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“Farmácia do mundo” e bionegócios: conheça centro de pesquisa da Amazônia

Centro de Bionegócios da Amazônia (CBA) desenvolve projetos com aproveitamento econômico, racional e sustentável da biodiversidade amazônica

atualizado

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Reprodução/CBA
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1 de 1 06_06_2023_15_05_50 - Foto: Reprodução/CBA

Manaus —Centro de Bionegócios da Amazônia (CBA) tem vocação para ajudar a região a se consolidar como “a farmácia do mundo”, é o que avalia o superintendente da Suframa (Superintendência da Zona Franca de Manaus), Bosco Saraiva.

Até pouco tempo integrado à Suframa, o CBA desenvolve projetos na área de bioeconomia. Em maio, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) assinou decreto para qualificar a organização social que vai assumir a gestão do CBA, que até então era vinculado à Suframa. O centro, que trocou a palavra biotecnologia por bionegócios no nome oficial, desenvolve pesquisas e projetos na área de bioeconomia.

O centro passa a ser gerido pela Fundação Universitas de Estudos Amazônicos (FUEA). Com personalidade jurídica própria — uma reivindicação antiga do Tribunal de Contas da União (TCU) —, o centro passa a ter mais autonomia para captar recursos públicos e privados e ampliar suas atividades.

Segundo o superintendente, o CBA está em uma fase de transição, com ajuste de contrato e captação de recursos privados.

Projetos do CBA

As iniciativas levam sempre em conta o aproveitamento econômico, racional e sustentável da biodiversidade amazônica.

Uma das pesquisas, conduzidas pelo químico Flávio Freitas, envolve a confecção de um bioplástico feito a partir da extração de amido da farinha (produto em abundância na região). Apesar de menos resistente que o plástico convencional, esse bioplástico é altamente biodegradável — em contato com o solo, em 30 dias ele degrada completamente, enquanto o plástico comum demora de 200 a 400 anos para degradar.

Pesquisas recentes encontraram nanopartículas, os microplásticos, no organismo humano. Os prejuízos à saúde humana ainda são incalculáveis.

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Cientistas acham microplásticos nas partes mais profundas dos pulmões

Outra pesquisa de Freitas é um couro vegano desenvolvido a partir da celulose bacteriana, com baixo custo e de mais fácil obtenção em relação ao couro de origem animal. Além do uso comercial, tem sido estudada sua aplicação como curativo.

Assista ao vídeo:

Uma outra pesquisa envolve obtenção de catalisadores a partir de fontes renováveis como casca de tucumã, semente de cupuaçu, pedra da pescada para obtenção de biodiesel. O trabalho científico “Catalisadores a partir de fontes renováveis” foi indicado ao Eni Awards 2022, considerado o Nobel do Meio Ambiente e Sutentabilidade.

Trata-se de um biocombustível biodegradável, atóxico, livre de enxofre e aromáticos, com um ponto de ebulição superior ao do diesel. Ele também possui um maior potencial de reutilização.

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Extração de celulose a partir de resíduos agroindustriais
Produção de celulose bacteriana para obtenção de curativos e couro vegano
Produção de kombucha, da qual deriva a celulose bacteriana
Produção de kombucha, da qual deriva a celulose bacteriana
A fibra do Curauá (um tipo de abacaxi) vem sendo pesquisada no CBA há mais de dez anos e é um dos primeiros produtos rentáveis do centro. Ela possui diversas aplicações, inclusive pela indústria têxtil
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Produção de biodiesel: pesquisadores desenvolvem catalisadores a partir de resíduos pesqueiros, lodo de estação de tratamento etc. e também extraem óleos e manteigas a partir de resíduos como sementes de cupuaçu e amêndoa de tucumã

Márcio Gallo/Suframa
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Extração de celulose a partir de resíduos agroindustriais

Márcio Gallo/Suframa
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Produção de celulose bacteriana para obtenção de curativos e couro vegano

Márcio Gallo/Suframa
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Produção de kombucha, da qual deriva a celulose bacteriana

Márcio Gallo/Suframa
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Produção de kombucha, da qual deriva a celulose bacteriana

Márcio Gallo/Suframa
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A fibra do Curauá (um tipo de abacaxi) vem sendo pesquisada no CBA há mais de dez anos e é um dos primeiros produtos rentáveis do centro. Ela possui diversas aplicações, inclusive pela indústria têxtil

Márcio Gallo/Suframa
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Essa espécie amazônica é cultivada em laboratório no CBA

Márcio Gallo/Suframa

“Atrasado em um século”

Para Bosco Saraiva, o projeto de bioeconomia na Amazônia está “atrasado em um século”, pois o instituto deveria ter sido criado no tempo áureo do Ciclo da Borracha, entre o fim do século XIX e início do século XX.

“Quando eu faço essa relação de um século de atraso, eu vejo se a gente não cuidar de colocar muito recurso aqui dentro para que o recurso não seja um problema”, disse ele durante visita feita por jornalistas à sede da organização.

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Isaac Júnior/Suframa e Márcio Gallo/CBA
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Isaac Júnior/Suframa e Márcio Gallo/CBA
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Isaac Júnior/Suframa e Márcio Gallo/CBA

Ele ainda defende o papel da Zona Franca de Manaus em garantir a preservação de 97% da floresta. Criado no fim da década de 1960, o polo industrial promove o desenvolvimento regional e é colocado como alternativa à exploração predatória dos recursos naturais da Amazônia.

“A Amazônia é a farmácia do mundo e a Zona Franca preservou exatamente essa farmácia. Os nossos estados irmãos, infelizmente, como não tiveram oportunidade de terem as unidades fabris, sofreram”, afirmou Saraiva.

Reforma tributária

O superintendente da Suframa se disse otimista sobre a aprovação da reforma tributária no Congresso. Uma versão preliminar do relatório foi apresentado nessa terça-feira (6/6) pelo relator da matéria na Câmara, deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB).

Cashback, imposto único e isenções. Veja pontos da Reforma Tributária

O regime tributário favorecido da Zona Franca de Manaus foi preservado no texto, mas o modelo ainda está em estudo.

Bosco Saraiva informou que a Suframa está assessorando a base parlamentar do governo no tema da reforma e está convencido de que as “vantagens comparativas” à Zona Franca serão mantidas.

“Nós estamos aguardando a solução para o texto. Estamos otimistas com relação à essa reforma tributária, sinceramente otimistas. Essa reforma é necessária para ajudar o Brasil, é fundamental. E ajudando o Brasil, estará nos ajudando também”, continuou ele.

Veja aqui as propostas dos industriais da Zona Franca de Manaus para a reforma tributária

*A repórter viajou a Manaus entre os dias 31 de maio e 3 de junho de 2023 a convite do Centro da Indústria do Estado do Amazonas (Cieam).

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