Família do novo ministro do Meio Ambiente disputa terra indígena em SP
Capatazes da família de Joaquim Álvaro Pereira Leite chegaram a destruir casa para expulsar índios do território
atualizado
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De acordo com um relatório da Fundação Nacional do Índio (Funai), a família do novo ministro do Meio Ambiente, Joaquim Álvaro Pereira Leite, nomeado nesta quarta (23/6) está envolvida em uma disputa de terra indígena no interior de São Paulo. A Terra Indígena Jaraguá é a menor do país, com apenas 532 hectares que abrigam 534 indígenas dos povos Guarani Mbya e Ñandeva.
Segundo o documento, capatazes da família chegaram a destruir uma casa para expulsar os indígenas da região. Em 1986, Joaquim Álvaro Pereira Leite Neto, o pai do ministro, “exigiu que a Funai retirasse os marcos físicos do processo demarcatório da área indígena Jaraguá, alegando ser o proprietário da área, acusando agressivamente a Funai de estar praticando um crime”.
“Tal agressividade, no entanto, extrapolou para além das missivas, e passaram então esses cidadãos a fazer ameaças aos índios, a intimidá-los com capatazes, e mesmo destruindo uma de suas casas”, continua o relatório.
A demarcação continuou e a estratégia da família passou a ser ameaçar os indígenas. As informações são da BBC News Brasil.
No livro “A grilagem de terras na formação territorial brasileira”, da doutora em Geografia Humana pela USP Camila Salles de Faria, a autora relata situações em que pessoas da família Pereira Leite tentam comprar a terra, ameaçam um cacique e chegam a ser acompanhadas pela Polícia Militar de São Paulo para retirar os moradores da região. O Ministério Público Federal interveio e evitou que os indígenas fossem despejados.
Em nota à BBC, o ministério afirma que a discussão sobre a disputa de posse é tratada “no âmbito do espólio da família paterna” do ministro e que ele nunca teve atuação “direta ou indireta” na questão.