Extintas na natureza, antas são reintroduzidas em floresta do Rio
Animais são equipados com um colar com GPS e rádio transmissor, brinco de identificação e microchip embaixo da pele
atualizado
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Extintos nas florestas do Rio de Janeiro há mais de 100 anos, os Tapirus terrestris, também chamados de antas, começaram a voltar à natureza graças a um projeto de reintrodução de animais desenvolvido no estado, batizado de Refauna. Nessa quinta-feira (08/08/2019), mais um casal da espécie foi solto na Reserva Ecológica de Guapiaçu, em Cachoeiras de Macacu (Regua), região metropolitana do Rio de Janeiro. O casal – Jorge e Magali – nasceu no Jardim Zoológico do Rio de Janeiro, em São Cristóvão, zona norte da cidade.
A reintrodução das antas à floresta começou em 2017 na Reserva Ecológica de Guapiaçu e no Parque Estadual dos Três Picos, que envolve áreas de cinco municípios da região serrana do Rio. O trabalho é desenvolvido pela parceria entre Laboratório de Ecologia e Conservação de Populações (Lecp) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o Laboratório de Estudos e Conservação de Florestas (Lecf) da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) e o Laboratório de Ecologia e Manejo de Animais Silvestres (Lemas) do Instituto Federal do Rio de Janeiro (IFRJ), com apoio da prefeitura do Rio.
Apesar das recentes ações do Refauna, a iniciativa foi criada em 2010. Na época, as atenções do projeto estavam voltadas para a causa das cutias Dasyprocta leporina que foram soltas no Parque Nacional da Tijuca.
Reintegrados
Os animais soltos são equipados com um colar com GPS e rádio transmissor, brinco de identificação e microchip embaixo da pele, para que sejam monitorados. A partir dessa reintrodução, o projeto vai pesquisar a capacidade de dispersão de sementes e ecologia espacial feita pelas antas, com a expectativa de que elas dispersem para o Parque Estadual dos Três Picos e outras áreas florestadas na região.
Já estão na floresta as antas Flora, Júpiter, Eva, Valente e Floquinho, reintroduzidas na área desde 2017. Na próxima semana, está prevista a soltura de dois espécimes vindos de Sorocaba (SP) e mais um animal nascido no Zoológico do Rio.
A presidente da Fundação RioZoo, Suzane Rizzo, lembra que a função do zoológico vai além da exposição de animais. “A reintrodução na natureza de um animal ameaçado de extinção é um momento muito importante para o meio ambiente e para a sociedade. O zoológico cumpre um importante papel nesse processo. A função do Zoológico do Rio, por meio da Fundação RioZoo, é também esse tipo de atividade, de soltura e de estímulo à reprodução de animais que estão em extinção”.
Animais inteligentes
As antas são animais de grande porte que podem pesar até 300 quilos, por isto precisam de áreas grandes para viver. Consideradas mansas, solitárias e inteligentes, por quem estuda esta espécie, elas podem viver 30 anos.
Segundo o professor do IFRJ Maron Galliez, um dos coordenadores do Refauna, a espécie é conhecida como jardineira das florestas, por contribuir para a disseminação de sementes. “Antes de serem soltas na mata, as antas passam por um período de aclimatação num cercado de um hectare dentro da reserva, onde se acostumam com o clima e a nova dieta. As antas são animais herbívoros, que comem folhas e frutos, contribuindo para espalhar sementes pela mata”.