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Investigações não confirmam suspeita de Bolsonaro sobre ONGs e fogo

Há pouco mais de um mês, presidente insinuou que entidades poderiam estar incendiando a Amazônia para prejudicá-lo

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Presidente Jair Bolsonaro
1 de 1 Presidente Jair Bolsonaro - Foto: Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

Mais de um mês após o presidente Jair Bolsonaro (PSL) insinuar que organizações não governamentais (ONGs) poderiam ser responsáveis por queimadas na Amazônia, investigações de vários órgãos estaduais e federais não apontaram indícios nesse sentido para apoiar as suspeitas do capitão da reserva. Ao apresentar o balanço do primeiro mês da operação Verde Brasil, que tem o objetivo de prevenir e combater incêndios e desmatamento na região amazônica, o Ministério da Defesa informou que foram feitas 63 prisões, aplicadas 112 multas e apreendidos 15 caminhões, cinco tratores, uma escavadeira e sete embarcações… Mas nada relacionado a ONGs.

A insinuação de Bolsonaro aconteceu quando a crise ambiental ligada às queimadas se aprofundava, no último dia 21 de agosto. “O crime [de queimada ilegal] existe. Temos que fazer o possível para que não aumente, mas nós tiramos dinheiro de ONGs. De modo que esse pessoal está sentindo a falta do dinheiro. Então, pode, não estou afirmando, ter ação criminosa desses ‘ongueiros’ para chamar a atenção contra a minha pessoa, contra o governo do Brasil”, acusou o presidente, na ocasião, causando intensa repercussão no Brasil e no exterior.

O coordenador de políticas públicas do Greenpeace, Marcio Astrini, por exemplo, classificou a fala como “covarde, feita por um presidente que não assume seus atos e tenta culpar terceiros pelos desastres ambientais que ele mesmo promove no país”.

“Há ONGs e ONGs”
O Ministério da Defesa não detalhou as razões de cada prisão, multa ou apreensão ao fazer o balanço da operação Verde Brasil, mas informou que “a maioria” seria referente a desmatamento ilegal, garimpo e apreensão de madeira.

Questionado diversas vezes sobre investigações e autuações que envolvessem ONGs, o ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, desconversou: “Nossa missão era conter os focos de incêndio e, se fosse presenciado, combater os ilícitos”, disse. “Nosso enfoque não foram as ONGs, mas a gente sabe que existem ONGs e ONGs”, disse Silva, sem se explicar e deixando a sala logo em seguida, sem responder mais perguntas.

Presente ao evento de divulgação, que foi realizado na última segunda-feira (23/09/2019), o delegado da Polícia Federal Thiago Ferreira também foi questionado em relação às ONGs, mas preferiu falar sobre outra investigação, a do Dia do Fogo. “Foi um evento que aconteceu antes da operação, da chegada das forças federais, mas a PF instaurou dois inquéritos, um em Altamira (PA) e outro em Santarém (PA), e é um delito complexo de investigar, mas daremos resposta no tempo certo”, afirmou, sobre a denúncia de que produtores rurais teriam incendiado de propósito áreas entre os municípios de Altamira e Novo Progresso, sudoeste do Pará, no último dia 10 de agosto. Sobre investigações envolvendo ONGs, porém, o delegado também se calou.

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