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Fumaça de incêndios que tomam a Austrália chega ao Brasil

Maior concentração no Rio Grande do Sul pode ser observada na região oeste, mas já há registros na capital, Porto Alegre

atualizado

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1 de 1 australia-incendios-satelite-5 - Foto: Nasa

Depois de passar por Argentina e Chile, a fumaça dos incêndios na Austrália chegou ao Rio Grande do Sul no início da tarde desta terça-feira (07/01/2020), conforme a MetSul Meteorologia. A nuvem de fumaça percorreu mais de 12 mil quilômetros até ser vista na América do Sul.

Em Santana do Livramento (RS), na fronteira com o Uruguai, o céu da cidade ficou acinzentado em razão da fumaça suspensa na atmosfera. A maior concentração no estado pode ser observada na região oeste.

No Chile, o Serviço Meteorológico de Santiago havia informado que a nuvem tinha espessura de 6 mil metros e deixou o sol com tons de vermelho. De acordo com técnicos da Nasa, a quantidade de material particulado é tão grande na atmosfera que foi capaz de cruzar todo o Oceano Pacífico.

Em Porto Alegre, a meteorologista Estael Sias, da MetSul Meteorologia, explica que um sistema de baixa pressão impulsionou a fumaça do centro da Argentina até o Rio Grande do Sul. Assim como em Santiago, o pôr do sol também será mais alaranjado nesta quarta (08/01/2020) e quinta-feira (09/01/2020) na capital gaúcha. Apesar da aguardada mudança visual na paisagem nos próximos dias, a especialista garante que a fumaça não oferece risco à saúde da população.

“O vento que está transportando essa fumaça é um fenômeno natural. É uma corrente de vento em torno de 10 mil metros de altitude. O que está acontecendo na Austrália é um desastre de grandes proporções, que forma nuvens semelhantes às formadas por erupções vulcânicas. É possível até que essa fumaça dê a volta ao mundo. Como a Austrália inteira está em chamas, é muita fumaça que está chegando à atmosfera e esse vento vai transportando o material para a América do Sul. Hoje, já temos os primeiros indícios no Rio Grande do Sul”, disse.

Ainda segundo a meteorologista, as queimadas na Austrália atingiram uma altura grande, fazendo com que a fumaça seja parecida com a de nuvens vulcânicas. Em abril de 2015, as cinzas do vulcão chileno Calbuco também atingiram o Rio Grande do Sul.

Na Austrália, os incêndios se espalham principalmente pela floresta tropical seca, mas neste verão estão muito mais intensos, extensos e duradouros por causa das mudanças climáticas. O país passa por uma seca prolongada desde 2017, que se intensificou em 2019, conforme a prévia de relatório da Organização Meteorológica Mundial do início de dezembro. Em média, o período de janeiro a outubro foi o mais seco desde 1902 e a situação se agravou nos meses seguintes.

Desde o início deste ano, com a seca severa, ondas de calor acima de 50ºC e ventos fortes, as chamas se intensificaram, segundo análises da Nasa. Ao menos metade da população de coalas que não sofrem doenças fatais e são essenciais para “assegurar” o futuro da espécie morreu no país depois que os incêndios devastaram a Ilha Canguru, uma espécie de santuário para os animais.

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