Em Mariana, 270 desabrigados passam a noite em ginásio e igreja
As buscas pelas pessoas ilhadas pela lama no distrito de Bento Rodrigues, destruído após rompimento de duas barragens de rejeitos de uma mineradora, recomeçaram na manhã desta sexta (6/11)
atualizado
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Dos 600 habitantes de Bento Rodrigues, distrito da cidade Mariana, em Minas, destruído após rompimento de duas barragens de rejeitos de uma mineradora, cerca de 150 tiveram de passar a noite de quinta para sexta-feira na Arena Mariana, no centro do município. As buscas pelas pessoas ilhadas pela lama recomeçaram na manhã desta sexta (6/11).
Desalojados pelo mar de lama que tomou o distrito, os moradores relatam cenas de horror na hora do acidente. “Um caminhão passou buzinando feito louco, avisando que a barragem rompeu. Ele foi parando e gritando: ‘Pula! Pula!’. As pessoas foram se jogando na caçamba, uma sobre as outras”, conta a dona de casa Rosa Helena da Silva, de 46 anos, uma das vítimas abrigadas no ginásio poliesportivo da cidade. “No final, o caminhão nem estava mais parando para o pessoal entrar.”
Segundo Rosa, quando o grupo chegou a Santa Rita, um vilarejo vizinho, cerca de 60 pessoas estavam no caminhão. “Não teve aviso, não teve nada, só esse caminhão que passou buzinando. Muita gente ouviu os gritos do caminhoneiro, mas não entendeu ou não acreditou e ficou”, diz.
A dona de casa relata ter visto crianças vomitando por causa da lama com resíduos da mineradora. “Um homem estava com as duas pernas quebradas”, afirma. Os desabrigados também recebem donativos no ginásio.
Igreja
Ao menos 120 moradores do distrito de Bento Rodrigues passaram a noite na Igreja de Nossa Senhora das Mercês, uma das duas igrejas do vilarejo destruído pela queda da barragem.
Resgatadas por equipes dos Bombeiros e da prefeitura de Mariana, que conseguiu abrir caminho da estrada até a igreja, as pessoas chegaram na Arena Mariana por volta das 8h. Os moradores passaram a noite em claro.
“Meu filho estava de carro e nos levou até a igreja. Não sobrou nada de nossa casa”, conta a dona de casa Dirce Breta Sobrera, de 73 anos. Com um pé enfaixado, ainda atônita, ela diz que não sabe como se machucou. “Foi na correria.”
Moradores das regiões de Paracatu e Paracatu de Baixo também tiveram de deixar as casas, pois havia risco de serem atingidas pela lama de rejeitos.
Resgate
As equipes de resgate continuam trabalhando na busca por vítimas Foram confirmados até o início da manhã desta sexta 17 mortos e 75 feridos.
As barragens romperam por volta das 16h desta quinta-feira (5/11), entre Mariana e Ouro Preto, a 110 km de Belo Horizonte. A lama atingiu rapidamente o distrito de Bento Rodrigues. O Ministério Público Estadual de Minas abriu inquérito para apurar as causas do rompimento das barragens.