Desmatamento da Amazônia: 47% dos brasileiros culpam grileiros
Levantamento mostra ainda que há confiança em ONGs ambientais, povos indígenas e comunidades tradicionais na proteção da região
atualizado
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Pesquisa realizada pela Inteligência em Pesquisa e Consultoria (Ipec), a pedido do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), mostra que 47% dos brasileiros acham que os grileiros são os maiores responsáveis pelo desmatamento e pelas queimadas na Amazônia. Em segundo lugar, com 38%, estão as empresas que atuam na região. Depois, aparecem os produtores rurais (25%), o governo federal (21%) e a própria população (20%). Os entrevistados puderam apontar mais de uma opção.
Participaram do levantamento 2 mil pessoas, de forma on-line. A população também não acredita que o Estado cumpre seu papel no controle do desmatamento: 47% dos entrevistados dizem que o governo federal não cumpre; 38%, que cumpre em parte; e só 6% afirmam que cumpre totalmente. Entre os participantes, apenas 13% confiam no governo para conservar a Região Amazônica. Ao contrário do que diz o presidente Jair Bolsonaro, há mais confiança nas organizações ambientais (32%) e nos povos indígenas e comunidades tradicionais (29%).
Para 68% dos participantes, medidas de fiscalização e a aplicação de multas são essenciais para conter queimadas nos próximos meses. Apesar disso, o Ibama reduziu em 42% a aplicação de multas por violação da flora amazônica (que incluem desmatamento) entre agosto e julho de 2020, em comparação com os 12 meses anteriores, segundo o Observatório do Clima.
Também foram apontadas como medidas importantes para conter o desmatamento: participação mais efetiva da população (38%), comprometimento das empresas em adotar políticas de desenvolvimento sustentável (38%), investimento em pesquisa (38%), regularização de terras (38%), incentivo a práticas agrícolas sustentáveis (32%), ações, medidas e projetos realizados em colaboração com ONGs (32%).
“A percepção dos brasileiros captada pela pesquisa é fidedigna à realidade. O papel preponderante do governo federal no controle do desmatamento e das queimadas da Amazônia é inequívoca, mas temos visto uma desestruturação das políticas ambientais e o enfraquecimento de órgãos de fiscalização”, afirma o diretor de políticas públicas e desenvolvimento territorial do Ipam, Eugênio Pantoja.
Ainda de acordo com o levantamento, 89% dos entrevistados acreditam que a conservação ou a degradação da Amazônia influenciam no clima do planeta, e 93% concordam que conservar a região é essencial para o Brasil ser reconhecido mundialmente pela sua contribuição no combate às mudanças climáticas. A mesma porcentagem diz que a Amazônia é essencial para a qualidade de vida do ser humano.