Lama de Mariana avança sobre Porto Seguro, na Bahia
A comprovação deve ocorrer em dez dias com resultado do laudo do Ibama, que analisará a concentração de manganês e ferro na água
atualizado
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Uma mancha de lama de aproximadamente 6.197m² atingiu a costa de Porto Seguro e o Parque Nacional Marinho dos Abrolhos, na Bahia. A lama veio do norte do Espírito Santo. Os dois lugares costumam ser mais visitados no verão brasileiro. Há suspeita de que seja proveniente do desastre ambiental em Mariana (MG) provocado pelo rompimento de uma barragem da Samarco.
A resposta virá a partir da conclusão do laudo do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). O exame deve analisar se há presença de ferro e manganês na água. Por enquanto, afirma a presidente do órgão, não há motivos para suspender a visitação. O resultado deve ser divulgado em 10 dias.
De acordo com a presidente do Ibama, Marilene Barros, a lama mudou de curso na última semana. “Ela estava em direção ao Sul do Espírito Santo até o ano passado. Mas os fortes ventos fizeram com que ela fosse para o Norte do estado, em direção à Bahia”, avaliou. “Mancha não tem padrão de comportamento”, resume.
As suspeitas vieram a partir do monitoramento do canal de lama feito por satélite. A lama que vazou de uma barragem de contenção de minérios em Mariana foi despejada diretamente no Rio Doce de Colatina (ES). Mas ela vem avançando.
De acordo com as imagens de satélite, a mancha do Sul da Bahia é de menor concentração (que aparece na imagem dentro da linha amarela). A maior densidade da lama está ainda em na foz do Rio Doce (ES). São aproximadamente 392km² de concentração total da mancha (na linha vermelha).
A informação foi repassada à imprensa na coletiva realizada na tarde desta quinta-feira (7/1) no Ibama. A presidente do Ibama, Marilene Barros, reclamou que a Samarco até agora não fez nada para reverter os danos ambientais provocados pelo desastre. “A empresa só distribuiu água mineral e cesta básica para os moradores de Mariana”, afirma.
Ela explicou que o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) ainda não aplicou nenhuma punição à empresa porque ainda avalia os estragos provocados pela poluição, uma vez que a lama agora avança sobre o mar.
Mas a Samarco já foi condenada em primeira instância por força de uma ação civil pública dos governos Federal, de Minas Gerais e do Espírito Santo. A empresa deve pagar R$ 20 bilhões de reparação dos danos causados pelo desastre. O pagamento deverá ser feito em 10 parcelas. Mas a empresa ainda não depositou o valor da primeira.
Além disso, a Samarco também deverá pagar uma multa no valor de R$ 250 milhões também divididos em cinco prestações de R$ 50 milhões. A empresa recorreu. Por isso, também não pagou até o momento.
Durante a coletiva, a reportagem do Metrópoles questionou por que ninguém ainda foi preso pelo desastre provocado em Mariana, uma vez que, por muito menos, um morador do Rio Grande do Sul foi preso após matar um tatu para alimentar a família. O presidente do Instituto Chico Mendes, Cláudio Maretti, disse que essa é uma atribuição da Polícia Federal e do Ministério Público. “Você tem toda razão”, admitiu ele ao comentar sobre o fato no RS.