pequenas ações que vão gerar grandes transformações”, resume.
Em Água, Palmeira sai em busca de alternativas que visam tirar o país do mapa da escassez. O ator vai ao encontro de pessoas engajadas nas questões ecológicas e que fazem a diferença em diversas regiões do país. “Estou muito feliz de o João [Amorim] ter me escolhido e nós continuaremos tendo planos e vislumbrando a ampliação do manual. Que nós possamos ir cada dia mais para dentro do Brasil, ver mais coisas que estão sendo feitas. Tem um mundo todo para ser desvendado”, acredita.
Produtor orgânico, Marcos Palmeira ressalta que gravar a série – marcada para ir ao ar no dia 6 de maio, no Cine Brasil TV –, reforçou ideologias em que ele já acreditava. “A importância da simplicidade. Conhecer a comunidade quilombola dos Kalungas e os índios Pataxós, por exemplo, me trouxe de volta à sensação de que somos um pouco de tudo isso. Resgatar a força, a cultura, e entender a preservação deles enquanto raça e etnia”, explica.
Descaso
Apesar de acreditar no poder de desenvolvimento das ações sustentáveis, o ator duvida do interesse político em colocá-las em prática. “É muito mais fácil vender um projeto como Belo Monte do que um de energia solar para o Brasil todo, onde quem se beneficiaria seria a população. Estão preocupados com as grandes obras, para tirar dinheiro de todo jeito, e de todo lugar. Não há interesse político em popularizar essas medidas simples e com baixo custo”, denuncia.
Mesmo assim, ele entende que a sociedade pode – e deve – andar com as próprias pernas. “Mas a gente também não pode ficar lamentando. Por isso, fizemos o manual, para mostrar que há outras opções, além de esperar pela ação do Estado”, determina. “O lado positivo da série é que o Marcos faz as coisas, mas ele está se divertindo. Mostra que é algo colaborativo, que une as pessoas. A transformação está ao nosso alcance”, completa o diretor João Amorim.
Nos cinemas
Ator, apresentador e ativista, Palmeira diz contar com a compreensão dos produtores para conciliar a vida tripla. “Acho que é viver o dia a dia. Não antecipar ansiedade. Consegui do filme o dia de hoje para gravar, maravilha. As gravações acabam domingo [25] e vou me dedicar às questões da fazenda também”, diz o produtor orgânico, que ainda desenvolve na Fazenda Vale das Palmeiras um trabalho de agrofloresta com laticínios orgânicos. “Faço menos do que gostaria e mais do que achei que fosse capaz de fazer”, sintetiza.
O ator dá vida ao bicheiro Boca de Ouro, em versão cinematográfica da obra de Nelson Rodrigues, com direção de Daniel Filho. O texto de 1963, narra a vida rodeada de ambição, amores e pecados do contraventor mais conhecido do bairro de Madureira, no Rio de Janeiro. Palmeira divide a cena com a atriz Malu Mader, que dará vida à amante do protagonista. “Malu é uma grande parceira e amiga de longa data, é ótimo!”, garante Marcos.