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Governo do AM culpa pandemia por não uso de verba contra desmatamento

Governo de Wilson Lima recebeu R$ 30 milhões recuperados pela Lava Jato após desvios na Petrobras, mas só usou 11,9% desse total

atualizado

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Wilson Lima
1 de 1 Wilson Lima - Foto: Diego Peres/Secom

O Governo do Amazonas alegou que a pandemia do novo coronavírus (Sars-CoV-2) impediu o avanço do combate ao desmatamento no estado.

O Metrópoles revelou nesta sexta-feira (29/10) que, em quase um ano, o governo de Wilson Lima (PSC) usou apenas 11,9% dos recursos destinados pela Operação Lava Jato para a preservação da Amazônia Legal.

Por outro lado, o desmate tem atingido níveis recordes no estado. Cerca de 1.419,44 km² da Amazônia Legal foram desmatados na unidade federativa em 2020. É a segunda maior área para um ano desde 2008, início da série histórica disponibilizada pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

O baixo valor de execução foi alvo de auditoria da Controladoria-Geral da União (CGU) a qual o Metrópoles teve acesso.

“A crise provocada pela pandemia da Covid-19 durante o ano de 2020 e 2021, com o fechamento das atividades econômicas, escassez de insumos e aumento considerável de preços, estimulado pela alta do dólar, afetaram a realização dos processos licitatórios para a aquisição de equipamentos e contratação de serviços, além de restrição no deslocamento das equipes técnicas, o que resultou em mudança no plano trabalho do programa, que precisou ser revisto”, informou a Secretaria do Estado do Meio Ambiente (Sema), na manhã de hoje, após a publicação da matéria.

A pasta havia sido procurada na quarta-feira (27/10) para se explicar sobre o relatório da CGU, mas até então não tinha se manifestado.

A Sema assegurou também ter reunido dentro do Programa Amazonas Mais Verde todas as ações relacionadas aos recursos oriundos da Lava Jato.

A pasta ressaltou monitorar, com a participação de órgãos de controle, o alinhamento e orientações necessárias para maior efetividade na execução dos recursos. “O governo mantém o monitoramento das ações, com elaboração de relatórios semestrais e trabalha para atender todos os pontos e recomendações apontadas pela Controladoria-Geral da União”, prosseguiu.

Entenda

No total, o estado recebeu R$ 30,053 milhões, no início de 2020, após decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, no âmbito da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 568.

O montante havia sido desviado em esquemas criminosos na Petrobras, mas foi recuperado pela força-tarefa da Lava Jato.

Mais de R$ 1 bilhão foi destinado por Alexandre de Moraes à preservação da Amazônia Legal. Desse total, R$ 430 milhões foram descentralizados aos estados que compõem a região. O valor destinado ao governo do Amazonas faz parte desse total. A outra parte, de R$ 630 milhões, foi para o Ministério do Meio Ambiente e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).

De acordo com o Plano de Trabalho do governo estadual, o valor deveria ser usado em dois anos, entre agosto de 2020 e agosto de 2022.

Em nove meses — até 31 de maio deste ano —, contudo, o estado do Amazonas aplicou apenas R$ 3,573 milhões. O dinheiro foi usado pela Secretaria de Segurança Pública do Amazonas (SSPAM). A quantia foi aplicada na aquisição de terminal móvel de comunicação, telefones celulares e veículos 4×4.

Queimadas em Rondônia
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Incêndio na Amazônia

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Amazônia registrou aumento do desmatamento em outubro

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Dois anos após o Dia do Fogo, as queimadas na região voltaram a quebrar recordes anuais. Em 2020, a Amazônia Legal registrou o maior índice dos últimos nove anos (150.783 focos de fogo), um valor 20% maior que no ano anterior e 18% maior que nos últimos cinco anos

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“Percebe-se o risco de não execução do objeto da ação dentro do prazo estabelecido, pois o plano de trabalho trata da execução de R$ 30.053.120,00, em 24 meses, com início em agosto de 2020 e término em agosto de 2022”, assinala a Controladoria, no relatório.

“Verifica-se, então, ausência de planejamento para os gastos de forma consolidada contemplando o período para execução 2020 a 2022, que poderá impactar no atingimento da utilização dos recursos de forma estratégica com o objetivo de fomentar insumos, atividades, bens de serviços públicos necessários a operacionalização das medidas de fortalecimento da gestão. Tal situação é corroborada pela baixa execução dos gastos relatados”, complementa.

Plano de trabalho

O plano de trabalho prevê que, além da Secretaria de Segurança Pública, a Secretaria do Estado do Meio Ambiente (Sema) e o Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam) apliquem o dinheiro.

Os objetivos formais do plano cuidam de desenvolver, estruturar, implementar sistema de informação do instituto, equipar e estruturar o órgão estadual ambiental e de apoiar a estruturação de órgãos vinculados ao órgão de segurança pública. O projeto prevê a realização de despesas de pessoal, diárias, passagens, veículos e combustível. Também foram previstas aquisições de mobílias, equipamentos e materiais de consumo visando estruturar e fortalecer os órgãos envolvidos.

A primeira parte do plano busca fortalecer o controle ambiental e a gestão territorial. Essa parte do projeto tem três etapas. São elas:

  1. Ipaam: desenvolver, estruturar e implementar o Sistema de Monitoramento Dinâmico da Cobertura Vegetal do Amazonas para realizar monitoramento integrado de suas alterações (Cadastro Ambiental Rural – CAR, desmatamento, queimadas ilegais/não autorizadas);
  2. Sema: estruturar a Sema no intuito de equipar e melhorar a estrutura e a realização das ações de coordenação, de monitoramento ambiental e de gestão das UC [unidades de conservação] localizadas na região do interflúvío Purus Madeira e sul do Estado;
  3. SSP: apoiar a estruturação do Batalhão Ambiental da Polícia Militar do Amazonas (PMAM), da Polícia Civil (Delegacia Especializada em Crimes Contra o Meio Ambiente e Urbanismo – Dema) e do Corpo de Bombeiros Militar do Amazonas (CBMAM), bem como, realizar ações de prevenção e combate ao desmatamento e queimadas com o Ipaam.

Cerca de 97,4% dos recursos deveriam ser usados nessa primeira meta, de acordo com o relatório da CGU.

Por sua vez, a segunda meta prevê o fortalecimento da governança local das políticas públicas ambientais. Essa parte do projeto é dividido em duas etapas.

  1. Sema: fortalecer as secretarias municipais de Meio Ambiente da Região do Sul do Amazonas com maior incidência de desmatamentos e queimadas não autorizadas;
  2. Sema: fortalecer o Fórum Permanente das Secretarias Municipais do Meio Ambiente do Amazonas, visando articular ações conjuntas em prol à redução dos desmatamentos e queimadas ilegais e apoiara regularização ambiental.

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