Fazenda que exporta frangos invade terras indígenas, diz observatório
Rede de fast food e mercados do Reino Unido importam os animais que seriam criados dentro de invasão na terra Indígena dos Guarani Kaiowá
atualizado
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A Fazenda Brasília do Sul, que exporta frangos congelados e marinados para países europeus, como Reino Unido, Alemanha e Holanda, está localizada de forma irregular dentro de território indígena Guarani Kaiowá, em Mato Grosso do Sul. A denúncia consta de relatório divulgado, nesta quarta-feira (11/5), pelo observatório jornalístico De Olho nos Ruralistas, em parceria com a organização ambientalista britânica Earthsight .
A Terra Indígena (TI) Taquara é cenário para disputas entre os proprietários da Brasília do Sul e os povos originários da etnia Guarani Kaiowá.
Os frangos criados dentro do território indígena são exportados pela Lar Cooperativa Agroindustrial, uma associação ligada ao agronegócio brasileiro e uma das maiores responsáveis pelo envio dos animais a dezenas de varejistas europeus.
Confira o relatório completo:
Relatório da Earthsight – Sangue Indígena by Metropoles on Scribd
O povo Guarani Kaiowá foi expulso de forma violenta do seu território, conhecido como Taquara, em 1950, para dar espaço à monocultura. Esse período é reconhecido pela Comissão Nacional da Verdade como uma grande violação dos direitos humanos.
De acordo com o relatório, a empresa britânica Westbridge, fornecedora da rede de fast food KFC, importou mais de 37 mil toneladas de frango congelado e marinado da fazenda de Mato Grosso do Sul entre 2018 e 2021.
O mercado de pets da empresa alemã Paulsen Food faz parte da lista de clientes da Lar, com uma importação de 14 mil toneladas entre 2017 e 2021.
Retorno ao território indígena
As tentativas de ocupação das Terras Indígenas dos Guarani Kaiowá estão sendo duramente reprimidas com despejos violentos e ataques judiciais. O relatório indica que o maior ataque aconteceu em 2003, com a morte do líder indígena Marcos Veron, espancado até a morte por funcionários da Fazenda Brasília do Sul.
“O caso da Terra Indígena Taquara é um lembrete poderoso do porquê o governo brasileiro deve cumprir seu dever constitucional e avançar com o processo de demarcação das terras indígenas identificadas pela Fundação Nacional do Índio (Funai), em vez de se opor e trabalhar para minar direitos indígenas”, afirma o diretor de pesquisa em desmatamento da Earthsight, Rubens Carvalho.
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