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Entenda o que é a bioeconomia, setor que movimenta € 2 trilhões por ano

Com benefícios tanto para o agronegócio quanto para o desenvolvimento sustentável, a bioeconomia avança no país

atualizado

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Foto colorida de mudas de plantas
1 de 1 Foto colorida de mudas de plantas - Foto: Pixabay

País com uma grande biodiversidade, o Brasil possui mais de 116.000 espécies de animais e mais de 46.000 espécies de vegetais. Toda essa variedade é um prato cheio para o desenvolvimento da bioeconomia no país. Com a produção baseada no uso de recursos biológicos, o setor gera € 2 trilhões por ano no mundo, além de 22 milhões de empregos, segundo a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE).

A bioeconomia é uma atividade econômica ligada diretamente à produção de alimentos, vacinas, biocombustíveis e cosméticos. O segmento também atua no cruzamento e aperfeiçoamento de plantas e animais. Desenvolve ainda enzimas utilizadas na indústria.

Entre os itens produzidos pela bioeconomia está o etanol, desenvolvido por meio da fermentação de açúcares e cereais encontrados no milho, beterraba e na cana-de-açúcar.

A bioeconomia surgiu na Europa durante a década de 1970 como uma alternativa aos recursos fósseis, como petróleo e carvão, uma saída para produção de bens e produtos com a utilização de mecanismos renováveis.

A OCDE define a bioeconomia como “um mundo onde a biotecnologia contribui com parcela importante da produção econômica. Sua emergência está relacionada a princípios relativos ao desenvolvimento sustentável e sustentabilidade ambiental, envolvendo os elementos: biotecnologia, conhecimento, biomassa renovável e integração entre aplicações”.

Apesar da grande variedade de recursos renováveis no Brasil, o professor de economia da Universidade de Brasília (UnB) Jorge Madeira Nogueira defende que o país precisa desenvolver políticas públicas que possam viabilizar o avanço da bioeconomia.

“Alternativas para investir em pesca na Amazônia, investir em políticas públicas para cooperativas de açaí e ampliar o trabalho da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) na Amazônia”, defende o professor.

No Brasil, a bioeconomia é vista, principalmente na produção extrativista de produtos como cacau, açaí, castanha e borracha na região Norte. A diretora-executiva adjunta do Imaflora e gestora da Rede Origens, Patrícia Gomes, destaca que esse tipo de manufatura precisa ser modernizada e os governos federais e estaduais devem apresentar medidas econômicas mais rentáveis.

“Então, a gente vê na Amazônia um dos exemplos de bioeconomia que é aquele modelo tradicional, um modelo muito de exploração. Você chega, retira o recurso, você não compartilha a riqueza, você sai dali e deixa a pobreza, o desmatamento. A gente tem que compartilhar valor localmente, fazer repartição de benefícios e pensar um negócio que seja ganha ganha. Que seja um bom negócio para as empresas e que seja também um vetor de desenvolvimento sustentável na região”, explica Patrícia Gomes.

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As castanhas brasileiras são importantes na indústria de óleos
Como parte do ciclo da borracha, a técnica utilizada pelos seringueiros no Brasil são essenciais para a produção de luvas e materiais cirúrgicos
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Um dos principais produtos do extrativismo é o cacau, matéria-prima na fabricação do chocolate

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As castanhas brasileiras são importantes na indústria de óleos

Marcelo Camargo/Agência Brasil
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Como parte do ciclo da borracha, a técnica utilizada pelos seringueiros no Brasil são essenciais para a produção de luvas e materiais cirúrgicos

José Cruz /Agência Brasil

A bioeconomia pode ser vista como uma oportunidade para enfrentar adversidades como o aumento da população, maior demanda por alimentos, redução da pobreza, além de contribuir para a mitigação climática.

O professor explica que o governo federal deve, sim, preservar o meio ambiente, mas também trabalhar os recursos das florestas como uma alternativa de trabalho e de economia sustentável.

“Nós temos que olhar para o que a natureza nos oferece e o que vamos exalar, conservando e gerando bens que a sociedade deseja. Se não deixar o ser humano que está na Amazônia crescer na produção não dá para ter desmatamento zero”, declara o professor.

Na Amazônia, a bioeconomia aparece como uma forma de transição para uma economia sustentável e de baixo carbono. Com a utilização de recursos naturais já existentes e sem a necessidade de desmatamento ou exploração de garimpos na região.

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De acordo com a pesquisa do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), mais da metade (51%) do desmatamento do último triênio ocorreu em terras públicas, principalmente (83%) em locais de domínio federal
Dois anos após o Dia do Fogo, as queimadas na região voltaram a quebrar recordes anuais. Em 2020, a Amazônia Legal registrou o maior índice dos últimos nove anos (150.783 focos de fogo), um valor 20% maior que no ano anterior e 18% maior que nos últimos cinco anos
Em 2019, Bolsonaro se envolveu em algumas polêmicas ao ser pressionado sobre as medidas para controlar a situação das queimadas na Amazônia. Na época, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) divulgou que o mês de julho havia registrado aumento de 88% nos incêndios, em comparação com o mesmo período do ano anterior
O presidente da República questionou a veracidade das informações e chegou a afirmar que se o relatório fosse verdadeiro a floresta já estaria extinta. O diretor do instituto, Ricardo Galvão, acabou exonerado por causa da qualidade das informações divulgadas pelo órgão
Bolsonaro chegou a culpar as organizações não governamentais (ONGs) pela situação na floresta. Segundo o presidente, o objetivo era enviar as imagens para o exterior e prejudicar o governo
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A destruição de florestas na Amazônia alcançou um novo e alarmante patamar durante o governo Bolsonaro. O desmatamento no bioma aumentou 56,6% entre agosto de 2018 e julho de 2021, em comparação ao mesmo período de 2016 a 2018

Igo Estrela/Metrópoles
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De acordo com a pesquisa do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), mais da metade (51%) do desmatamento do último triênio ocorreu em terras públicas, principalmente (83%) em locais de domínio federal

Igo Estrela/Metrópoles
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Dois anos após o Dia do Fogo, as queimadas na região voltaram a quebrar recordes anuais. Em 2020, a Amazônia Legal registrou o maior índice dos últimos nove anos (150.783 focos de fogo), um valor 20% maior que no ano anterior e 18% maior que nos últimos cinco anos

Igo Estrela/Metrópoles
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Em 2019, Bolsonaro se envolveu em algumas polêmicas ao ser pressionado sobre as medidas para controlar a situação das queimadas na Amazônia. Na época, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) divulgou que o mês de julho havia registrado aumento de 88% nos incêndios, em comparação com o mesmo período do ano anterior

Fábio Vieira/Metrópoles
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O presidente da República questionou a veracidade das informações e chegou a afirmar que se o relatório fosse verdadeiro a floresta já estaria extinta. O diretor do instituto, Ricardo Galvão, acabou exonerado por causa da qualidade das informações divulgadas pelo órgão

Ricardo Fonseca/ASCOM-MCTIC
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Bolsonaro chegou a culpar as organizações não governamentais (ONGs) pela situação na floresta. Segundo o presidente, o objetivo era enviar as imagens para o exterior e prejudicar o governo

Fábio Vieira/Metrópoles
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Diante da polêmica, o governo lançou edital com o intuito de contratar uma equipe privada para monitorar o desmatamento na Amazônia. O presidente também convocou um gabinete de crise para tratar das queimadas e prometeu tolerância zero com os incêndios florestais

Fotos Igo Estrela/Metrópoles
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Porém, durante os três anos de governo de Jair Bolsonaro, as políticas ambientais foram alvo de críticas devido aos cortes orçamentários, desmonte de políticas de proteção ambiental e enfraquecimento de órgãos ambientais

Reprodução
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Em 2020, na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), o chefe do Executivo voltou a criar polêmicas ao declarar que os incêndios florestais eram atribuídos a "índios e caboclos" e disse que eles aconteceram em áreas já desmatadas. Além disso, Bolsonaro alegou que o Brasil é vítima de desinformação sobre o meio ambiente

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No ano seguinte, Bolsonaro elogiou a legislação ambiental brasileira e o Código Florestal e enalteceu a Amazônia durante a assembleia. Além disso, disse que o futuro do emprego verde estava no Brasil

Agência Brasil
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Em novembro de 2021, o presidente classificou as notícias negativas sobre a Amazônia como “xaropada”. Contudo, de acordo com o Inpe, a área sob risco tem 877 km², um recorde em relação à série histórica

Lourival Sant’Anna/Agência Estado
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Durante um evento de investidores em Dubai, Jair disse que a Amazônia não pega fogo por ser uma floresta úmida e que estava exatamente igual quando foi descoberta, em 1500

Agência Brasil
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Bolsonaro costuma falar com apoiadores no Palácio da Alvorada todos os dias

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Desmatamento na Amazônia

Ernesto Carriço/NurPhoto via Getty Images

 

O mestre em Ecologia e coordenador do Programa de Negócios Florestais da SOS Amazônia, Adeilson Lopes, salienta que o Brasil precisa começar a investir em medidas não predatórias e que degradam o meio ambiente como a produção em larga escala de soja e bovinos. Para ele, é importante que o país financie projetos que garantam uma sobrevivência digna às futuras gerações.

“Se avançarmos para um modelo que além de gerar produtos de maior valor agregado, medicamentos, cosméticos, alimentos saudáveis, ainda gere proteção do nosso clima e das nossas populações tradicionais, que é o que mais necessitamos neste momento”, destaca o pesquisador do SOS Amazônia.

“Se o modelo predatório continuar o que as gerações que nos sucederem irão encontrar será apenas deserto, terra arrasada e maiores dificuldades de sobrevivência digna”, reforça Lopes.

Entre uma das medidas que os governos podem adotar para garantir o desenvolvimento da bioeconomia no país é o investimento nas comunidades tradicionais para construção de fábricas para a produção de produtos de origem renovável.

“Quer dizer, a gente tem que pensar maquinários, equipamentos, que sejam adequados àquela realidade, que a gente consiga agregar valor, que a gente consiga processar. Investir nas cooperativas que estão trabalhando com cacau, com com o cumaru, com uma série de ingredientes. A gente precisa estimular a ter uma política de incentivo ao setor privado também, o setor privado é uma peça chave”, destaca Patrícia Gomes.

Iniciativa

Com incentivo do Fundo Amazônia, o Imaflora desenvolveu o projeto Origens Brasil que tem como objetivo promover negócios de comunidades tradicionais, quilombolas e indígenas que trabalham com a bioeconomia. Com ele o consumidor consegue descobrir toda a cadeia produtiva de seu produto.

Na bioeconomia, é importante que o desenvolvimento dos produtos, tanto de alimentos como medicamentos, tenham uma origem sustentável e que respeitem a floresta. Com isso, projetos como o Origens são capazes de expandir a economia sustentável e de baixo carbono.

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