Desmatamento no Cerrado cai 16% em janeiro em relação a 2022
Na contramão da tendência, destruição do Cerrado nos estados da Bahia e do Piauí aumentou 88% no período analisado
atualizado
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Os índices de desmatamento no Cerrado registraram queda de 16% em janeiro deste ano em comparação com o mesmo período de 2022, quando 55 mil hectares foram devastados. Segundo dados divulgados nesta quarta-feira (15/3) pelo SAD Cerrado, o bioma teve 46 mil hectares derrubados no primeiro mês de 2023.
O monitoramento, realizado por meio de imagens de satélite e com o auxílio de inteligência artificial, aponta ainda que o total da área devastada este ano é 24% menor em comparação a 2021, quando 60 mil hectares foram derrubados.
Veja o gráfico:
O SAD Cerrado (Sistema de Alerta de Desmatamento do Cerrado) é uma ferramenta de monitoramento do desmatamento do bioma desenvolvida pelo Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM), em parceria com a rede MapBiomas e com a Universidade Federal de Goiás (UFG).
Aumento regional
Apesar da redução em números totais, o desmatamento nos estados da Bahia e do Piauí aumentou 88% no período analisado.
No Piauí, o bioma teve 9,5 mil hectares desmatados, um aumento de 120% em relação ao mesmo período do ano passado, quando 4,3 mil hectares foram derrubados. Já na Bahia, o aumento foi de 64%, totalizando 9,3 mil hectares desmatados contra 5,6 mil hectares no ano anterior.
O monitoramento aponta ainda que, dos dez municípios que mais desmataram o Cerrado em janeiro, seis estão localizados no oeste baiano, região de agricultura consolidada. Juntos, os municípios de Jaborandi, São Desidério, Cocos, Correntina, Baianópolis e Santa Rita de Cássia desmataram 7,6 mil hectares, 82% de todo o desmatamento ocorrido no cerrado baiano e 16% de todo o desmatamento no bioma.
Segundo a pesquisadora do IPAM que atua no monitoramento do Cerrado, Fernanda Ribeiro, a divergência das tendências de desmatamento entre o bioma Cerrado e as regiões da Bahia e Piauí chamam a atenção.
“Observamos grandes áreas sendo abertas no oeste da Bahia que, por ser uma região de agricultura já consolidada, os fragmentos remanescentes de vegetação nativa são cruciais para segurança hídrica e alimentar da região. Além de serem importantes para manutenção da biodiversidade e conectividade entre áreas protegidas”, frisa a especialista.
Bioma em risco
A coordenadora do MapBiomas, Julia Shimbo, destaca que o “desmatamento do Cerrado põe em risco a segurança hídrica, energética, climática e alimentar brasileira”.
“As demandas do mercado internacional por uma agricultura sustentável, juntamente com a implementação de novas políticas públicas voltadas para conservação dos remanescentes de vegetação nativa em áreas privadas são essenciais para o sucesso do combate ao desmatamento no bioma”, reforça.
No ano passado, o desmatamento do bioma teve um aumento de 20% em comparação com 2021, quando 691.296 hectares foram derrubados. Ao todo, 815.532 hectares de área do cerrado foram devastados no ano passado.