Mancha de óleo que polui o Nordeste pode chegar às praias do Rio
Especialista em vida marinha diz não ver ações do governo federal para impedir que o produto avance para Espírito Santo e Rio de Janeiro
atualizado
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Pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) acreditam que o óleo que polui e destrói fauna e flora no mar do Nordeste brasileiro pode chegar às praias do Rio em breve. O estudo tem a intenção de prever quais áreas do país podem ser atingidas pelos produto. Ao todo, a mancha já alcançou nove estados.
A investigação dos especialistas descobriu que o material poluente teve origem em uma área entre 600 e 700 quilômetros da costa brasileira, na fronteira entre Sergipe e Alagoas. A investigação foi feita por Luiz Landau e Luiz Assad, professores da universidade, a pedido da Marinha.
“Há muita incerteza com relação à trajetória do óleo, porque ele correu abaixo da superfície. Não sabemos quanto tempo esse óleo demorou para intemperizar, ou seja, sofrer processos de mudanças das características físico-químicas para entrar abaixo da coluna d’água”, explicou Assad.
Ao jornal O Dia, o oceanógrafo David Zee, da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), disse que se preocupa com a falta de ações de contenção por parte do governo federal. Segundo ele, há grandes chances de o Espírito Santo e o Rio de Janeiro serem atingidos pela mancha, que se estende do Maranhão ao norte da Bahia.
“As praias do Norte e Nordeste vão ficar com resquícios do óleo pelos próximos 20 anos. Se chegar ao sul da Bahia, o Espírito Santo é a bola da vez”, comentou Zee ao diário. No Rio, a entrada se daria pelos municípios de São Francisco de Itabapoana, Barra de São João e Quissamã, ao norte do estado.
“Se chegar àquela região, a pesca vai ser afetada, e muita gente faz pesca de subsistência nessas cidades”, detalha o especialista.
De acordo com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), não há nenhuma confirmação de que o óleo esteja em deslocamento pelas proximidades do estado do Rio. Ao contrário do que acredita Zee, o órgão federal diz que há um plano de contingência da mancha.