Governo faz acordo com pescadores e encerra mobilização em Belo Monte
O acordo com os pescadores foi firmado pela Casa de Governo, uma representação local do governo federal criada para acompanhar as demandas da região
atualizado
Compartilhar notícia
Depois de sete dias de manifestações, teve fim a mobilização de um grupo de pescadores que fechava pontos de acesso às obras da hidrelétrica de Belo Monte. Desde a última terça-feira, 13, um grupo de aproximadamente 50 pescadores bloqueava a balsa no Rio Xingu, no Pará.
Ribeirinhos e produtores rurais da Vila de Belo Monte do Pontal, que fica próxima à barragem da usina, também chegaram a fechar a Rodovia Transamazônica (BR-230), próximo ao porto da balsa que cruza o Xingu.
O acordo com os pescadores foi firmado pela Casa de Governo, uma representação local do governo federal criada para acompanhar as demandas da região e monitorar as ações do Plano de Desenvolvimento Regional Sustentável (PDRS) do Xingu.
Segundo o coordenador da Casa de Governo, Márcio Hirata, a desmobilização teve início após o almoço. O governo se comprometeu a conversar com o Ibama para apresentar um posicionamento formal da pauta dos pescadores até a próxima sexta-feira. “Vai consultar o Ibama e qualificar a pauta dos pescadores, que estava muito genérica. O objetivo é verificar o que é viável ou não”, disse Hirata.
Não ficou acertado o atendimento a nenhum dos pleitos, segundo Márcio Hirata. “Isso será feito até o dia 23”, comentou.
O movimento dos pescadores alega que a pesca tem sido impactada pelas obras da hidrelétrica e que, “até o momento, não estão definidas ações de mitigação para a classe”.
Os pescadores pedem o cancelamento dos relatórios de monitoramento e acompanhamento pesqueiro da Volta Grande do Rio Xingu, sob alegação de que não revelam a realidade vivida pela população. Eles também pedem indenização dos pescadores dos municípios de Altamira, Vitória do Xingu, Senador Jose Porfírio, Porto de Moz, Gurupá e Anapu, indenização dos garimpeiros da Volta Grande do Rio Xingu e pagamentos de verbas alimentares, entre outros itens.
Por meio de nota, a concessionária Norte Energia negou irregularidades e afirmou que “as obras da usina não provocaram redução de estoques pesqueiros que indiquem a necessidade de indenizações”. Belo Monte aguarda a emissão de licença de operação pelo Ibama para iniciar o enchimento de seu reservatório.
A empresa alega que trabalha na reestruturação do setor pesqueiro da região, por meio de acordo de Cooperação Técnica com Secretaria de Pesca e Aquicultura (antigo Ministério da Pesca e Aquicultura – MPA) e que essa parceria já resultou na construção e entrega das colônias de pescadores de Altamira, Vitória do Xingu e Anapu, que também recebeu um mercado para comercialização do pescado.
“Estão em construção as sedes das colônias de Senador José Porfírio, Porto de Mós e Gurupá. À Universidade Federal do Pará (UFPA) foram entregues os laboratórios de Ictiologia e de Peixes Ornamentais e Aquicultura, dois laboratórios totalmente equipados, localizados no Campus de Altamira, para ampliar as pesquisas na região e coordenar ações para os trabalhadores que vivem da atividade no Xingu”, declarou a concessionária.
A Norte Energia diz ainda que há o monitoramento da cadeia produtiva do pescado em um trecho de 848 quilômetros de extensão no Rio Xingu e que análise realizada desde 2011 indica que “os estoques pesqueiros permanecem adequados às demandas e às atividades de pesca artesanal desenvolvidas na região” e que as obras “não provocaram redução de estoques pesqueiros que indiquem a necessidade de indenizações”.
A Casa de Governo em Altamira, em funcionamento desde 2011, estava vinculada até o fim de agosto ao Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, quando foi repassada oficialmente para Secretaria Geral da Presidência. Como esta última foi extinta com a recente reforma ministerial, ela passou a responder à Secretaria de Governo da Presidência.