Governo diz que buscava reduzir emissões antes de acordo da COP26
Na COP26, os governos do Brasil e de cerca de 100 países se comprometeram a cortar em 30% as emissões de metano até 2030
atualizado
Compartilhar notícia
O governo brasileiro divulgou nota, nesta quarta-feira (3/11), para afirmar que trabalhava com a meta de redução das emissões de metano antes de assinar, com cerca de 100 países, um compromisso com a redução de 30% das emissões de metano até 2030.
O metano é um dos gases que mais contribuem para o aumento da temperatura do planeta. O acerto foi feito na Conferência das Nações Unidas para Mudanças Climáticas (COP26), em Glasgow, na Escócia, depois de a iniciativa ter sido fortemente defendida pelo presidente norte-americano, Joe Biden.
Em nota conjunta, os ministérios da Agricultura, do Meio Ambiente e das Relações Exteriores disseram que “ao aderir ao Acordo do Metano, o Brasil demonstra que já possui programas que tratam do tema”, citando a Política Nacional de Resíduos Sólidos e o Plano ABC+.
O comunicado reforçou declaração feita pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido), em discurso gravado exibido na conferência, de que, em relação ao combate às mudanças climáticas, o Brasil é parte da solução, e não do problema. Bolsonaro não compareceu presencialmente à COP26, pois cumpriu agenda pessoal na Itália, depois de participar da cúpula de líderes do G20, em Roma.
Apesar de reunir os países responsáveis por metade de todas emissões globais de metano, o compromisso não foi assinado por Índia, China e Rússia, apontados como os três países que mais emitem o gás no planeta.
A adesão brasileira ao acordo, encampada pelos Estados Unidos e pela União Europeia, surpreendeu as autoridades mundiais. Os líderes defendem que o compromisso deve ajudar o planeta a alcançar a meta de limitar o aquecimento global em 1,5ºC.
O metano é responsável por 30% do aquecimento do planeta desde o período pré-Revolução Industrial, e suas emissões vêm crescendo exponencialmente nas últimas décadas. Ele é lançado no ar sobretudo pela mineração de bolsas de gás natural e pela queima de petróleo. A agropecuária também responde por parte considerável das emissões.
Metas brasileiras
Representando o Brasil na COP26, o ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, anunciou na segunda-feira (1º/11) que o Brasil vai reduzir as emissões de gases de efeito estufa em 50% até 2030. A meta anterior era de 43%. A revisão ocorreu após pressão internacional.
Segundo dados do Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SEEG), do Observatório do Clima, o Brasil teve aumento de 9,5% nas emissões de gases poluentes em 2020, em plena pandemia de Covid-19. O resultado foi na contramão do mundo, que, globalmente, viu as emissões despencaram em quase 7% no ano passado.
O governo também formalizou a meta de neutralizar a emissão de carbono pelo Brasil até 2050, cumprindo com 10 anos de antecedência a meta assumida no Acordo de Paris, de 2015.
Leia a íntegra da nota do governo brasileiro:
NOTA OFICIAL
O Brasil aderiu ao compromisso global para redução das emissões de metano e também à declaração de florestas e uso da terra. Essas iniciativas já foram assumidos pelo País dentro de seu Compromisso Nacional Determinado de redução de gases de efeito estufa, que incluem redução de metano e desmatamento ilegal.
Ao aderir ao Acordo do Metano, o Brasil demonstra que já possui programas que tratam o tema, como:
– Política Nacional de Resíduos Sólidos, foi lançado em 2019 o Programa Nacional Lixão Zero, que representou avanços importantes no encerramento de cerca de 20% dos lixões no País. O programa também foi responsável por avanços regulatórios na conversão de lixo em energia, o que abriu o caminho para a inclusão da modalidade de “recuperação energética de resíduos sólidos urbanos”;
– Plano ABC+, é referência mundial de política pública na promoção de tecnologias e práticas sustentáveis, com meta de redução de emissão de gases de efeito estufa, dentre eles metano, de 1,1 bilhão de toneladas no setor agropecuário até 2030.
O Brasil é parte da solução.